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São Paulo, quarta-feira, 24 de dezembro de 2003

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TÊNIS

Vai começar de novo

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Não são nem 7h30, e Gustavo Kuerten já está de pé, copo de iogurte à mão, quase pronto -ainda de chinelos- para começar mais uma sessão de treinos na academia de seu técnico, Larri Passos, no litoral catarinense.
Sonolento, Guga mal se dá conta da presença de "alguns estranhos", como esta coluna, por ali. Mantém sua rotina silenciosa, apesar de cercado de jovens tenistas, infanto-juvenis e mesmo profissionais israelenses, que não escondem a euforia de estar treinando a seu lado.
Ao alongamento (sessão de dez minutos), à corrida leve (de cinco minutos) e ao aquecimento muscular (de seis minutos), segue o ritual de troca de tênis e de escolha de raquetes. Só aí Guga solta as primeiras palavras do dia.
"Ao longo dos anos, [arrumar a raquete] virou um ritual. Você já passa a mentalizar o jogo, o adversário", revela. Enquanto escolhe a raquete com que vai treinar (sabe-se que ele gosta é das velhas, usadas, já amaciadas), o catarinense adota novo silêncio.
O bate-bola com André Sá evidencia o peso do braço de Guga. Aos poucos, ele sai do silêncio e solta seus tradicionais gemidos ao fazer a batida. Sá corre de um lado para outro; depois, é a vez de o israelense Harel Levy se deslocar no saibro para devolver as bolas para Guga.
Incentivado aos berros pelo treinador, o ex-número um mostra que as pernas vão bem nesta pré-temporada. São drills que privilegiam a movimentação, a subida à rede, a definição dos pontos. Exercícios que exigem de Guga uma simulação completa de um ponto em jogo -a devolução alta na esquerda, a bola cruzada na subida à rede, o voleio matador.
O treino, que começa quente, não pára nem quando começa a chover. Só pára quando é hora de beber água, trocar de raquete, comer banana e tomar um suco de couve com limão (sim, couve com limão, receita de Passos).
Seguem-se outros drills, smashes e, por fim, o saque. Só então, depois do treino da manhã, banho devidamente tomado e almoço devorado, é que Guga fala...
"Faz diferença ficar por aqui. Não é fácil passar o ano todo viajando; antes de começar uma temporada, ficar em casa, com esse chamego, uma comidinha extra, anima."
"A cada temporada que começo, o principal para mim é manter a motivação. Depois de vários anos no circuito, você precisa se manter animado, e eu, ainda bem, a cada temporada consigo encontrar motivação para continuar jogando tênis."
"O calendário é realmente extenso, com vários torneios. O jeito é focar nas principais competições. Sempre tem aqueles torneios que têm um gostinho especial, como aqueles da temporada de saibro, Roland Garros..."
"Tenho condições de jogar de igual para igual com os top. Já ganhei do Federer, já ganhei algumas vezes do Ferrero, então não é segredo para mim ganhar deles."
"As vitórias são como gasolina; são elas que movem um tenista, e eu preciso dessa gasolina."
Senhoras e senhores, Gustavo Kuerten-2004 vem aí. E, pelo visto, vem fervendo.

Para saber mais
"Melhore seu Tênis": esse é o CD-ROM que o site Tenisbrasil lançou. Para quem joga, traz dicas de especialistas. Custa R$ 29,90.

Para aplaudir
Em mais uma iniciativa louvável, Jorge Nascimento reuniu em seu Favela Open 600 jovens da periferia de São Paulo no fim de semana.

Para registrar
Mauricio Pommè ratificou o posto de número um do país e conquistou o Masters do Circuito Banco do Brasil em cadeira de rodas.

Para festejar
Pedro Braga está garantido na chave principal na Costa do Sauípe.

E-mail reandaku@uol.com.br


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