São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2004

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FUTEBOL

Maldades e milhões no "novo" Maracanã

MÁRIO MAGALHÃES
COLUNISTA DA FOLHA

Não são poucas as maldades que alvejam a governadora do Rio, Rosinha Matheus, a Rosinha Garotinho graças ao apelido emprestado pelo marido. Que por sua vez o tomou do locutor de futebol José Carlos Araújo. Precursor, o Garotinho original, Araújo foi à Justiça para defender sua identidade de radialista. Hoje usa o epíteto "O verdadeiro Garotinho".
Tanta maldade com Rosinha talvez tenha a ver com sua origem, a doce Campos, só por ser a cidade de Eduardo Viana, o presidente da Federação de Futebol do Rio. A governadora, porém, nunca freqüentou o mesmo culto do professor de sociologia Caixa D'Água.
Só com muita maldade para não entender o que ela quis dizer ao anunciar que a reforma do Maracanã o fará, novamente, o maior do mundo. Quanta implicância, comparar os 90 mil assentos futuros com arenas que estão milhares de cadeiras à frente. Pelo que entendi, não há no planeta estádio com histórias tão cabulosas como as do Maracanã. As maiores do mundo.
Veja-se o novo capítulo das reformas infindáveis. O repórter Sérgio Rangel fez as contas. No primeiro ano do governo de Anthony Garotinho, 1999, o investimento anunciado foi de R$ 52 milhões. Pagaram mudanças cosméticas. Inexiste segurança e conforto. Agora, na gestão Rosinha, serão mais R$ 67 milhões para o complexo (estádio, ginásio e parque aquático).
No total, dois terços do custo estimado da construção do Estádio Olímpico do Pan-2007. Ou seja: mais de R$ 100 milhões na "modernização" que dificilmente vai tirar do Maracanã sua condição de espaço obsoleto, mesmo se comparado a congêneres nem tão jovens assim.
Em vez de tocar uma reforma por inteiro, mantendo estrutura e design, como há pouco se fez no velho Estádio Olímpico de Berlim, vai-se de reforma em reforma, de milhões em milhões. Há menos de três anos inaugurou-se o museu do Maracanã. Está fechado. Saiu por R$ 4 milhões.
Nem o caderno de encargos da Fifa, estipulando normas para partidas de Copa e eliminatórias, o Estado considerou no novo projeto, como revelou o repórter Rodrigo Mattos. Puseram a culpa na CBF, que não teria enviado o caderno. Como se o Estado, coitadinho, não pudesse buscar.
A geral, cuja sobrevivência era expressão de apartheid social, será substituída por uma área onde os ingressos devem ser dos mais caros. Os pobres ficarão de fora. É o mesmo raciocínio que fixa em R$ 80 a arquibancada do jogo da seleção em Maceió. Festa para usineiros e apaniguados e toda a elite predadora alagoana.
Em 1999, o atual secretário de Esportes do Rio repassou sem licitação a exploração das placas publicitárias do Maracanã. Quando noticiou-se o deslize, ele voltou atrás, e a arrecadação aumentou 67%. Um antecessor fez a mesma coisa: driblou a licitação. Logo a Justiça suspendeu a concessão camarada. Ignora-se a próxima jogada.

Santos garfado
A seqüência de erros de arbitragem contra o Santos testa o bom senso de quem insiste em duvidar de complô. A anulação do gol de Deivid foi uma vergonha, no belo jogo de Volta Redonda em que a pusilanimidade do Flamengo no segundo tempo custou-lhe a vitória. Especulação sobre os falsos impedimentos: o time de Robinho toca tão rápido a bola que os auxiliares não conseguem acompanhar. Outra: haveria orientação para, na dúvida, marcar contra o Santos. A inépcia dos bandeiras parece -repito: parece- a mais provável.

Listão do Parreira
Robinho merecia o lugar de Luis Fabiano. Roger, o de Edu. Rogério Ceni pode esquecer. Salve a volta dos "punidos".

E-mail
mario.magalhaes@uol.com.br

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