São Paulo, Quarta-feira, 24 de Novembro de 1999


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As tensões da superquarta

JOSÉ ROBERTO TORERO
da Equipe de Articulistas

Seis torcidas de quatro cidades estarão vivendo momentos de aflição na rodada de hoje, que define os semifinalistas do Campeonato Brasileiro.
Quatro dessas torcidas já tiveram o gosto de ver seus times conquistando o título nacional, uma amargou um vice e a outra não foi campeã de nada, nem quando a equipe subiu da Série B.
Qual a importância disso? Nenhuma, pois se é verdade que a primeira vez a gente nunca esquece, também é verdade que ganhar nunca é demais.
Excetuando-se a risonha galera do Atlético-MG -que está andando nas nuvens e dando bom-dia para cavalo- todas as outras se preparam para noventa minutos com diferentes tipos de tensão.
A tensão da torcida corintiana, por exemplo, será a mesma de um rico no banco dos réus.
Perder de dois a zero, tendo o time que tem, é quase uma possibilidade retórica.
Também não creio que deva ser muito grande a preocupação dos bugrinos. No fundo a maioria sabe que seu time fica por aqui. Isso não é desonra -só o salário de Rincón deve corresponder a toda a folha de pagamento do clube.
O importante é manter o técnico, o atual elenco e, com entrosamento, entrar arrebentando no Paulista, no ano que vem.
Tensão controlada deve ser a dos vascaínos. A equipe é forte, contará com a volta de Edmundo e joga em casa com o apoio da camisa 12, a torcida, e da 13, o Eurico Miranda.
Como basta a vitória simples, acho que, atrás da hipócrita cautela, todos estarão mesmo é muito confiantes.
A coisa começa a esquentar quando pensamos na torcida do Vitória. O time, mesmo tecnicamente inferior, já conseguiu um lindo 5 a 4 e um suado empate.
Nessas horas, o coração começa a bater forte e os sonhos inevitavelmente vêm. Se tudo der certo, será um gol de placa do treinador da equipe baiana, Toninho Cerezo, que, jogando, era mais dado aos gols de canela.
Jogo de tensão máxima será o do Moisés Lucarelli (aliás, que campinho de várzea, hein?) entre São Paulo e Ponte Preta. Até agora, dois jogos, três viradas de vantagem. Alguém se arrisca a fazer previsão? Nem Mãe Dinah.
No domingo, os dois times jogaram com aplicação, velocidade e uma raça vizinha da rispidez.
A Ponte Preta mostra mais força e volume de jogo. Já o São Paulo tem mais talento.
Se o tricolor vier armado menos timidamente, tem condições de reverter o resultado.
Uma curiosidade: caso os últimos três classificados para a próxima fase sejam Corinthians, Ponte e Vasco, teremos as semifinais e a final inteiramente alvinegras. Se não me engano, desde a decisão verde de 1978, entre Palmeiras e Guarani, que tal monocromatismo não acontecia.

Quando um craque deixa de atuar por uma equipe, os outros jogadores, principalmente os cabeças-de-bagre, sentem uma grande saudade. Eles olham para o lado e não vêem mais aquele que lhes apontavam as brechas na defesa adversária. É o que sinto com a saída do Juca. Boa sorte no novo time!

E, falando em perdas, o Jabaquara perdeu seu mais ilustre torcedor, Plínio Marcos. Uma grande desfalque para o time santista e para a seleção nacional de dramaturgos, onde havia muito tempo ele usava a camisa 10.


José Roberto Torero escreve às quartas-feiras
E-mail torero@uol.com.br


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