São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2004

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FUTEBOL

A cotação do ouro

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A disputa entre o mais popular esporte do planeta e o COI é quase tão antiga quanto os Jogos. Porém, contrariando todos os prognósticos, a luta pelo ouro no futebol chegou ao século 21.
A América do Sul fecha hoje seu qualificatório para a disputa em Atenas mostrando bem a dualidade que cerca o futebol olímpico. Ao mesmo tempo em que a Conmebol detona o COI e rebaixa a importância do torneio nos Jogos, seus filiados travam acirrada disputa em campo.
Muito pelo orgulho de Brasil e Argentina, que estão na "fila", nenhum outro continente leva tão a sério a Olimpíada. Vários países desfalcaram os Pré-Olímpicos de outras regiões. Alguns nem se inscreveram. Outros, como Benin, Burkina Fasso, Chade, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Iêmen, Maldivas, Mauritânia, Porto Rico, República Centro-Africana, Tanzânia e Turcomenistão, abriram mão da disputa (falta de grana, de infra-estrutura, de competitividade, Sars...).
A Europa, centro do futebol, define seus representantes em um torneio sub-21 cuja finalidade maior para quase todos os envolvidos é a de revelar talentos. Os britânicos ficam então alheios à corrida pelo ouro por não competirem conjuntamente, o que ocorre em outras modalidades.
Além disso, boa parte das potências olímpicas não acordaram ainda de fato, no que se refere a resultados, para o futebol (Austrália, Canadá, China, EUA...).
Não foi à toa que a África ganhou os dois últimos torneios olímpicos. A concorrência não é tão grande nem tão qualificada. Brasil e Argentina eram os favoritos ao ouro em 96 e em 2000, as forças a serem batidas (os argentinos não chegaram a Sydney).
O cenário agora é o mesmo, pois vivemos ainda a quinta era do futebol nos Jogos. Entre 1896 e 1904, houve a fase da demonstração. Entre 1908 e 1928, o torneio olímpico funcionou como Mundial. Entre 1952 e 1976, reinou o turbinado amadorismo do Leste da Europa. Entre 1980 e 1988, foram abertas as portas do profissionalismo. E desde 1992 a disputa virou uma espécie de Mundial sub-23, categoria que nunca teve muito sentido (a restrição de idade é para o torneio nos Jogos reunir, basicamente, atletas profissionais que não são grandes estrelas).
A Fifa regula historicamente o torneio de futebol olímpico para evitar concorrência com a Copa e com seus outros Mundiais. Até desfalcou sul-americanos e africanos nos Pré-Olímpicos ao não tratar tais disputas como oficiais.
O mundo vê um misto de desejo e desprezo por Atenas. Na África, por exemplo, o Pré-Olímpico começou em novembro de 2002. Será definido até março, mas ninguém dá atenção à disputa (Senegal, Camarões, Argélia e a surpresa Etiópia estão perto da vaga).
Tirando clubes, a Europa só tem olhos neste ano para a Eurocopa. Dias antes do torneio, Alemanha, Portugal, Sérvia e Montenegro, Croácia, Itália, Belarus, Suécia e Suíça disputam, meio às moscas, quem serão os três times que representarão o velho continente ao lado da Grécia.
A cotação do ouro muda muito hoje de um país para o outro.

Pré-Olímpicos masculinos
Na Concacaf (duas vagas), a fase final começa no dia 2 no México. Ainda estão na disputa Canadá, Costa Rica, EUA, Honduras, Jamaica, México, Panamá e Trinidad e Tobago. Na Ásia (três vagas), a fase final vai de março a maio. Grupo A: China, Coréia do Sul, Irã e Malásia. Grupo B: Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Japão e Líbano. Grupo C: Arábia Saudita, Iraque, Kuait e Omã. Na Oceania (uma vaga), o Pré-Olímpico está rolando. Austrália e Nova Zelândia lideram seus grupos e duelam amanhã e sexta-feira.

Pré-Olímpicos femininos
Na Europa e na América do Sul não existem. Alemanha e Suécia foram indicadas como finalistas do Mundial, e o Brasil, por falta de interesse dos demais. No resto, sete países desistiram da disputa.


E-mail rbueno@folhasp.com.br


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