São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VÔLEI

Novo pacto

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Em novembro, quando a seleção brasileira masculina se reunir para a Copa dos Campeões, o técnico Bernardinho vai colocar um assunto importante em pauta. Ele vai propor aos jogadores um novo pacto de dedicação absoluta para este ciclo olímpico, que termina em 2008.
O próprio Bernardinho admite que a missão não é fácil: "Não é simples chegar a um campeão olímpico e falar que ele tem que se dedicar mais ainda". E esse "se dedicar mais ainda" significa também grandes sacrifícios como novos períodos longe da família, pressões, dores e cansaço.
Uma alternativa, que poderia ser avaliada pela comissão técnica, seria selecionar mais os torneios para não desgastar os jogadores mais experientes. O Brasil poderia mandar a equipe principal só nos principais campeonatos como Liga Mundial, Pan-americano, Mundial e Olimpíada. Nos outros, iria um time "B".
A seleção, com a mais vitoriosa campanha da história do vôlei brasileiro, caminha para igualar a façanha dos Estados Unidos nos anos 80. Até agora, a seleção americana é a única que em um período de quatro anos (1984 a 1988) ganhou dois títulos olímpicos consecutivos e um mundial.
Vale lembrar que naquele período de ouro dos Estados Unidos houve mudança no comando da comissão técnica. Na conquista da medalha de ouro nos Jogos de Los Angeles, em 84, o técnico era Doug Beal. Quando o time foi campeão mundial, em 86, e bicampeão olímpico, em 88, já era Marv Dunphy.
Na era Bernardinho, o Brasil é soberano: é o atual campeão olímpico e mundial.
Mas o técnico diz que o maior desafio vem agora e coloca algumas questões: como é seguir após tantos títulos? Como é continuar motivando o grupo depois de tantas conquistas?
O certo é que todas as seleções estão acelerando para derrubar a hegemonia brasileira. A Itália, campeã européia, e os EUA, campeões da América do Norte e Central, cresceram nesta temporada. Exigente, Bernardinho diz que o Brasil, campeão da Liga Mundial em julho, não evoluiu neste ano.
A maior dificuldade do time é preencher a lacuna deixada por Nalbert e Giovane, dois ponteiros que também participavam da recepção do saque.
Os titulares agora são Giba e Dante, mas faltam dois reservas com o nível técnico próximo ao dos dois para o Brasil voltar a ter um time com 12 titulares.
Roberto Minuzzi era o grande candidato, mas está se recuperando de uma cirurgia de um aneurisma na artéria aorta.
As outras opções já testadas são Murilo, que precisa evoluir no ataque, João Paulo e Samuel, que apresentam dificuldades no passe, e Felipe Chupita, que atua no Modena, na Itália.
Essa posição também é a preocupação maior de Bernardinho para a Copa dos Campeões, que começa dia 22 de novembro, no Japão. Dante sofreu uma contusão no ombro e possivelmente não vai disputar o torneio. Ou seja, o Brasil terá grandes problemas na recepção e no ataque de ponta.

Conquistas no livro
O técnico Bernardinho, com o apoio de uma equipe, está finalizando um livro, que deverá ser lançado em março de 2006. Ele vai relatar todo o seu período no vôlei, com destaque para os últimos cinco anos no comando da seleção masculina. O nome do livro ainda é segredo.

Chaves do Mundial
A Federação Internacional de Vôlei divulgou uma prévia da tabela do Mundial do Japão, em 2006. As 12 melhores equipes, segundo o ranking mundial, foram divididas em quatro chaves. O sorteio final, com as outras 12 seleções classificadas, será no dia 29. No feminino, o Brasil caiu no grupo C, ao lado de Estados Unidos e Holanda. A chave mais forte é a B, que tem Rússia, China e Alemanha. No masculino, a seleção brasileira está no grupo B, com França e Grécia.

E-mail cidasan@uol.com.br


Texto Anterior: Pan-Americano: Por paz nos Jogos, comunidades carentes tomam dianteira de Lula
Próximo Texto: Panorâmica - Tênis: Nadal conquista Masters Series de Madri
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.