São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2008

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Pilotos da F-1 fingem estar na Europa

Para não perder rendimento, estratégia dos times em Cingapura é retardar a chegada e evitar viver no fuso do país

"Não se adaptar ao horário será muito mais difícil, pois o corpo naturalmente tende a querer se adaptar", afirma Hamilton, que acorda às 14h


Red Bull Gepa/Reuters
Circuito de Cingapura, que recebe GP noturno

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A CINGAPURA

Acordar depois de meio-dia, tomar café da manhã por volta das 14h e jantar às 3h da manhã. E só voltar para a cama quando o dia já estiver amanhecendo.
Apesar de não se parecer em nada com o estilo de vida de atletas profissionais, esta será a rotina dos 20 pilotos que neste domingo participam do GP de Cingapura, 15ª etapa do Mundial de F-1 e primeira prova noturna da história da categoria.
Mecânicos, engenheiros, dirigentes, pilotos e todo o entorno da F-1, acostumados a horários praticamente idênticos independentemente da parte do mundo em que estejam, terão que se readaptar em Cingapura, já que a largada está marcada para as 20h locais.
Para quem estiver longe, porém, não haverá mudanças.
No Brasil e na Europa, a corrida será às 9h e às 14h, respectivamente, como acontece nas etapas européias durante a maior parte da temporada.
Como o calendário do final de semana inteiro foi empurrado para a noite e o trabalho nas pistas vai até bem depois dos treinos, com reuniões entre pilotos e engenheiros, "briefings" dos pilotos, entrevistas e outros compromissos, todas as equipes optaram por permanecer no fuso horário europeu.
"Nosso médico preparou um calendário bastante rígido para nós porque os treinos acontecerão muito tarde", afirmou Lewis Hamilton, líder do Mundial, que está "autorizado" a acordar somente às 14h.
"Nosso pico de performance tem que ser à tarde, por isso será bem diferente. Não se adaptar ao horário local será muito mais difícil, porque nosso corpo naturalmente tende a querer se adaptar", completou ele, que chegou a Cingapura anteontem, vindo de Paris, onde participou, sem sucesso, da audiência para tentar reaver sua vitória no GP da Bélgica.
Esta, aliás, foi outra tática bastante utilizada pelas equipes. Retardar ao máximo a chegada de seus pilotos ao país, para que eles não fiquem tentados a entrar no horário local. Algo bastante incomum, especialmente para corridas distantes da Europa, quando todos tentam chegar antes para poderem se adaptar lentamente.
Ontem, por exemplo, o aeroporto de Cingapura esteve bastante movimentado. Jenson Button, Kimi Raikkonen e Fernando Alonso foram alguns dos que chegaram no início da noite à cidade que recebe pela primeira vez a F-1 -Felipe Massa desembarcou anteontem.
Alonso não perdeu tempo. Por volta das 22h já caminhava, mapa na mão, pelas ruas do circuito, acompanhado de membros da Renault, entre eles Nelsinho Piquet e Lucas di Grassi, piloto de testes do time.
Outros preferiram fazer o reconhecimento da pista e aproveitar para manter o preparo físico, como Timo Glock, da Toyota, que correu pelo traçado, e David Coulthard, da Red Bull, que o fez de bicicleta.
"Fizemos questão de preparar com bastante cuidado nossa agenda para o final de semana. Temos de nos concentrar em descansar e nos alimentar corretamente para que nosso corpo esteja pronto para reagir da maneira certa quando solicitado", disse Button, da Honda.
Esta inclusive é uma grande preocupação das equipes.
"Acho que o maior desafio vai ser evitar o fuso horário e o cansaço, porque é justamente aí que os erros podem acontecer", falou Mike Gascoyne, chefe técnico da Force India.


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