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TOSTÃO
Decisão
O Cruzeiro tinha a melhor
equipe, campanha, jogadores,
mas na hora de decidir, o Galo
cantou mais alto.
O time de Levir Culpi não pode reclamar do juiz nem do regulamento. O clube concordou
e agora não adianta chorar. Se
quiser ter mais chances no próximo ano, precisa apoiar o
campeonato de pontos corridos, melhorar sua defesa e deixar a prepotência de lado.
A diretoria menosprezou o
Atlético-MG e mesmo assim não perdeu a soberba. O
presidente Perrella
disse que somente
quatro técnicos,
além do Levir Culpi, têm condições de
dirigir o Cruzeiro:
Paulo Autuori, Luxemburgo, Candinho e Luiz Felipe.
O Galo brilhou,
jogou com humildade e no contra-ataque, reconhecendo a superioridade individual do rival. A massa atleticana está eufórica, e o time passa a ser candidato ao título, mesmo sem a
vantagem nos próximos jogos.
O Corinthians está praticamente classificado e continua
sendo o principal favorito ao título. No entanto, se bobear
dança. Oswaldo de Oliveira, ao
contrário de Levir Culpi, reconheceu os pontos fracos de sua
defesa e não corre riscos. O time não tomou nenhum gol nos
dois últimos jogos, enquanto o
Cruzeiro levou sete do Galo.
O Vasco percebeu que não
ganha em São Januário quando quer. Terá que jogar muito
contra o jovem e talentoso Vitória. Se o time tivesse perdido,
com o Viola desperdiçando
gols e pênalti, Eurico Miranda
não seria mais unanimidade
na torcida, por causa da suspensão de Edmundo. Será que
a provável contratação do Romário
não perturbou Viola?
A Macaca está
com tudo e não está
prosa, depois de
vencer domingo. O
time de Campinas é
bom, merece elogios
pela campanha,
mas não se pode jogar partidas decisivas num péssimo gramado.
Vasco, Ponte Preta e Corinthians são, hoje, os mais cotados nas apostas para fazer
companhia ao Galo, nas semifinais. Na verdade, só o Corinthians é o grande favorito.
Além disto, estatisticamente
em três jogos, a chance de
acontecer pelo menos uma surpresa é grande. O imprevisível
também faz parte de um raciocínio lógico. Ele é tão forte e frequente quanto a razão.
Erro e acerto
Nestes dois jogos entre Cruzeiro e Atlético-MG, merecidamente ganhos pelo Galo, constataram-se erros e acertos comuns em todas as equipes.
Quando um time atua ofensivamente, fazendo marcação
por pressão no campo do adversário, é necessário ter sempre três defensores (um na sobra) para marcar dois atacantes. Podem ser dois zagueiros e
um lateral (fixo ou alternado),
um volante mais recuado e
dois zagueiros ou três verdadeiros zagueiros. O Cruzeiro
jogou no ataque, liberou seus
laterais e armadores para o
apoio e deixou, erradamente,
sua frágil zaga sem cobertura
contra os dois atacantes.
Quando uma equipe atua
mais recuada e usando o contra-ataque, é melhor jogar no
tradicional sistema com quatro defensores (dois zagueiros e
dois laterais). Não há necessidade de ter um jogador na cobertura, já que os defensores
estão próximos do goleiro. Se
houver um lançamento nas
costas dos zagueiros, o goleiro
chega primeiro que o atacante.
Foi o que o Galo fez, acertadamente, contra o Cruzeiro.
Sei que depois do jogo é mais
fácil explicar as derrotas e vitórias. É uma das vantagens que
o comentarista tem sobre o técnico. A outra, é ver o jogo de cima, ou acompanhando os detalhes pela tevê, ao contrário
do treinador, que somente enxerga pernas e ouve os gritos
da torcida. A maior vantagem
é a de não ser chamado de burro. A grande desvantagem é
ganhar muito menos.
Indignação
Os telefones em Minas Gerais, como em todo Brasil, não
param de dar problemas depois da privatização do setor.
Meu telefone ficou estragado
de sexta à noite até a segunda-feira. Imediatamente, comuniquei o fato à operadora Telemar, mas o problema só foi solucionado na segunda-feira.
Talvez, se dissesse que era o
Tostão, aquele que foi campeão do mundo ao lado do Pelé, o telefone teria sido consertado mais rápido. No Brasil,
infelizmente, tudo funciona
desta maneira.
Se o problema acontecesse
durante a semana eu estaria
perdido, pois não teria condições de enviar minha coluna
para os jornais. Pior é que nenhum celular funcionava. Fiquei ilhado, imaginando qual
seria a relação entre o celular e
o telefone fixo. Acabei aceitando (desconfiado) as explicações
de que era coincidência.
Passei um fim-de-semana
tenso e indignado. Aliás, estou
indignado com tudo de ruim
que acontece nos bastidores do
futebol e na vida brasileira.
Mudei para os arredores da
cidade, para uma casa colonial, com muito verde, flores
na janela e sonhei que estava
na Suíça. Acordei no Brasil,
onde os cidadãos não são respeitados, as coisas públicas não
funcionam, a violência e a corrupção não param de aumentar e não diminui a endêmica
miséria.
Tostão escreve às quartas-feiras e aos
domingos
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