São Paulo, Quarta-feira, 24 de Novembro de 1999


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FUTEBOL
Dirigentes de Botafogo-SP, Paraná, Juventude e Gama se reúnem e devem anunciar ação conjunta
Pequenos organizam ataque à CBF

MARCELO DAMATO
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
da Reportagem Local

Marginalizados pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol), que já manifestou o desejo de vê-los rebaixados à Série B no ano que vem sem querer examinar seus argumentos, os clubes ""nanicos" da Série A começaram ontem a articular uma reação.
Convocados pelo presidente do Botafogo-SP, Ricardo Christiano Ribeiro, representantes do Gama, do Juventude e do Paraná se reuniram ontem em um hotel de São Paulo, no início da noite, para estabelecer uma série de estratégias comuns visando resistir à ação conjunta dos grandes clubes.
Até o fechamento desta edição, nenhum dos participantes contactados pela Folha quis revelar o que já havia sido decidido, alegando que a reunião ainda não havia terminado.
Mas a Folha apurou que os demais clubes, a exemplo do Gama, deverão entrar na Justiça por meio de ações civis públicas encabeçados por terceiros, a fim de tentar permanecer na primeira divisão no ano que vem.
A CBF tenta a qualquer preço manter em 20 o número de times para o campeonato do ano que vem porque esse item consta do contrato de TV assinado com as emissoras Globo e Bandeirantes.
A multa para a quebra dessa cláusula, ou de qualquer outra, é de US$ 50 milhões (cerca de R$ 100 milhões), mais do que o valor total pago pelas TVs por ano de contrato -inicialmente assinado para o triênio 97-99, mas já prorrogado por dois anos e em negociação para os três seguintes.
Flávio Raupp, diretor de marketing do Gama, disse que ficou especialmente irritado ao conhecer uma declaração atribuída a Eurico Miranda sobre o assunto: ""O meu critério de rebaixamento é o seguinte: cai quem eu quero e não cai quem eu não quero", teria dito o dirigente vascaíno.
""Ele não pode dizer uma coisa dessas e ficar impune. Quem ele pensa que é? Ele vai se arrepender", desabafou Raupp.

Divisor
O julgamento do caso do Gama hoje, no STJ (Superior Tribunal de Justiça) poderá ser um divisor de águas na luta dos pequenos contra o rebaixamento.
Se o time do Distrito Federal obtiver êxito com sua ação, encabeçada pelo PFL e baseada no Código de Defesa do Consumidor, o caminho estará aberto para uma "virada de mesa" que poderá incluir mais times além dos que já foram rebaixados neste ano.
A vitória do Gama também deverá provocar o surgimento de ações por parte de torcedores que consumiram qualquer tipo de produto ligados ao Brasilieiro-99 ou pagaram ingressos para ver os jogos e se sentiram "lesados" pelos critérios do campeonato.
Do outro lado, uma vitória da CBF enfraquece o movimento dos times pequenos e comprava a força da entidade em Brasília, colocada em xeque nos últimos dias com as declarações de apoio à causa do Gama por parte de políticos importantes.
Além do julgamento do TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) que transferiu pontos do São Paulo para Botafogo-RJ e Internacional, os times pequenos questionam também o critério de rebaixamento à Série B.
Segundo eles, as regras foram estabelecidas pelo Clube dos 13 de maneira arbitrária, sem consulta prévia aos demais times.
"Nós começamos o campeonato praticamente rebaixados para a segunda divisão. Um exemplo é o Gama, que ficou no 15º lugar, à frente de clubes muito importantes, e ainda assim caiu. Fomos prejudicados", diz o presidente do Botafogo-SP.


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