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SONINHA
Afeito à irregularidade, avesso à objetividade
Quem apostou em França e Argentina como
favoritas nesta Copa se
baseou em dados objetivos (como os títulos de uma nos
últimos anos e a boa campanha
da outra nas eliminatórias).
Só que o futebol parece desafiar a objetividade, mais ainda
do que outros esportes.
Por que será? Sócrates lembra
que em outras modalidades o
ritmo da disputa tem muito
mais regularidade -é tentativa
e erro o tempo todo. E a posse de
bola é distribuída com mais
equilíbrio: no vôlei e no tênis, você é obrigado a passar a bola para o adversário; no basquete, há
um limite de tempo para o ataque. No futebol, pode-se passar
muito tempo sem atacar e sem
"ceder" a bola. Se cada time tivesse, digamos, três minutos para finalizar a gol, sob pena de ceder um tiro de meta para o rival,
seria outro esporte!
Por ser tão afeito à irregularidade, o futebol permite que ""o
pior em campo vença". Por isso
também o futebol é difícil de descrever em números. Fazendo a
média por jogo, o Datafolha indica que a Rússia finalizou mais
vezes do que França, Argentina,
Brasil e Espanha. Que a África
do Sul fez tantos lançamentos
quanto a Inglaterra. Que o Brasil é líder em contra-ataques (24
-só me lembro de três ou quatro!). Que Thiaw (Senegal) foi o
que mais finalizou. O que isso
tudo prova? Nada!
Portanto, se os números desta
Copa ajudam pouco a entender
o que se passa, imagine os resultados do passado. Desisto de
qualquer prognóstico...
soninha.folha@uol.com.br
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