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Copa 2006
Empresário que acertou ida do time brasileiro para a cidade calcula que irá ter faturar US$ 12
milhões
Moradores até aceitam
mudança no trânsito, mas, no
campo de treino, suíços se
mostram desajeitados ao
torcer, errando até uma "ola"
Bagunçada, Weggis dá lucro para um
DOS ENVIADOS A WEGGIS
A passagem da seleção brasileira por Weggis tornou-se um
negócio da China para um empresário que é antigo parceiro
da CBF. Ao mesmo tempo, bagunçou a vida da até então pacata cidade. Principalmente
ontem, no primeiro dia de treinos da equipe pentacampeã.
Philippe Huber, dono da
Kentaro, agência que acertou a
ida do time nacional para a Suíça, disse à imprensa local que
pretende arrecadar US$ 12 milhões com a seleção. "Eu não
posso dizer qual será o lucro,
apenas que o negócio vale a pena. Com a seleção brasileira em
Weggis, devemos ter um faturamento de 15 milhões de francos [US$ 12 milhões], o que não
é mal para dez dias de trabalho", disse ele ao site swissinfo.
Não é nada mal para quem
investiu do bolso US$ 1,2 milhão para trazer a seleção, ou
10% do que pretende faturar.
Se optasse por ela mesma promover seus treinos e jogos, como fez em um amistoso contra
a Jamaica em 2003, a CBF poderia ficar com as receitas que
Huber busca com voracidade.
Caiu mal na própria entidade
brasileira o desejo do empresário, de faturar até com o espaço
para entrevistas da TV.
Para ter a seleção, Huber passou o chapéu em Weggis. Um
empresário bancou o US$ 1,1
milhão da construção do campo. Os US$ 800 mil gastos com
a hospedagem foram bancados
até pelos turistas e jornalistas
em Weggis. Das diárias, 50 centavos de francos vão para o fundo que pagará as despesas da
seleção. Com ingressos para os
treinos, ele arrecadou cerca de
US$ 800 mil, ou mais da metade do seu investimento.
Huber se gaba de ter vendido
placas publicitárias para as empresas locais, incluindo uma
que acabou nas mãos de um
grande cassino de Lucerna. Ele
ainda vai explorar a bilheteria e
os direitos de publicidade dos
dois amistosos que a seleção
brasileira irá realizar na Suíça.
E os moradores da cidade
acreditam que também vão lucrar. Por isso, a maioria, apesar
de o trânsito ter se intensificado, não reclama da brusca
transformação em seu cotidiano. "Algumas pessoas não conseguem mudar de vida por duas
semanas, mas elas deveriam
pensar nos benefícios, no dinheiro que a cidade está arrecadando", disse a dona-de-casa
Maya Reis, 32, suíça que vende
chope, cerveja brasileira e caipirinha em volta do estádio.
O cenário era estranho tanto
para os moradores de Weggis
como para os turistas brasileiros. Barracas com comportadas
garçonetes loiras e de olhos
azuis de um lado. Do outro, mulatas com pouca roupa servindo
os clientes e ao mesmo tempo
tirando-os para dançar pagode,
axé, samba e funk.
Dentro do estádio, a torcida
foi desajeitada. Atrapalhou-se
ao tentar organizar uma "ola".
Parreira temia que ela prejudicasse o trabalho. Não atrapalhou, mas vaiou alguns lances
errados, como em chutes de
Roberto Carlos. O lateral mandou uma vez a bola na arquibancada e mais longe ainda na
outra, para fora do estádio.
A entrada da seleção seguiu
um roteiro de show. Teve um
locutor oficial, que saiu do ar
rapidamente, sem explicações.
As mudanças em Weggis podiam ser sentidas um pouco
mais longe do estádio. Pelo lado
de fora da casa que serve como
sede de um centro de tênis, a 1
km da Termoplan Arena, podia-se ouvir o som de "Aquarela
do Brasil".
(PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
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