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FUTEBOL
A cotação do ouro
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
A disputa entre o mais popular esporte do planeta e o
COI é quase tão antiga quanto os
Jogos. Porém, contrariando todos
os prognósticos, a luta pelo ouro
no futebol chegou ao século 21.
A América do Sul fecha hoje seu
qualificatório para a disputa em
Atenas mostrando bem a dualidade que cerca o futebol olímpico.
Ao mesmo tempo em que a Conmebol detona o COI e rebaixa a
importância do torneio nos Jogos,
seus filiados travam acirrada disputa em campo.
Muito pelo orgulho de Brasil e
Argentina, que estão na "fila",
nenhum outro continente leva
tão a sério a Olimpíada. Vários
países desfalcaram os Pré-Olímpicos de outras regiões. Alguns
nem se inscreveram. Outros, como Benin, Burkina Fasso, Chade,
Guiné-Bissau, Guiné Equatorial,
Iêmen, Maldivas, Mauritânia,
Porto Rico, República Centro-Africana, Tanzânia e Turcomenistão, abriram mão da disputa
(falta de grana, de infra-estrutura, de competitividade, Sars...).
A Europa, centro do futebol, define seus representantes em um
torneio sub-21 cuja finalidade
maior para quase todos os envolvidos é a de revelar talentos. Os
britânicos ficam então alheios à
corrida pelo ouro por não competirem conjuntamente, o que ocorre em outras modalidades.
Além disso, boa parte das potências olímpicas não acordaram
ainda de fato, no que se refere a
resultados, para o futebol (Austrália, Canadá, China, EUA...).
Não foi à toa que a África ganhou os dois últimos torneios
olímpicos. A concorrência não é
tão grande nem tão qualificada.
Brasil e Argentina eram os favoritos ao ouro em 96 e em 2000, as
forças a serem batidas (os argentinos não chegaram a Sydney).
O cenário agora é o mesmo, pois
vivemos ainda a quinta era do futebol nos Jogos. Entre 1896 e 1904,
houve a fase da demonstração.
Entre 1908 e 1928, o torneio olímpico funcionou como Mundial.
Entre 1952 e 1976, reinou o turbinado amadorismo do Leste da
Europa. Entre 1980 e 1988, foram
abertas as portas do profissionalismo. E desde 1992 a disputa virou uma espécie de Mundial sub-23, categoria que nunca teve muito sentido (a restrição de idade é
para o torneio nos Jogos reunir,
basicamente, atletas profissionais
que não são grandes estrelas).
A Fifa regula historicamente o
torneio de futebol olímpico para
evitar concorrência com a Copa e
com seus outros Mundiais. Até
desfalcou sul-americanos e africanos nos Pré-Olímpicos ao não
tratar tais disputas como oficiais.
O mundo vê um misto de desejo
e desprezo por Atenas. Na África,
por exemplo, o Pré-Olímpico começou em novembro de 2002. Será definido até março, mas ninguém dá atenção à disputa (Senegal, Camarões, Argélia e a surpresa Etiópia estão perto da vaga).
Tirando clubes, a Europa só tem
olhos neste ano para a Eurocopa.
Dias antes do torneio, Alemanha,
Portugal, Sérvia e Montenegro,
Croácia, Itália, Belarus, Suécia e
Suíça disputam, meio às moscas,
quem serão os três times que representarão o velho continente ao
lado da Grécia.
A cotação do ouro muda muito
hoje de um país para o outro.
Pré-Olímpicos masculinos
Na Concacaf (duas vagas), a fase final começa no dia 2 no México.
Ainda estão na disputa Canadá, Costa Rica, EUA, Honduras, Jamaica, México, Panamá e Trinidad e Tobago. Na Ásia (três vagas), a fase
final vai de março a maio. Grupo A: China, Coréia do Sul, Irã e Malásia. Grupo B: Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Japão e Líbano.
Grupo C: Arábia Saudita, Iraque, Kuait e Omã. Na Oceania (uma vaga), o Pré-Olímpico está rolando. Austrália e Nova Zelândia lideram
seus grupos e duelam amanhã e sexta-feira.
Pré-Olímpicos femininos
Na Europa e na América do Sul não existem. Alemanha e Suécia foram indicadas como finalistas do Mundial, e o Brasil, por falta de interesse dos demais. No resto, sete países desistiram da disputa.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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