FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

Fábio Vasconcellos e Andreonni Fabrizius não são portadores de deficiência, mas já garantiram pelo menos a medalha de prata na Paraolimpíada de Atenas.
Eles serão os primeiros atletas nessa condição do país a subirem ao pódio paraolímpico. Ambos atuam como goleiros da seleção de futebol de 5 (para cegos), cujo regulamento permite que o jogador desta posição enxergue.
"Eu pensava que era muito fácil jogar contra jogadores cegos, mas mordi a minha língua", disse Vasconcellos, titular do Brasil, que jogava futsal. "É preciso um reflexo muito mais apurado."
Em quadra das dimensões da de futsal, a atuação do goleiro fica limitada a uma área de 5 m x 2 m.
"Como não olham quando chutam e às vezes o chute não sai perfeito não dá para tentar antecipar", disse o goleiro de 30 anos.
A posição também requer que o jogador oriente seus companheiros, que atuam com uma venda para evitar que atletas com visão parcial levem vantagem.
"O goleiro representa 60% da equipe", afirma Anderson Fonseca, da seleção brasileira.
Com quatro vitórias em quatro jogos em Atenas e com Vasconcellos invicto, o Brasil já está na final da Paraolimpíada, que incluiu a modalidade em seu programa pela primeira vez.
Seu rival, na terça, será a Argentina, atual campeã mundial, que ontem foi derrotada por 2 a 0. Amanhã, o Brasil enfrenta a Grécia para cumprir tabela.
Além do pódio histórico do futebol de 5, o Brasil conquistou seis medalhas ontem.
No atletismo, Adria Santos foi prata nos 200 m, Maria José Alves foi bronze nos 100 m, e Odair dos Santos foi prata nos 5.000 m. Os três são deficientes visuais.
Os outros três pódios vieram na piscina. Ivanildo Vasconcelos e Francisco Avelino foram prata e bronze nos 100 m peito.
O revezamento 4 x 50 m livre ganhou a prata. Clodoaldo Silva, que já havia obtido três ouros, voltou ao pódio com Joon Sok Seo, Luis Silva e Adriano Lima.