São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004

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FUTEBOL

Eldorado mexicano

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Argentina e Brasil decidem a Copa América, mas quem mais se orgulha de seu campeonato nacional na América Latina neste momento é o México.
Poderosos grupos e milionários empresários injetam cada vez mais grana na turbinada liga mexicana. A Televisa controla América, Necaxa e San Luis. O forte grupo Pegaso rege Atlante, Veracruz, Jaguares de Chiapas e Irapuato. Jorge Vergara, a versão "chicana" do russo Roman Abramovich, manda no Chivas de Guadalajara, levou a franquia (isso mesmo) para a MLS, nos EUA, colocou as mãos no costa-riquenho Saprissa, tenta o peruano Universitario e ameaçou comprar até o Atlético de Madrid.
Dois brasileiros que despertaram interesse de vários clubes nacionais, Djalminha e Iarley, acertaram recentemente suas transferências para o novo eldorado do futebol mundial e são só dois exemplos de atletas de bom nível que descobriram a nova "mina" de ouro -mais adaptável e legal que Rússia, Coréia do Sul etc.
Alguns dos principais nomes do futebol latino já atuam há alguns anos no México por razões financeiras. Quase todas as ligas nacionais na América são pobres, e o México surge como um oásis no continente para jogadores que não encontram espaço na Europa. O veterano equatoriano Aguinaga, que fez um free-lancer para a LDU na Libertadores, diz ter recebido propostas de times brasileiros várias vezes, mas essas nunca bateram as ofertas mexicanas -os times do México, aliás, vem beliscando a Libertadores.
Iarley trocou o famoso Boca Juniors pelo desconhecido Dorados de Culiacán. Parece ter deixado o céu e ido ao inferno. Mas o ex-jogador do Paysandu ganhará mais no ascendente time mexicano.
"Os dirigentes do Boca Juniors queriam renovar por mais seis meses, mas o dinheiro era menos do que eu esperava. A Argentina não está pagando melhor por causa da crise, como o Brasil. Tinha vontade de jogar no México e abrir esse mercado. Estou em um time pequeno, mas o presidente do clube é uma pessoa séria, paga em dia. Tive propostas de times maiores, mas o clube tem um projeto interessante. Tem só um ano e subiu para a primeira divisão. Contrataram o Borgetti, dois argentinos, o time é bom. A cidade de Culiacán, perto de Acapulco, só tinha beisebol. Agora, o público do futebol se equipara ao do beisebol", contou Iarley à coluna.
O América (que se vende hoje como o "Real Madrid das Américas"), o Necaxa e o Pumas pagam um "absurdo" aos jogadores, segundo relatos. Um jogador top não ganha menos que US$ 100 mil por mês no México -é o caso do chileno Navia. Até treinador europeu de renome, como o holandês Leo Beenhakker, topa agora cruzar o Atlântico. A grana é tanta que Jorge Vergara contratou a colombiana Shakira e fechou estádio em Guadalajara para todos os funcionários de suas empresas não faz muito tempo.
Se os países com as principais ligas nacionais do velho continente não decidiram a Eurocopa, por que o país com o Nacional mais aquecido da América Latina estaria na final da Copa América?

Profissionalização
Alberto de la Torre, presidente da federação mexicana, criou um Conselho Consultivo que reúne os dez empresários que mais mandam no futebol do país. Os executivos-dirigentes devem se reunir a cada seis meses para profissionalizar cada vez mais a liga mexicana. O plano é melhorar a infra-estrutura do futebol local, sanar as finanças e alçar a seleção mexicana à elite do futebol mundial. O Necaxa, que foi terceiro no único Mundial de Clubes, está de mudança da Cidade do México para Aguascalientes após acordo com o governo local. Tradicionalmente, várias universidades bancam clubes no país.

Animalização
Seguindo a escola americana da NBA, a liga mexicana tem times-bichos: águia, potro, colibri, jaguar, puma, galo, tigre, tubarão...

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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