São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2004

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OUTRO LADO

Citadini atribui transações a um agente de seguro

DA REPORTAGEM LOCAL

Antonio Roque Citadini, vice-presidente de futebol do Corinthians, afirmou que as transações com empresas controladas por doleiros envolvendo seu nome podem ter sido feitas por um agente de seguros. O dirigente, porém, se negou a revelar o nome dele e se limitou a mostrar apenas uma apólice de seguro internacional de viagem de 1998. (EAR, RP E RV)
 

Folha - Na base de dados do MTB Bank aparecem movimentações em seu nome...
Antonio Roque Citadini -
Qual é o valor que apareceu?

Folha - Um é de US$ 3.703.
Citadini -
Isso deve ser hotel.

Folha - O senhor não tinha dito que poderia ser seguro?
Citadini -
Não, o seguro é mais. Está gravando?

Folha - Está.
Citadini -
Não precisa gravar porque eu conto pra vocês e mostro. É mais antigo [mostra uma apólice de seguro de 1998 de US$ 27 mil do American Bankers Insurance Group] e tem um valor até maior. É um seguro de família. Você paga por ano.

Folha - Como é feito?
Citadini -
Pago para a seguradora aqui e faço exames médicos, tiro sangue, faço check-up e o seguro te garante lá fora. Ele é feito para seis pessoas. Por isso, eu não sei exatamente o valor porque ele varia em cada ano pelo número de pessoas que você põe no seguro.

Folha - Mas o senhor lembra do ano? Porque essa movimentação [US$ 3.307] foi paga para uma empresa [Venus] controlada por doleiros...
Citadini -
O problema de ser pago por uma empresa é que eu entrego [o dinheiro] para a empresa aqui.

Folha - Para a seguradora?
Citadini -
É. Inclusive isso aqui não é evasão de divisas. Eu sei que esse negócio [as movimentações do MTB Bank] é de gente que pega dinheiro e manda dinheiro para fora. Isso aqui é pagamento para eles. Eles trabalham com doleiro, que eu nem sei quem é. Eu entrego o dinheiro para o representante deles e ele manda pra lá. Depois eu recebo uma carta avisando que eu paguei.

Folha - Mas saiu de uma conta que está em seu nome e foi para a empresa dos doleiros...
Citadini -
Não, conta minha não. Só se o cara abriu e depositou em meu nome.

Folha - O senhor não tem conta em nenhum banco no exterior?
Citadini -
Não.

Folha - No JP Morgan Chase?
Citadini -
JPM? Deus me livre.

Folha - Lloyds?
Citadini -
Também não. De onde é?

Folha - De Miami.
Citadini -
Pode ser que eles receberam e depositaram. Nem conheço Miami.

Folha - O senhor conhece a Digital [empresa controlada por doleiros que recebeu US$ 136.928,00 de contas em nome de A. Citadini]?
Citadini -
Não.

Folha - Estou perguntando porque são três transações que saem do JP Morgan e vão para essa empresa....
Citadini -
Nunca tive conta no JP Morgan. Eu vou tentar localizar o agente de seguros. Eu entrego o dinheiro para ele, em real, ou até posso ter entregue em dólar.

Folha - Veja os registros, não é seu nome que está aqui?
Citadini -
Eu até achei que poderia ser um nome parecido com o meu [ao verificar as transações em nome de A.Citadini], mas o dele é Citadino.

Folha - O senhor nunca transacionou com doleiros?
Citadini -
Não, nunca. Que eu use doleiro é só nesse caso [da aquisição de seguro]. Mas tenho impressão que tem algum tipo de controle em meu nome, porque depois vem uma carta da seguradora no meu nome [atestando o pagamento].

Folha - O senhor não fica preocupado com seu nome nessas operações?
Citadini -
Agora fico. Antes eu não ficava.

Folha - O que o senhor pretende fazer?
Citadini -
Vou ver essa história do JP Morgan Chase. Nem sei por onde começar.

Folha - O senhor acha que possam ter aberto uma conta em seu nome?
Citadini -
Acho que não. Podem ter feito pagamento em meu nome. O doleiro. O doleiro não, o agente usado para fazer o pagamento.


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