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QUADRO DE MEDALHAS
Olimpíada marca nova geopolítica e fim de hegemonias
Pequim registra maior número de países com ouros e pódios e término do domínio dos EUA e da Rússia
Nações ricas têm queda no número de medalhas e de títulos olímpicos, enquanto restante do mundo avança com resultados inesperados
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM
O Brasil perdeu sua hegemonia no vôlei masculino. A Mongólia ganhou ouro no boxe, e
Cuba, não. A Islândia obteve
sua primeira medalha da história em um esporte coletivo, no
torneio masculino de handebol, na última final dos Jogos.
O último dia da Olimpíada de
Pequim não poderia ter sido
um retrato melhor sobre qual é
o saldo esportivo do evento.
O triunfo da China no quadro
geral de medalhas, o primeiro
de um país que não seja Estados Unidos ou União Soviética
em mais de 70 anos, é o fato
principal de uma das mais dramáticas mudanças do mapa dos
pódios olímpicos.
Mas não é o único.
Muitas das 958 medalhas
distribuídas em Pequim tiveram o gosto do novo, redesenharam a relação de forças e
colocaram um número recorde
de países em cima do pódio.
Foram 87 nações medalhadas, 55 no lugar mais alto. Os
recordes anteriores eram, respectivamente, 80 e 54.
E os países ricos perderam
espaço. Na edição anterior dos
Jogos, na Grécia, o grupo formado por EUA, Canadá, nações
européias, Austrália e Japão ficou com 684 medalhas, 213 delas de ouro. O restante dos países do mundo, teve, respectivamente, 245 e 88.
Agora, na China, com apenas
mais uma prova na disputa, os
ricos foram 651 vezes ao pódio,
191 no lugar mais alto dele. Os
"pobres" ganharam 307 medalhas, nada menos do que 111 delas do metal mais valioso.
Os EUA perderam para a
China, mas a Rússia, outra
grande potência do esporte na
história, sofreu um tombo feio
após baque por contusões e
uma enxurrada de afastamento
por causa de doping pouco antes da Olimpíada começar.
Foram 92 medalhas russas,
ou 20 a menos do que nos Jogos
de Atenas-2004, quando, como
agora, terminou na terceira posição no quadro de medalhas.
Pela primeira vez desde que a
União Soviética se desintegrou,
a maior e mais importante das
repúblicas que formavam o
país somou um número de pódios menor do que as outras
partes da antiga URSS.
As outras ex-repúblicas soviéticas somaram 99 pódios.
Os antigos satélites soviéticos na Europa também perderam espaço. Juntos, os países
do Leste Europeu que eram alinhados com os comunistas
conquistaram 18 medalhas de
ouro na China, contra 25 na
Grécia, há quatro anos.
No Caribe, quem ficou na
frente no quadro de medalhas
deste vez foi a Jamaica, que ganhou seis ouros, enquanto Cuba passou em branco no lugar
mais alto do pódio no boxe e
ainda perdeu a decisão do beisebol, o esporte nacional, para a
Coréia do Sul. Os cubanos, que
já rivalizaram com os EUA no
Pan, ficaram atrás até do Brasil.
Os sul-coreanos, aliás, foram
uma das grandes surpresas dos
Jogos. Ganharam um ouro na
natação pela primeira vez. No
total, foram quatro ouros a
mais do que na Grécia, fazendo
o país subir duas posições -terminou na sétima posição.
Outros asiáticos também saborearam resultados positivos.
Mongólia, Tailândia e Coréia
do Norte conquistaram, cada
um, duas medalhas de ouro.
Para o lugar mais alto do pódio foram, entre outros países
do maior continente do mundo, Indonésia, Índia, Bahrein,
Irã e Uzbequistão.
32 POSTOS
ascendeu a Grã-Bretanha
no quadro de medalhas
da Olimpíada nos últimos
12 anos. No grupo que
disputa as primeiras posições, ninguém lucrou
tanto como ela. O país ficou em quarto lugar, com
47 pódios, sendo que 19
no lugar mais alto. Um
feito para quem, em
Atlanta-1996, teve atuação de país médio, ficando atrás até do Brasil.
Nesses Jogos, os britânicos ficaram em 36º lugar,
com 15 medalhas, só
uma de ouro. O investimento do país no esporte
cresceu nos últimos
anos, desde que Londres
ganhou o direito de sediar a Olimpíada-2012. A
expectativa é que os britânicos tenham base forte para os Jogos em casa.
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