São Paulo, domingo, 25 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

O fim de Maradona e o fim de Pelé

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os imortais Maradona e Pelé irão morrer algum dia. Como serão essas tragédias? Só Deus sabe, mas muita gente parece ter a resposta após os últimos dias.
Eles estiveram internados com problemas bem diferentes de saúde. O argentino, duas décadas mais jovem, ainda está internado e, pior, parece mesmo condenado. Se não sucumbir nos próximos dias ou meses, o máximo que terá, com transplante, sorte ou reza, serão mais alguns poucos anos.
Já o brasileiro, que reparou um problema até certo ponto antigo e de bem menos gravidade que o do desafeto hipertenso, é exemplo de atleta e forte candidato a engordar o número de centenários do país (cresce sensivelmente, segundo matéria da Revista da Folha).
As comparações entre Eles, dentro e fora de campo, sempre existiram. E nunca terão fim. As mortes dos dois, porém, até já foram sugeridas (Maradona acabaria na sarjeta, para não dizer algo pior, e Pelé seria vítima de acidente de avião por viajar muito e ter saúde de ferro), mas a comoção e a dramaticidade delas ainda não foram bem imaginadas.
A Argentina ama Maradona. O Brasil parece não amar Pelé. Diego é tão querido por seu povo que gerou até Igreja, cujos fiéis celebram o aniversário de Maradona como Natal e vivem no ano 43 d.D. em homenagem à ""divindade" que fez os gols mais vistos e falados da história das Copas em um intervalo de quatro minutos.
Pelé, que eu e a maioria do planeta entendemos ser o maior de todos os tempos, dá nome a estádio, a CT, aparece sempre em comerciais. Já teve cargo político, compôs músicas, virou personagem infantil, relacionou-se com mulheres famosas, estrelou filmes, fez o diabo (bom sentido). Apesar disso, muitos apostam que o funeral de Maradona será um "evento" bem mais concorrido.
O tema é mórbido, mas a morte quase anunciada de Maradona e as lembranças dos dez anos do acidente fatal de Senna dão o tom. Pelé ainda vai e faz uma das poucas cirurgias de sua vida (fez a primeira no joelho direito aos 58).
As gerações que acompanharam Maradona fazer maravilhas ao vivo quase certamente verão seu final. Em contrapartida, muitos que viram Pelé deslumbrar o planeta ao vivo não estarão mais entre nós na hora em que o "Rei" infelizmente se "for" (amando ou não, é eterno, como o filme).
Um pensador disse que vemos a importância das pessoas em suas mortes. Senna levou milhares de pessoas às ruas e deixou milhões atordoados com seu trágico fim nas pistas mostrado ao vivo. Está claro que quando Maradona partir o cenário será parecido. Uma multidão o idolatra com fervor e o seguirá até o final, mesmo com os erros. Pelé, que nos acostumou a ver equívocos do "Edson", talvez pague até na morte por isso.
O "Rei" já comprou jazigo no cemitério vertical que dá vista para a Vila Belmiro. Maradona não teve tempo para pensar onde quer ser enterrado, mas seu querido clube tem em mãos uma idéia. Um empresário de serviços funerários e ex-dirigente projetou um cemitério exclusivo para torcedores do Boca. O plano estava na gaveta, e Maradona o ressuscitou.

O eterno Zidane!
E não é que o francês, que abriu a coluna passada, foi eleito o melhor da Europa dos últimos 50 anos. O Monaco vai bem na Copa dos Campeões, e o Olympique vai firme na Copa da Uefa. Viva la France!

O eterno Baggio!
E não é que o italiano, tema da coluna do dia 28 de março e craque que está prestes a abandonar o futebol, deverá se despedir mesmo da Squadra Azzurra em amistoso (contra a Espanha). Será na quarta.

O eterno freguês?
E não é que a Hungria, uma das poucas seleções do mundo que levam vantagem no confronto direto contra o Brasil, vai receber a empacada seleção de Carlos Alberto Parreira. Será na quarta.

E-mail: rbueno@folhasp.com.br


Texto Anterior: Porto não joga, mas é campeão do Português
Próximo Texto: Atenas 2004: Medo de terrorismo faz COI correr atrás de seguro inédito
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.