|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
inimigo íntimo
Luxemburgo retorna ao berço para enterrar tabu
Com mais prestígio e menos cabelo, técnico pega Bragantino, que o projetou
Amigos dos tempos de vacas magras prometem dificultar para o técnico santista, que nunca bateu o ex-clube em partida oficial em Bragança
JULYANA TRAVAGLIA
ENVIADA ESPECIAL A BRAGANÇA PAULISTA
O Galaxy 500 vermelho de
bancos brancos talvez não exista mais. Ou talvez não circule
mais por Bragança Paulista.
Mas seu antigo motorista estará hoje na cidade. Os cabelos
mudaram. Os hábitos também.
Como o lado no banco de reservas do estádio Marcelo Stéfani.
Dirigindo o Santos contra o
Bragantino, time que o projetou, Vanderlei Luxemburgo retorna hoje a Bragança para uma
partida oficial, o que não ocorre
desde 1998. De lá para cá, seleção brasileira, Real Madrid, títulos... E um tabu, que perdura.
A partir das 20h30, Luxemburgo terá a chance de mudar
uma escrita. Ele nunca bateu o
ex-time em jogos do Campeonato Paulista ou do Brasileiro.
Desde que deixou o Bragantino, em 1991, Luxemburgo disputou quatro partidas no Marcelo Stéfani. Foram três derrotas, com Palmeiras (1996), Corinthians (1998) e Santos
(1997). Houve ainda um empate, quando estava no Palmeiras.
Foram dois anos dirigindo o
"leão" de Bragança, com resultados que superaram as expectativas dos dirigentes do clube.
O ano era 1989, e o Bragantino se preparava para o Paulista.
O clube, presidido por Jesus
Abi Chedid, não tinha grandes
ambições, a não ser continuar
na elite. "A nossa meta era clara. O time não podia cair. Não
dava para pensar muito grande", relembra Roberto César,
diretor de esportes do clube.
Para comandar o time, a primeira opção era Renê Simões.
Mas, alegando compromisso
com o Qatar, ele declinou o
convite e sugeriu Luxemburgo.
"Tanto o clube como o Luxemburgo tiveram sorte", diz César.
O então desconhecido treinador obteve feitos jamais imaginados pelos dirigentes: títulos da Série B do Campeonato
Brasileiro de 89 e da divisão
principal o Paulista de 1990.
Mas não foi fácil convencer
Luxemburgo a ir para Bragança, cidade a 83 km de São Paulo.
"Queríamos Ely Carlos como
tampão e o Luxemburgo para
coordenar o departamento
amador. Mas ele não aceitou",
diz Marco Antônio Chedid,
atual presidente do clube. Luxemburgo só topou após se reunir, no Rio, com os Chedid e
com o empresário Juan Figer.
Além dos feitos, o estilo do
técnico fora de campo também
deixou marcas. "Ele tinha cabelo black power, vestia pulseiras
e correntes de ouro, umas calças xadrez", conta Marco Chedid, recordando que logo depois o técnico passou a ir aos
treinos guiando um Galaxy 500
vermelho com bancos brancos.
O torcedor Luiz Buozzoni
lembra ironicamente o perfil
de Luxemburgo naqueles tempos e traça um paralelo com a
atual aparência. "Antes, ele era
feio e brega. Agora, ele só é feio
mesmo, mas com dinheiro."
Mas o Bragantino não quer
deixar o técnico quebrar a escrita. "Armamos uma casinha
de caboclo para ele", diz César,
usando gíria da cidade, e do truco, que significa armadilha.
NA TV - Bragantino x Santos
Sportv, ao vivo, às 20h30
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Artilheiro, time não fala em goleada Índice
|