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FUTEBOL
Reflexões da meia-idade
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Se os times que disputam o
Campeonato Brasileiro fossem pessoas, estariam chegando
agora ao meio de suas vidas.
Esse momento costuma ser um
momento de análise e reflexão,
um instante em que, olhando para os nossos erros do passado, somos desafiados a tomar decisões
importantes, decisões que influenciarão diretamente o resto
de tempo que temos entre os vivos
(eu, por exemplo, comecei a comer brócolis).
Para uns, é a hora da grande virada, a hora de fazer mudanças,
de concentrar esforços naquilo
que é verdadeiramente importante e chegar ao auge da criatividade, ao cume das realizações.
Para outros, é apenas o instante
da pálida constatação de que nada pode ser feito, a não ser caminhar meio cabisbaixo no sentido
da irrefreável decadência.
Assim como nós, os times.
No meio de suas existências, eles
olham o futuro de maneiras bem
diferentes.
O Palmeiras exibe uma ruga de
apreensão. No meio do caminho
tinha uma pedra. Sem volantes
criativos, o time depende de Lopes, e Lopes, sem Pedrinho, é apenas um jogador a meio pau.
Misso continua omisso, e Donizete talvez fique bom para o Rio-São Paulo. Digamos que é um time que, quando pensa que é bom,
é regular, e, quando se dá conta
de que é apenas regular, até que
fica bom.
O São Caetano, por sua vez, enche-se de esperanças. Manteve o
técnico, manteve a base e a tática
meio insana, mas inteiramente
empolgante, de jogar para a frente. Tudo indica que chegará entre
os oito. Simão, Anaílson, Magrão
e os outros que vieram foram encaixados sem problemas, e o Azulão mostra que quer um lugar no
meio dos grandes.
O São Paulo continua precisando de uma sequência de bons resultados para acreditar em si
mesmo. Se Athirson e Dill vierem,
dificilmente ficará fora das finais,
pois hoje o tricolor tem um dos
melhores elencos do país.
A Macaca, agora dirigida por
Vadão, vive o mesmo problema
do São Paulo: o da irregularidade. A Ponte Preta definitivamente
não é um time para cardíacos. A
defesa, sem meios-termos, é uma
das piores do torneio e vem sendo
o ponto fraco do time.
Já o Santos, o ex-rei dos empates, cresce e espera a velhice com
um meio riso confiante no canto
da boca. O time marca bem e ainda tem laterais rápidos e ofensivos que aparecem como boa opção de ataque. Essa, aliás, parece
ser uma autêntica linha de frente
dos tempos modernos: Russo,
Marcelinho, Viola, Robert e Leo.
Pena que o time tenha perdido
pontos tão bobos no início do
campeonato.
Corinthians e Lusa parecem times pela metade e não mostram
ter meios de acesso para uma vaga na decisão.
A Lusa parece que se contenta
em não ser notada, mas o Corinthians tinha grandes pretensões e
sonhou para si grandes destinos.
Está difícil, mas o time pode reagir. Ainda mais se vieram os prometidos André Luiz e Vágner.
Por fim, os times dos zé mários:
Guarani e Botafogo. O primeiro
recuperou-se e já ambiciona a
medianidade. Quanto ao Botafogo, tem poucas esperanças. O
elenco desfez-se da noite para o
dia e agora, de bengala à mão, caminha para a hora do adeus.
Enfim, para nós que estamos na
meia-idade, é melhor definir os
objetivos e pôr mãos (ou pés) à
obra. Mesmo porque já não temos
muito tempo.
Substituições
Algumas substituições são
redundâncias: Kim por Guilherme, Roni por Magno Alves, Galeano por Flávio, Rogério por Otacílio, Fábio Costa por Pitarelli, ACM por Jáder Barbalho, Jáder por Rames Tebet. Sai o ex-Sudam,
entra o ex-Sudeco.
Pós-Pelé
Viola alcançou os 59 gols no
Santos. Seus próximos alvos
são Macedo, 64; Giovanni, 69;
e Guga, 74. Se quiser ser o
maior artilheiro santista da
era pós-Pelé, terá que superar
Serginho e João Paulo, autores de 104 gols com a camisa
alvinegra. Não é impossível.
Lei não escrita
Já notou que, quando um time está em má fase, os juízes
tendem a apitar mal, como se
houvesse uma lei não escrita
dizendo que o tal time tem
que afundar? Que o digam os
corintianos, doidos com Wilson de Souza Mendonça.
E-mail: torero@uol.com.br
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