São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

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inimigo íntimo

Luxemburgo retorna ao berço para enterrar tabu

Com mais prestígio e menos cabelo, técnico pega Bragantino, que o projetou

Amigos dos tempos de vacas magras prometem dificultar para o técnico santista, que nunca bateu o ex-clube em partida oficial em Bragança

JULYANA TRAVAGLIA
ENVIADA ESPECIAL A BRAGANÇA PAULISTA

O Galaxy 500 vermelho de bancos brancos talvez não exista mais. Ou talvez não circule mais por Bragança Paulista. Mas seu antigo motorista estará hoje na cidade. Os cabelos mudaram. Os hábitos também. Como o lado no banco de reservas do estádio Marcelo Stéfani.
Dirigindo o Santos contra o Bragantino, time que o projetou, Vanderlei Luxemburgo retorna hoje a Bragança para uma partida oficial, o que não ocorre desde 1998. De lá para cá, seleção brasileira, Real Madrid, títulos... E um tabu, que perdura.
A partir das 20h30, Luxemburgo terá a chance de mudar uma escrita. Ele nunca bateu o ex-time em jogos do Campeonato Paulista ou do Brasileiro.
Desde que deixou o Bragantino, em 1991, Luxemburgo disputou quatro partidas no Marcelo Stéfani. Foram três derrotas, com Palmeiras (1996), Corinthians (1998) e Santos (1997). Houve ainda um empate, quando estava no Palmeiras.
Foram dois anos dirigindo o "leão" de Bragança, com resultados que superaram as expectativas dos dirigentes do clube.
O ano era 1989, e o Bragantino se preparava para o Paulista. O clube, presidido por Jesus Abi Chedid, não tinha grandes ambições, a não ser continuar na elite. "A nossa meta era clara. O time não podia cair. Não dava para pensar muito grande", relembra Roberto César, diretor de esportes do clube.
Para comandar o time, a primeira opção era Renê Simões. Mas, alegando compromisso com o Qatar, ele declinou o convite e sugeriu Luxemburgo. "Tanto o clube como o Luxemburgo tiveram sorte", diz César.
O então desconhecido treinador obteve feitos jamais imaginados pelos dirigentes: títulos da Série B do Campeonato Brasileiro de 89 e da divisão principal o Paulista de 1990.
Mas não foi fácil convencer Luxemburgo a ir para Bragança, cidade a 83 km de São Paulo.
"Queríamos Ely Carlos como tampão e o Luxemburgo para coordenar o departamento amador. Mas ele não aceitou", diz Marco Antônio Chedid, atual presidente do clube. Luxemburgo só topou após se reunir, no Rio, com os Chedid e com o empresário Juan Figer.
Além dos feitos, o estilo do técnico fora de campo também deixou marcas. "Ele tinha cabelo black power, vestia pulseiras e correntes de ouro, umas calças xadrez", conta Marco Chedid, recordando que logo depois o técnico passou a ir aos treinos guiando um Galaxy 500 vermelho com bancos brancos.
O torcedor Luiz Buozzoni lembra ironicamente o perfil de Luxemburgo naqueles tempos e traça um paralelo com a atual aparência. "Antes, ele era feio e brega. Agora, ele só é feio mesmo, mas com dinheiro."
Mas o Bragantino não quer deixar o técnico quebrar a escrita. "Armamos uma casinha de caboclo para ele", diz César, usando gíria da cidade, e do truco, que significa armadilha.


NA TV - Bragantino x Santos
Sportv, ao vivo, às 20h30



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