São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Copa 2006

Empresário que acertou ida do time brasileiro para a cidade calcula que irá ter faturar US$ 12 milhões

Moradores até aceitam mudança no trânsito, mas, no campo de treino, suíços se mostram desajeitados ao torcer, errando até uma "ola"


Bagunçada, Weggis dá lucro para um

DOS ENVIADOS A WEGGIS

A passagem da seleção brasileira por Weggis tornou-se um negócio da China para um empresário que é antigo parceiro da CBF. Ao mesmo tempo, bagunçou a vida da até então pacata cidade. Principalmente ontem, no primeiro dia de treinos da equipe pentacampeã.
Philippe Huber, dono da Kentaro, agência que acertou a ida do time nacional para a Suíça, disse à imprensa local que pretende arrecadar US$ 12 milhões com a seleção. "Eu não posso dizer qual será o lucro, apenas que o negócio vale a pena. Com a seleção brasileira em Weggis, devemos ter um faturamento de 15 milhões de francos [US$ 12 milhões], o que não é mal para dez dias de trabalho", disse ele ao site swissinfo.
Não é nada mal para quem investiu do bolso US$ 1,2 milhão para trazer a seleção, ou 10% do que pretende faturar. Se optasse por ela mesma promover seus treinos e jogos, como fez em um amistoso contra a Jamaica em 2003, a CBF poderia ficar com as receitas que Huber busca com voracidade.
Caiu mal na própria entidade brasileira o desejo do empresário, de faturar até com o espaço para entrevistas da TV.
Para ter a seleção, Huber passou o chapéu em Weggis. Um empresário bancou o US$ 1,1 milhão da construção do campo. Os US$ 800 mil gastos com a hospedagem foram bancados até pelos turistas e jornalistas em Weggis. Das diárias, 50 centavos de francos vão para o fundo que pagará as despesas da seleção. Com ingressos para os treinos, ele arrecadou cerca de US$ 800 mil, ou mais da metade do seu investimento.
Huber se gaba de ter vendido placas publicitárias para as empresas locais, incluindo uma que acabou nas mãos de um grande cassino de Lucerna. Ele ainda vai explorar a bilheteria e os direitos de publicidade dos dois amistosos que a seleção brasileira irá realizar na Suíça.
E os moradores da cidade acreditam que também vão lucrar. Por isso, a maioria, apesar de o trânsito ter se intensificado, não reclama da brusca transformação em seu cotidiano. "Algumas pessoas não conseguem mudar de vida por duas semanas, mas elas deveriam pensar nos benefícios, no dinheiro que a cidade está arrecadando", disse a dona-de-casa Maya Reis, 32, suíça que vende chope, cerveja brasileira e caipirinha em volta do estádio.
O cenário era estranho tanto para os moradores de Weggis como para os turistas brasileiros. Barracas com comportadas garçonetes loiras e de olhos azuis de um lado. Do outro, mulatas com pouca roupa servindo os clientes e ao mesmo tempo tirando-os para dançar pagode, axé, samba e funk.
Dentro do estádio, a torcida foi desajeitada. Atrapalhou-se ao tentar organizar uma "ola".
Parreira temia que ela prejudicasse o trabalho. Não atrapalhou, mas vaiou alguns lances errados, como em chutes de Roberto Carlos. O lateral mandou uma vez a bola na arquibancada e mais longe ainda na outra, para fora do estádio.
A entrada da seleção seguiu um roteiro de show. Teve um locutor oficial, que saiu do ar rapidamente, sem explicações.
As mudanças em Weggis podiam ser sentidas um pouco mais longe do estádio. Pelo lado de fora da casa que serve como sede de um centro de tênis, a 1 km da Termoplan Arena, podia-se ouvir o som de "Aquarela do Brasil". (PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)


Texto Anterior: José Roberto Torero: AC/DC
Próximo Texto: Saiba mais: Cidade está localizada em parte "alemã"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.