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FUTEBOL
Maldades e milhões no "novo" Maracanã
MÁRIO MAGALHÃES
COLUNISTA DA FOLHA
Não são poucas as maldades
que alvejam a governadora
do Rio, Rosinha Matheus, a Rosinha Garotinho graças ao apelido
emprestado pelo marido. Que por
sua vez o tomou do locutor de futebol José Carlos Araújo. Precursor, o Garotinho original, Araújo
foi à Justiça para defender sua
identidade de radialista. Hoje usa
o epíteto "O verdadeiro Garotinho".
Tanta maldade com Rosinha
talvez tenha a ver com sua origem, a doce Campos, só por ser a
cidade de Eduardo Viana, o presidente da Federação de Futebol
do Rio. A governadora, porém,
nunca freqüentou o mesmo culto
do professor de sociologia Caixa
D'Água.
Só com muita maldade para
não entender o que ela quis dizer
ao anunciar que a reforma do
Maracanã o fará, novamente, o
maior do mundo. Quanta implicância, comparar os 90 mil assentos futuros com arenas que estão
milhares de cadeiras à frente. Pelo que entendi, não há no planeta
estádio com histórias tão cabulosas como as do Maracanã. As
maiores do mundo.
Veja-se o novo capítulo das reformas infindáveis. O repórter
Sérgio Rangel fez as contas. No
primeiro ano do governo de Anthony Garotinho, 1999, o investimento anunciado foi de R$ 52 milhões. Pagaram mudanças cosméticas. Inexiste segurança e conforto. Agora, na gestão Rosinha,
serão mais R$ 67 milhões para o
complexo (estádio, ginásio e parque aquático).
No total, dois terços do custo estimado da construção do Estádio
Olímpico do Pan-2007. Ou seja:
mais de R$ 100 milhões na "modernização" que dificilmente vai
tirar do Maracanã sua condição
de espaço obsoleto, mesmo se
comparado a congêneres nem tão
jovens assim.
Em vez de tocar uma reforma
por inteiro, mantendo estrutura e
design, como há pouco se fez no
velho Estádio Olímpico de Berlim,
vai-se de reforma em reforma, de
milhões em milhões. Há menos de
três anos inaugurou-se o museu
do Maracanã. Está fechado. Saiu
por R$ 4 milhões.
Nem o caderno de encargos da
Fifa, estipulando normas para
partidas de Copa e eliminatórias,
o Estado considerou no novo projeto, como revelou o repórter Rodrigo Mattos. Puseram a culpa na
CBF, que não teria enviado o caderno. Como se o Estado, coitadinho, não pudesse buscar.
A geral, cuja sobrevivência era
expressão de apartheid social, será substituída por uma área onde
os ingressos devem ser dos mais
caros. Os pobres ficarão de fora. É
o mesmo raciocínio que fixa em
R$ 80 a arquibancada do jogo da
seleção em Maceió. Festa para
usineiros e apaniguados e toda a
elite predadora alagoana.
Em 1999, o atual secretário de
Esportes do Rio repassou sem licitação a exploração das placas publicitárias do Maracanã. Quando
noticiou-se o deslize, ele voltou
atrás, e a arrecadação aumentou
67%. Um antecessor fez a mesma
coisa: driblou a licitação. Logo a
Justiça suspendeu a concessão camarada. Ignora-se a próxima jogada.
Santos garfado
A seqüência de erros de arbitragem contra o Santos testa o
bom senso de quem insiste em
duvidar de complô. A anulação
do gol de Deivid foi uma vergonha, no belo jogo de Volta Redonda em que a pusilanimidade do Flamengo no segundo
tempo custou-lhe a vitória. Especulação sobre os falsos impedimentos: o time de Robinho
toca tão rápido a bola que os
auxiliares não conseguem
acompanhar. Outra: haveria
orientação para, na dúvida,
marcar contra o Santos. A inépcia dos bandeiras parece -repito: parece- a mais provável.
Listão do Parreira
Robinho merecia o lugar de
Luis Fabiano. Roger, o de Edu.
Rogério Ceni pode esquecer.
Salve a volta dos "punidos".
E-mail
mario.magalhaes@uol.com.br
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