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BOXE
Duas perguntas
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois do retorno da dinastia Jofre-Zumbano ao pódio
com a vitória do superpesado Raphael Zumbano no torneio de estreantes Forja de Campeões, duas
perguntas são pertinentes.
1) Raphael tem condições de representar o Brasil na Olimpíada
de Atenas-2004? (Raphael explicou que esse é seu objetivo.)
2) Com 22 anos, ele não é velho
para o boxe? (Essa boa questão foi
apresentada por um colega.)
Para responder à primeira
questão, vou contar uma história.
Em 1985 e 1987, um pugilista foi
convidado pelo treinador da
equipe do Exército dos EUA Hank
Johnson para tentar ir a Seul-88.
Ele recusou em ambas as vezes,
pois sabia que não se dedicaria
-preferia as festas aos treinos.
Mas, em 88, disse a si mesmo
que estava pronto. Aquele era o
ano olímpico e havia ouvido que,
quando você se concentra o bastante em um objetivo, o atinge.
Foi o que fez. Nos próximos meses, venceu o favorito Michael
Bentt (que, depois, foi campeão
da OMB) para assegurar uma vaga na equipe olímpica e nocauteou seus quatro rivais em Seul,
incluindo o pugilista da casa,
Baik Hyun Man, na finalíssima
para se tornar campeão olímpico.
Quem era o tal pugilista?
"Merciless" Ray Mercer, que,
depois, seria campeão da OMB e,
quando motivado, daria vários
shows (contra Lennox Lewis e
Evander "Real Deal" Holyfield).
Então essa história mostra que
é possível Raphael, ou qualquer
outro novato, ir a Atenas-2004.
Sua categoria, no Brasil, não
tem estrelas. O melhor deles, Ubiratan Santos, tem "queixo" suspeito. Mas, claro, Raphael terá de
passar por ele. Se isso vai acontecer ou não, é outra história.
A pergunta mais importante
dentro desse cenário é, se o objetivo de Zumbano é disputar a
Olimpíada, no próximo ano, por
que não participará do próximo
torneio [Luvas de Ouro]? Afinal,
de acordo com sua agenda, precisa ganhar experiência. E rápido.
O próprio responde: "As inscrições para o Luvas se encerraram
no dia 15 e, como a Forja não havia acabado, não pude me inscrever. Mas falei com o Newton [Campos, presidente da Federação Paulista de Boxe] e ele disse
que vai me arrumar lutas extras.
A primeira deve ser em maio".
Quanto à segunda questão, a
teoria é verdadeira para outras
categorias de peso, porém não se
aplica aos pesos-pesados.
Talvez porque a primeira coisa
que o pugilista perde com a idade
é a velocidade, característica secundária entre os grandalhões.
Novamente, tomo Mercer como
exemplo. Ele se profissionalizou
aos 28 anos e, aos 42, ainda tem
apresentações exibidas pela HBO.
E quem não lembra que George
Foreman foi o mais velho campeão aos 45 anos? Os veteranos,
na divisão dos pesados, não são a
exceção, mas (quase) a regra.
Então, sim, é possível que Raphael ainda tenha sucesso na carreira como boxeador profissional.
Em ambos os casos, no entanto,
é bastante prematuro para afirmar com segurança se Raphael
alcançará ou não sucesso. Mas
são duas possibilidades. Como é o
caso com todos os lutadores, daqui para a frente só depende dele.
Na telinha
Ser colocado em um corredor onde em uma ponta há uma porta e
em outra um cão feroz. O técnico solta o cachorro e o pugilista tem de
correr o mais velozmente possível para alcançar a porta. Em outra situação, o técnico leva o boxeador de canoa ao meio de um lago e o
lança na água, forçando-o a retornar nadando para a margem. Essas
foram algumas técnicas de treinamento inusitadas a que o campeão
dos cruzadores da FIB, Vassiliy Jirov, foi submetido no amadorismo.
Amanhã, Jirov, do Cazaquistão, encara o desafio do veterano James
"Lights Out" Toney em luta (teoricamente) equilibrada. A técnica do
primeiro contra a pegada (principalmente nos golpes no corpo) do
segundo. É incrível, mas desde que perdeu o título dos supermédios
para Roy Jones Jr. em 94, o americano Toney nunca mais teve chance
de lutar por um título. A HBO 2 exibe ao vivo a partir das 22h30.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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