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Farah e Teixeira 'duelam' por negócios
da Reportagem Local
O autoritarismo é a característica
predominante nos dois principais
dirigentes do futebol brasileiro,
que travam atualmente batalha
aberta pelos negócios do esporte.
O presidente da Confederação
Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, encampou em 1995 a
tese de que é preciso reduzir o período de disputa dos campeonatos
estaduais.
Esses torneios opõem poucas
equipes grandes a muitas sem expressão. Com excesso de jogos
pouco atraentes, tornam-se deficitários.
Reduzindo os torneios estaduais,
sobraria mais tempo para as equipes grandes disputarem o Campeonato Brasileiro.
Isso afeta diretamente Eduardo
José Farah, presidente da Federação Paulista de Futebol, que organiza o único torneio estadual relativamente rentável para os clubes.
Sentindo-se ameaçado, Farah,
que sempre fizera oposição discreta a Teixeira, passou a hostilizar
abertamente a administração da
CBF.
``A CBF prega o que não pratica,
a modernização no futebol. O fórum sobre futebol brasileiro promovido pela CBF no ano passado
recomendou à unanimidade que
não deveria haver convites para a
Copa do Brasil. Mesmo assim, a
CBF convidou 15 clubes'', disse Farah.
Procurado pela reportagem da
Folha durante toda a tarde de ontem, Teixeira não foi localizado,
segundo a sua secretária na CBF.
Farah não esconde seu desejo de
desafiar Teixeira na próxima eleição para a presidência da CBF. ``O
nosso objetivo é sempre chegar ao
máximo'', disse.
Como a próxima eleição deve
ocorrer somente no ano 2000, a
preocupação de Farah é menos política e mais financeira.
O Campeonato Paulista é o principal produto de venda da FPF. É
vendido para patrocinadores,
anunciantes e emissoras de TV. É
esse faturamento que mantém a
entidade.
Caso o torneio tenha seu período
de disputa reduzido, seu valor cai.
Cai, consequentemente, o faturamento da FPF.
Para evitar esse redimensionamento de seu poder, Farah vem
reagindo desde o ano passado. Sua
estratégia é procurar tornar o Paulista o mais atraente possível.
Com isso, não só recebe o apoio
dos times paulistas para o torneio,
como ainda evidencia a desorganização que impera nos campeonatos da CBF.
A estratégia tem funcionado,
apesar dos vários deslizes desse
início do Paulista.
O programa de renda mínima
para os clubes, as promoções
(shows, lanche, garotas animadoras), a venda antecipada de ingressos têm levado os clubes de outros
Estados a elogiar Farah.
É com o apoio desses clubes que
o cartola paulista espera desbancar
Teixeira, nem que seja lá pelo ano
2000.
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