São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2005

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TÊNIS

Garotas superpoderosas

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Nayara de Moraes, 12 anos, Fernanda Faria, Nicole Herzog, Gabriela Veiga, 14, e Paula Gonçalves, 15, são garotas especiais. Jogam tênis desde que eram pequenas, têm bastante habilidade com a raquete e sonham em chegar lá.
Isso, claro, não as diferencia de muitas outras milhares de garotas país afora. Só que Nayara, Fernanda, Nicole, Gabriela e Paula acabam de dar um passo a mais: estão, há semanas, "confinadas" em um centro de treinamento, dedicando-se quase que exclusivamente ao tênis.
Poderiam estar no conforto de suas casas, em Uberlândia, Campinas ou Marília, sei lá, mimadas pelos pais, bajuladas pelos treinadores, protegidas pelos amigos e entretidas com os namorados. Mas estão sob a tutela do ex-tenista Carlos Alberto Kirmayr em Serra Negra, interior paulista.
Não raro, elas se vêem pegas com a necessidade de lavar e secar a própria roupa suja, preparar refeição consistente para não passar fome na escola, conciliar a vontade das festas com a obrigação dos treinos e lidar com as próprias angústias. As meninas estão em uma cidade nova, com uma rotina física intensa, longe de casa e de tudo o que, nessa idade, parece ser divertido.
Pode ser que nenhuma delas vire uma top ten (ou top 100). Mas há quanto tempo o país não tem ninguém na elite? Além do mais, serão garotas mais especiais ainda. Por causa do tênis, terão uma experiência única na vida.
 
Por trás desse projeto, nenhum aventureiro. Kirmayr, além de um dos melhores tenistas da história do país, treinou Gabriela Sabatini, Arantxa Sánchez e Conchita Martínez. Está, sorte nossa, recuperado do infarto. Com ele, Cecília Yoshizawa, que atuou na construção de carreiras como as de Robert Scheidt e Lars Grael.
O projeto, chamado "Lob Feminino", nasceu em 2002 e agora cresce com a idéia de promover, desenvolver e incentivar o tênis de alto rendimento. Não, não se baseia em pura ação de marketing, nem em assessoria de imprensa (coisa que não tem). Alia pesquisa mercadológica, usa ferramentas científico-esportivas, resultados médicos e a experiência de gente que sempre esteve metida com o esporte de alto nível.
A turma pesquisou mais de mil tenistas para saber como cresceram, de onde vieram, como financiaram as carreiras, quando subiram no ranking, como se mantiveram lá... Entrevistou pais, levantou premiações, cruzou idade com pontos no ranking, projetou cenários, calculou tempo de retorno, assinou contratos, investiu tempo e dinheiro.
Para escolher as meninas, usou critérios técnicos, físicos e psicológicos. O histórico familiar foi outro ponto importante. Além das cinco já citadas, o projeto adotou Isabela Miró Campos, 13, Carolina de Luca, 15, Fabiana Chiaparini, Marina de Luca e Taynara de Moraes, 16 -estas ainda não estão em Serra Negra.
Esse é o tipo de projeto que a gente fica na expectativa de ver resultado rapidamente, sem perceber que ele próprio já se dá resultado, diariamente.

Em Cincinnati
Com o quinto Masters Series, a pergunta é: Federer será o primeiro da história a ganhar os nove?

No Equador
Thiago Alves ganhou o Challenger de Manta e já é o 170º do ranking.
Em Goiás e no Rio Grande do Sul Alexandre Simoni ficou com o título do Future de Rio Quente. Nesta semana, Canela recebe outro Future.

Em Brasília
A quarta etapa da Credicard MasterCard Junior's Cup está rolando na Academia Vila do Tênis & Squash, com 180 infanto-juvenis.

E-mail reandaku@uol.com.br


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