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São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003

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FUTEBOL

Goleiro fala que está "treinado em explicar derrotas" e pede dispensa da seleção; diretoria cogita mudanças após 7 a 2

Palmeiras não é mais grande, diz Marcos

DA REPORTAGEM LOCAL

"Hoje, nosso time não impõe respeito. Fomos grandes, não somos mais. Já estou até treinado em explicar derrotas." Assim, o goleiro pentacampeão Marcos resumiu o estado de espírito do Palmeiras após o humilhante 7 x 2 diante do Vitória na noite de anteontem, pela Copa do Brasil.
Auto-estima em baixa, rumores em alta no clube. Notícias de lista de dispensas, mudanças no time, pedidos de renúncia, cargos à disposição. Assim foi o dia seguinte do vexame palmeirense.
De certo, só uma reunião que aconteceu durante a madrugada de ontem, com o técnico Jair Picerni, o presidente Mustafá Contursi e os diretores Fernando Gonçalves e Mario Gianini.
"Abrimos o coração. Houve muito cobrança entre nós, afinal, estávamos irritados e envergonhados", disse Gianini, que falou também em dispensas.
"Vamos inchar o elenco e depois vão sobrar alguns jogadores", disse. Os torcedores já fizeram sua listagem: o lateral-direito Neném, os zagueiros Índio e Leonardo. Pelo desempenho de anteontem no 7 a 2 para o Vitória, o meia Zinho também entraria.
O clube promete mudanças ("Vamos avaliar melhor os jogadores", afirmou o diretor), só não muda a política de não gastar.
As frases de Gianini: "Se depender de mim, não vamos ter reforços de peso"; "Acredito que os medíocres se destacarão"; "A política é não fazer loucuras".
As possibilidades de uma licença de Contursi e da demissão de Picerni foram desmentidas.
O técnico, porém, nem apareceu no CT ontem, de folga na antevéspera da estréia na Série B nacional. Ficou em Vinhedo (SP), onde mora. Já o time titular evitou a imprensa. A calmaria no treino contrastava com o clima de desolação nos vestiários do Parque Antarctica após o jogo.
"O time não está rachado, não tem problemas internos. O problema é que estamos errando demais", disse o meia Magrão. "Foi o pior jogo da vida de todos aqui."
Sobre a torcida apoiá-lo, apesar dos três erros que geraram gols, Marcos disse: "Se continuar assim, a moral vai acabar já, já".
O goleiro, alegando um problema de bronquite, pediu ontem liberação do amistoso da seleção brasileira contra o México, quarta que vem, e foi atendido. Júlio César, do Flamengo, o substituirá.
Por seu lado, Picerni falou em vergonha. "De repente, não somos nada." Ele indicou que fará mudanças na equipe. É possível que Fábio Gomes, Alessandro e Marcinho, recém-contratados, joguem contra o Brasiliense.
Gianini também vê a troca de titulares como solução imediata. "Marcinho e Alessandro estão em nível de seleção." Falta convencer a torcida e o próprio Picerni, que pediu jogadores de peso e de experiência, não novatos atrás de uma chance em um clube grande.
Hoje, o time treina de manhã e viaja à tarde para o Distrito Federal. É esperada alguma manifestação de torcedores. A Mancha Alviverde, maior torcida uniformizada do clube, se reuniria ontem à noite para decidir o que faria. (RODRIGO BERTOLOTTO)


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