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Dinei, o filho pródigo, volta aos braços da Fiel
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
Foi uma final inesquecível:
dois grandes times, equilíbrio,
jogo limpo e, sobretudo, futebol
de primeira qualidade. Para coroar tudo, a vibração inigualável da torcida alvinegra.
Para um jogador, em particular, esse título tem um sabor especial. Falo de Dinei, claro.
Grande herói das finais -teve
participação decisiva em todos
os cinco gols corintianos das
três partidas, fazendo um e
dando os passes para os outros
quatro-, Dinei encarna em
sua romanesca trajetória o mito
do filho pródigo.
Único do elenco corintiano
que foi campeão nacional com o
time em 90, viveu depois disso
seu inferno astral, chegando a
ser suspenso por envolvimento
com drogas quando jogava no
Paraná.
Deu a volta por cima, brilhou
no Guarani, retornou ao Parque São Jorge e, aos poucos, pavimentou seu caminho de volta
à equipe e à glória. Ninguém
tem mais motivo do que ele para comemorar esse título.
Pelo menos numa coisa as
transmissões das finais pela Rede Globo merecem elogios: além
das câmeras colocadas em todos
os pontos do campo, a emissora
soube captar imagens dramáticas ou curiosas dos torcedores.
Não chega a ser uma novidade: há mais de 30 anos o Canal
100 implantou o procedimento
no cinema. De todo modo, é algo que enriquece a cobertura e
intensifica a vibração.
Outro craque corintiano que
merece todos os elogios, apesar
de não ter brilhado nas finais, é
o volante Vampeta.
Para sair pelado na capa de
uma revista gay é preciso ser
muito macho, sobretudo num
país em que o futebol (leia-se
cartolas, técnicos, torcedores,
jogadores e imprensa) ainda é,
exceções ressalvadas, um mundo de preconceitos.
A conquista corintiana deveu-se em grande parte à anulação tática de Fábio Júnior
(sozinho à frente, foi bem bloqueado por Batata e Gamarra)
e à alquimia do trio Marcelinho-Dinei-Edilson.
O Cruzeiro -talvez o time
com o futebol mais bonito do
Brasil- merecia um apoio
maior de sua torcida. Por que
tão poucos cruzeirenses foram
ao Morumbi?
Entre os poucos erros e muitos
acertos dos dois treinadores nas
partidas finais, talvez a grande
mancada tenha sido mesmo a
substituição de Muller no jogo
do Mineirão. Ele é o tipo do jogador que só deve sair de campo
se estiver com fratura exposta.
Se a estrela de Dinei brilhou
do lado corintiano, dois jogadores cruzeirenses encheram os
olhos da torcida com seu belo
futebol: Dida e Djair.
O primeiro provou que é o melhor goleiro do país. Não por
acaso, todos os gols corintianos
foram feitos de dentro da pequena área ou perto dela, em finalizações indefensáveis.
Djair não goza da mesma admiração unânime que Dida.
Tem, na verdade, vários opositores. A explicação é simples:
para muitos, meio-campista
tem de atropelar, trombar, vigiar e punir. Djair não faz nada
disso. É "apenas" um craque
-e quase fez o único gol de cabeça de fora da área do campeonato.
José Geraldo Couto escreve às quintas
E-mail: jgcouto@uol.com.br
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