|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TÊNIS
Vai começar de novo
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Não são nem 7h30, e Gustavo
Kuerten já está de pé, copo
de iogurte à mão, quase pronto
-ainda de chinelos- para começar mais uma sessão de treinos
na academia de seu técnico, Larri
Passos, no litoral catarinense.
Sonolento, Guga mal se dá conta da presença de "alguns estranhos", como esta coluna, por ali.
Mantém sua rotina silenciosa,
apesar de cercado de jovens tenistas, infanto-juvenis e mesmo profissionais israelenses, que não escondem a euforia de estar treinando a seu lado.
Ao alongamento (sessão de dez
minutos), à corrida leve (de cinco
minutos) e ao aquecimento muscular (de seis minutos), segue o ritual de troca de tênis e de escolha
de raquetes. Só aí Guga solta as
primeiras palavras do dia.
"Ao longo dos anos, [arrumar a
raquete] virou um ritual. Você já
passa a mentalizar o jogo, o adversário", revela. Enquanto escolhe a raquete com que vai treinar
(sabe-se que ele gosta é das velhas, usadas, já amaciadas), o catarinense adota novo silêncio.
O bate-bola com André Sá evidencia o peso do braço de Guga.
Aos poucos, ele sai do silêncio e
solta seus tradicionais gemidos ao
fazer a batida. Sá corre de um lado para outro; depois, é a vez de o
israelense Harel Levy se deslocar
no saibro para devolver as bolas
para Guga.
Incentivado aos berros pelo treinador, o ex-número um mostra
que as pernas vão bem nesta pré-temporada. São drills que privilegiam a movimentação, a subida à
rede, a definição dos pontos.
Exercícios que exigem de Guga
uma simulação completa de um
ponto em jogo -a devolução alta
na esquerda, a bola cruzada na
subida à rede, o voleio matador.
O treino, que começa quente,
não pára nem quando começa a
chover. Só pára quando é hora de
beber água, trocar de raquete, comer banana e tomar um suco de
couve com limão (sim, couve com
limão, receita de Passos).
Seguem-se outros drills, smashes e, por fim, o saque. Só então,
depois do treino da manhã, banho devidamente tomado e almoço devorado, é que Guga fala...
"Faz diferença ficar por aqui.
Não é fácil passar o ano todo viajando; antes de começar uma
temporada, ficar em casa, com esse chamego, uma comidinha extra, anima."
"A cada temporada que começo, o principal para mim é manter
a motivação. Depois de vários
anos no circuito, você precisa se
manter animado, e eu, ainda
bem, a cada temporada consigo
encontrar motivação para continuar jogando tênis."
"O calendário é realmente extenso, com vários torneios. O jeito
é focar nas principais competições. Sempre tem aqueles torneios
que têm um gostinho especial, como aqueles da temporada de saibro, Roland Garros..."
"Tenho condições de jogar de
igual para igual com os top. Já ganhei do Federer, já ganhei algumas vezes do Ferrero, então não é
segredo para mim ganhar deles."
"As vitórias são como gasolina;
são elas que movem um tenista, e
eu preciso dessa gasolina."
Senhoras e senhores, Gustavo
Kuerten-2004 vem aí. E, pelo visto, vem fervendo.
Para saber mais
"Melhore seu Tênis": esse é o CD-ROM que o site Tenisbrasil lançou.
Para quem joga, traz dicas de especialistas. Custa R$ 29,90.
Para aplaudir
Em mais uma iniciativa louvável, Jorge Nascimento reuniu em seu
Favela Open 600 jovens da periferia de São Paulo no fim de semana.
Para registrar
Mauricio Pommè ratificou o posto de número um do país e conquistou o Masters do Circuito Banco do Brasil em cadeira de rodas.
Para festejar
Pedro Braga está garantido na chave principal na Costa do Sauípe.
E-mail reandaku@uol.com.br
Texto Anterior: Automobilismo: Húngaro fecha penúltima vaga da F-1 em 2004 Próximo Texto: Futebol - Tostão: Papai Noel eletrônico Índice
|