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SALTOS ORNAMENTAIS
César Castro quebra tabu de 52 anos e recoloca Brasil numa final olímpica
DO ENVIADO A ATENAS
No princípio havia o receio de
encarar as plataformas mais altas.
Depois, uma lesão no pulso restringiu seus limites no esporte.
César Castro viveu situações nada agradáveis na modalidade que
pratica. Mesmo assim, recolocou
ontem seu país no mapa mundial
dos saltos ornamentais.
Ele disputou a final do trampolim de 3 m em Atenas e acabou na
nona posição -a prova foi vencida pelo chinês Peng Bo. O Brasil
não incluía um atleta entre os dez
melhores desde Helsinque-1952.
Ainda não é a melhor performance da história -Milton Busin ficou em sexto na Finlândia-,
mas foi o suficiente para quebrar
o jejum. "Estou muito feliz. Abri
uma porta para que outros saltadores possam ganhar destaque."
Sua trajetória é curiosa. Ao contrário de alguns atletas da modalidade, que disputam também a
plataforma de 10 m, ele só concorre no trampolim de 3 m.
A razão: uma lesão no pulso esquerdo o impede de realizar saltos
de impacto. Castro, 21, sentia dores na região quando procurou
um médico. O diagnóstico revelou a existência de um cisto. "Se
ele optasse pela cirurgia, poderia
perder alguns movimentos da
mão, o que comprometeria seus
saltos. Então, resolvemos diminuir o abalo na região", explica
seu técnico, Ricardo Moreira.
A solução foi se afastar da plataforma de 10 m -o competidor
chega a atingir 55 km/h antes do
impacto com a água. "O choque é
tão grande que a vida útil do atleta
até diminui. Você nem pode treinar todos os dias", conta Juliana
Veloso, especialista nos 10 m.
O entrave limitou a área de ação
de Castro, mas não deixou o atleta
frustrado. Desde que começou a
se aventurar na modalidade, em
1991, sempre preferiu subir poucos degraus antes de saltar.
Seu primeiro técnico em Brasília, Giovani Casilo, lembra-se bem
do esforço que precisava fazer para o garoto encarar as plataformas
de 7,5 m e 10 m. "Ele tinha receio,
um pouco de medo. Nunca foi sua
especialidade. Mas antes de reclamar, eu o mandava subir e pular."
A rotina dos saltadores brasileiros na Grécia ainda não acabou.
Hoje, Veloso disputa o trampolim
de 3 m. Na sexta, é a vez de Cassius Duran competir na plataforma de 10 m.
(GUILHERME ROSEGUINI)
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