São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2004

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AUTOMOBILISMO

Com títulos já decididos, escuderias focam marketing no primeiro GP no país asiático

BAR lidera jogo de sedução da F-1 na China

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A XANGAI

Mercado. Em alemão, Markt. Market, em inglês. Shichang, em chinês, shi joh, em japonês; e por aí vai. O mote do primeiro GP da China, e razão de sua existência, deixa os suntuosos escritórios do paddock de Xangai para entrar na pista na próxima madrugada.
Com o Mundial de Pilotos nas mãos de Michael Schumacher e o título de Construtores assegurado pela Ferrari, o único e grande apelo da corrida chinesa para as escuderias é seduzir o público do país. O segundo mercado do planeta.
A ponto de isso interferir na competição e na relação de forças da categoria. Os primeiros treinos livres para a prova já deixaram claro qual é o plano das equipes.
Para uma delas, em especial, é a "corrida da vida". Sensação desta temporada, só atrás da Ferrari no Mundial, a BAR não poderia imaginar chance e cenário melhores para sua primeira vitória.
E não é tão improvável. O GP da China, 16ª etapa do campeonato, acontece a partir das 3h (horário de Brasília) de amanhã, com TV.
A definição do grid de largada ocorreria na madrugada de hoje.
"Obviamente estou muito feliz por ter sido o mais rápido nas duas sessões", disse um entusiasmado Anthony Davidson, depois dos dois treinos de ontem.
O inglês, piloto de testes da BAR e coadjuvante ao longo da temporada, foi o mais veloz do dia, com 1min33s289, oito décimos melhor do que o segundo colocado, Jenson Button, a estrela do time.
Não por coincidência, Davidson foi à pista com um modelo diferente, pintado de azul e amarelo, com o logotipo da 555, marca de cigarros carro-chefe da BAT (British American Tobacco) na Ásia. Não por coincidência, o carro estava com tanque vazio. Não por coincidência, a foto estará em todos os jornais chineses. Um golpe de marketing, enfim.
Nenhum outro time levou tão a sério a viagem à China como a BAR. Fundada em 1999 e financiado pela BAT, um dos maiores grupos fabricantes de cigarro do mundo, a equipe sabe que pode ter alguma chance de vitória -e talvez a última por algum tempo.
Primeiro porque o autódromo é novo, o que nivela a competição. Segundo porque Button está de partida, com contrato já assinado com a Williams para 2005.
Um triunfo daria novo impulso ao time e seria importantíssimo na luta com a Renault pelo segundo lugar no Mundial de Construtores. E ainda ajudaria na sobrevida da equipe, de futuro incerto pós-2006, quando começa o veto mundial à publicidade tabagista.


NA TV - GP da China, Globo, ao vivo, às 3h de domingo


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