São Paulo, Sexta-feira, 25 de Junho de 1999
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FUTEBOL
Preocupado com a imagem da entidade, dirigentes pedem ao técnico que seja mais "político" nas declarações
CBF faz 1ª intervenção na era Luxemburgo

dos enviados a Foz do Iguaçu

Preocupados com a imagem da seleção brasileira e da própria CBF (Confederação Brasileira de Futebol), os dirigentes da entidade fizeram nessa semana a primeira intervenção na equipe comandada por Wanderley Luxemburgo.
Por meio de Marcos Moura Teixeira, coordenador-técnico da seleção e primo de Ricardo Teixeira, presidente da CBF, os dirigentes da entidade aconselharam o treinador a adotar um discurso ""mais político".
A preocupação não é nova. Uma das razões da escolha de Moura Teixeira para o cargo de coordenador-técnico da equipe foi que ele poderia controlar os passos de Luxemburgo, com quem havia trabalhado no Corinthians como auxiliar de preparação física.
A intenção da CBF com a intervenção é evitar que algumas declarações mais agressivas e arrogantes do treinador criem um clima hostil entre a seleção e a mídia, como ocorreu, principalmente, durante a Copa-94, nos EUA.
O temperamento de Luxemburgo também tem desagradado aos jogadores mais experientes.
Na coletiva em que anunciou o desligamento de Leonardo, porém, o técnico fez questão de salientar que o seu relacionamento com o presidente da CBF é o melhor possível. ""Conversei com o doutor Ricardo sobre as decisões, e ele as apoiou completamente."
Mesmo sendo um dos três técnicos brasileiros com melhores resultados na década -os outros são Luiz Felipe Scolari e Telê Santana-, Luxemburgo ainda não tem a confiança plena de Teixeira.
Três motivos levaram Teixeira a escolhê-lo para suceder Zagallo: o apoio popular, verificado em pesquisas de opinião, o aval de Zico, coordenador-técnico na Copa da França, e o endosso do empresário J. Hawilla, dono da Traffic, que é amigo pessoal do treinador.
O profissional preferido por Teixeira para a seleção ainda é Carlos Alberto Parreira, que dirigiu a equipe na campanha do tetra.
Com as restrições a Luxemburgo, o sucesso da seleção na Copa América e na Copa das Confederações, torneio que será disputado no próximo mês, no México, será fundamental para a manutenção do treinador em seu cargo.
"Meu contrato é até o final da Copa do Mundo (de 2002), segundo o combinado com o Ricardo (Teixeira). Tenho certeza de que vou seguir (na seleção) até a Copa", disse Luxemburgo ontem, quando anunciou que Leonardo não seria mais convocado para a seleção sob o seu comando.
Marco Antônio Teixeira, tio de Ricardo Teixeira e diretor-geral da entidade, também tem restrições a Luxemburgo. (ALEXANDRE GIMENEZ, JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO e RODRIGO BERTOLOTTO)


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