São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 2002

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FUTEBOL

Novo técnico da seleção

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

A CBF anunciou que somente em janeiro irá escolher os técnicos das seleções principal e olímpica. Outro treinador, provavelmente Felipão, será homenageado e convidado para dirigir a equipe nos amistosos deste final de ano.
Muito mais importante do que um nome é a CBF dizer claramente se a indicação do novo técnico em janeiro será para valer. Felipão também não definiu se sua saída será definitiva. Se continuar nebuloso, o novo treinador não terá tranquilidade para trabalhar. Na primeira derrota, pedirão o técnico do penta, que poderá voltar nos braços da galera. Não será isso que ele deseja?
Quem seria o melhor substituto do Felipão? Luxemburgo disse, no domingo à noite, no programa SportsCenter da ESPN Brasil, que a escolha de alguns treinadores, como Parreira, independe dos resultados no Campeonato Brasileiro-2002.
O técnico do Cruzeiro não disse o seu nome, para parecer humilde, mas, pelos seus gestos, fisionomia, maneira de ajeitar os óculos e passado, ficou claro que ele também se inclui no perfil dos treinadores que não precisam provar nada. A mensagem analógica, subjetiva, é muito mais rica que a digital, com palavras.
Parreira é o único dos técnicos que não precisa brilhar neste campeonato. Ele já é o preferido, mas não quer mais o cargo. Talvez Felipão siga os passos do treinador do Corinthians. Não querem arriscar o prestigio. É compreensível. O mesmo aconteceu com outros técnicos e atletas, em todo o mundo, apesar de darem sempre uma explicação mais nobre para saírem da seleção.
Muitos jornalistas esportivos e torcedores, insistem que o Luxemburgo é o mais cotado e preparado para substituir o Felipão. Falam que ele só foi dispensado da seleção brasileira por causa de problemas particulares. Não é verdade. Ele saiu também por problemas técnicos.
A eliminação do time olímpico para os nove jogadores de Camarões foi um dos maiores vexames do futebol brasileiro. A equipe principal perdeu feio para a do México na final da Copa das Confederações. A conquista da Copa América não foi expressiva, já que as outras seleções atuaram com equipes reservas. O Brasil jogou com o time titular, com os dois Ronaldinhos, Rivaldo e Roberto Carlos. Aí ficou fácil.
Luxemburgo perdeu o título de melhor treinador do Brasil e terá de recuperá-lo no campo. Após sair da seleção, teve passagens discretas no Corinthians, no Palmeiras e no Cruzeiro (até o momento).
Há bons treinadores no Brasil, do mesmo nível técnico, em condições de substituir o Felipão. Luxemburgo é apenas um deles.

Tempo de mudanças
O presidente do Botafogo, Mauro Ney Palmeiro, disse que o elenco do clube, com Lúcio, Galeano, Odvan e outros jogadores conhecidos, é superior ao de muitas equipes mais bem classificadas no Brasileirão. Pode ser. Por outro lado, o dirigente confunde jogador conhecido, famoso, com bom jogador.
Há muitos jogadores conhecidos no futebol brasileiro que tiveram raríssimas e excelentes passagens em clubes de tradição, mas que nunca mais jogaram nada.
São tantos exemplos. Com a ajuda de empresários e a conivência de clubes e alguns treinadores, esses jogadores medianos, para não dizer medíocres, pulam de um clube para outro, ganhando ótimos salários, muito maiores do que merecem. Foram carimbados como jogadores de time grande.
Ao contrário, existem bons jogadores de pequenos clubes, muitos da Série B, que nunca tiveram chance de jogar numa grande equipe. Talvez nunca tenham tido empresários espertos. Quando o São Caetano começou a ganhar dos "grandes", a maior parte dos jogadores atuava na Série B há muitos anos. Não eram jovens promissores.
É também muito mais fácil brilhar individualmente e formar um bom time com jogadores medianos em pequenos do que em grandes clubes. As referências e as cobranças são bastante diferentes. As equipes consideradas pequenas, como o Juventude, treinam mais tempo para o Brasileiro, já que jogam menos outras competições.
As coisas estão tão ruins para o Botafogo que, mesmo com mais tempo para treinar -por não ter disputado a Copa dos Campeões-, o time faz péssima campanha no Nacional. Não basta substituir o técnico. É preciso trocar a diretoria e as idéias. Esse é um tempo de grandes mudanças.

E-mail
tostao.folha@uol.com.br



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