MARCELO DIEGO
ENVIADO ESPECIAL A SYDNEY

A corredora francesa Marie-José Perec disse que sofreu uma tentativa de agressão no hotel em que estava hospedada (Grand Mercure). Alguém teria forçado a porta do seu quarto, com gritos ameaçadores. Em pânico, resolveu jogar a Olimpíada para o alto e deixou Sydney.
Anteontem, a polícia veio com uma informação prosaica: câmeras de segurança, ligadas 24 horas nos corredores do hotel, não registraram nada de anormal na porta do quarto de Perec. Não houve a tal tentativa de agressão.
As câmeras de vigilância são uma obsessão da polícia de Sydney. Estão por toda a parte. Na Vila Olímpica (onde os atletas estão hospedados), nas sedes de eventos (filmando torcedores), nas filas das lanchonetes e dentro dos ônibus.
É lógico que elas estão disfarçadas. Voluntários do Socog (Comitê Organizador) vestem um broche escrito "Sorria. Você está em Sydney". Mede menos do que 5 cm. Na verdade, é uma minicâmera, cuja imagem é transmitida à central de segurança.
Dentro da Vila, as pequenas câmeras foram disfarçadas e colocadas em objetos como vasos, espelhos e armários.
O Socog não confirma, mas também não nega a existência do aparato. Diz que não pode revelar nenhuma medida de segurança, para não furar o esquema.
Coube a uma ONG (Organização Não-Governamental) protetora dos direitos civis denunciar o que considera um "abuso à privacidade alheia". Com a ajuda de um dos voluntários, denunciou todo o esquema. E promete dizer, nesta semana, onde estão as câmeras, uma por uma.

EM FOCO
Um atleta de 23 anos da delegação de Uganda foi acusado de ter estuprado uma moça de 17, na Vila. Por "coincidência", as imagens teriam sido gravadas.



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