São Paulo, quarta-feira, 24 de outubro de 2007

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Perto do topo, Palmeiras refaz o roteiro de 2004

Para ser o segundo melhor time do país, clube "imita" a receita de três anos atrás

Ainda sob a gestão Mustafá, diretoria apostou em elenco barato e bancou treinador inexperiente; modelo 2007 repete os mesmos passos

Eduardo Viana/Lancepress
O volante Martinez, que teve fratura na face em partida no fim do mês passado, treina na Academia de Futebol, o CT palmeirense


RENAN CACIOLI
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ser o segundo melhor time do país. Três anos depois, o Palmeiras finalmente volta a sentir o gosto de estar próximo do topo. Coincidentemente, muito do que aconteceu no clube em 2004 se repete em 2007. Para o bem e para o mal.
No Brasileiro de 2004, disputado por 24 equipes, o time acabou na quarta colocação. O Palmeiras freqüentou o grupo classificatório à Taça Libertadores em 20 rodadas. Chegou, inclusive, a liderar a competição em cinco oportunidades.
Neste ano, com 20 clubes na Série A, já são dez rodadas no G4. O time tem 54 pontos, 13 a menos que o São Paulo.
De lá pra cá, o comando do clube mudou. Após 12 anos, Mustafá Contursi deu lugar a Affonso della Monica, seu candidato à sucessão na época, e presidente desde 2005. O grupo rachou. Mesmo assim, a atual diretoria adotou postura semelhante à anterior na gerência do futebol do clube.
Há três anos, os cartolas apostaram no "bom e barato" para formar o elenco que disputaria o Nacional. Sem grandes estrelas, o time-base tinha Sérgio; Nen, Daniel e Gabriel; Baiano, Marcinho Guerreiro, Magrão, Correa e Lúcio; Pedrinho e Ricardinho. A liderança do grupo coube a Estevam Soares, técnico cujo principal trabalho havia sido na Ponte Preta, quando levou a equipe campineira às quartas-de-final do Paulista. O técnico passou o Brasileiro entre o fogo cruzado de membros da diretoria que desejavam sua saída e a obrigação de classificar o time para a Libertadores do ano seguinte como forma de manter o cargo.
O atual Palmeiras também foi formado sem atletas renomados. O meia chileno Valdivia só se transformou em ídolo depois que chegou ao clube. Até então, era uma incógnita.
Assim como Magrão, em 2004, um dos destaques do elenco presente é um volante, Pierre, o segundo melhor passador do campeonato.
No banco, Caio Júnior vive roteiro semelhante ao de Estevam Soares: o de treinador novato que pega um time reformulado e joga sob pressão.
Bancado pelo trabalho feito no Paraná em 2006, quando classificou o time à Libertadores, o técnico não é unanimidade entre os dirigentes e segue sob observação. Uma vaga na competição continental de 2008 é, a exemplo de 2004, o passaporte (quase) certo para sua permanência no clube.
Para chegar ao segundo lugar na tabela do Brasileiro, o Palmeiras de 2007 deposita suas esperanças no setor defensivo, que sofreu 36 gols em 32 partidas (média de 1,13). A versão 2004 da equipe fez o mesmo e fechou o campeonato com média de 1,02 gol contra.
"Tem essas coincidências entre os dois times. Acho que neste ano conseguimos formar uma base boa", analisa o zagueiro Nen, hoje na reserva e titular na equipe de 2004.
A lista de coincidências passa, também, pela "zica" no departamento médico do clube.
Em 2004, o goleiro Marcos estava tão quebrado quanto hoje em dia. Lesionou-se em maio e ficou o ano todo sem jogar devido às contusões no polegar e no punho. Neste ano, porém, foi o antebraço que o afastou do restante da temporada.
Há três anos, o atacante Osmar ficou um mês parado por causa de uma contusão no joelho esquerdo. Em 2007, ele rompeu o ligamento anterior cruzado do mesmo joelho.


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