São Paulo, domingo, 25 de outubro de 2009

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PAULO VINICIUS COELHO

Infeliz aniversário


À parte do que seu presidente fala, o Corinthians não é hoje sombra do que já foi neste ano e, sonha-se, será em 2010


HOJE O CORINTHIANS completa exatamente um ano de seu acesso. Foi em 25 de outubro de 2008 que Douglas e Chicão fizeram os gols da redenção, na vitória por 2 a 0 sobre o Ceará. No aniversário de um ano, o Corinthians volta ao Pacaembu para enfrentar o Cruzeiro de um jeito diferente do planejado. É o modesto 11º colocado do Brasileiro. Nesta data querida, o time não tem nem sequer o orgulho de ser o melhor caçula do campeonato -o Avaí também subiu no ano passado e está em décimo lugar.
Mas não diga que o ano foi ruim. O Corinthians ganhou o Paulistão invicto, como nenhum clube conseguia desde 1972, conquistou a Copa do Brasil, classificou-se para a Libertadores do ano de seu centenário.
São duas faces da mesma moeda. Um lado é o desapontamento até de Mano Menezes com o que o time não faz no Brasileirão. Há justificativas, como a sequência de lesões nos últimos três meses. Se o Corinthians organizasse um campeonato interno, o time do departamento médico seria o mais forte: Felipe, Alessandro, Chicão, William e Marcelo Oliveira; Jucilei e Elias; Jorge Henrique, Morais e Dentinho; Ronaldo.
Dos titulares de hoje, só Marcelo Mattos não havia passado pelo DM.
Sem contar os reservas que visitaram o consultório do doutor Paulo de Faria, como o volante Edu, que só retorna hoje à equipe.
Mesmo levando isso em consideração, é impossível esquecer a frase do presidente Andres Sanchez na semana em que vendeu Douglas, pouco depois de negociar Cristian e André Santos com o Fenerbahçe: "Nós vamos brigar na parte de cima da tabela até o fim, pode ter certeza disso". Não brigou.
A decepção causada pela campanha ruim justifica o título desta coluna, mas é também o símbolo de como as coisas melhoraram em um ano. Se você acha que o Corinthians deveria estar melhor, é justamente porque o time deu provas de que não era de Série B, como muita gente insistia em dizer naquele 25 de outubro de 2008.
De novo, a outra face da moeda.
Em um ano, o Corinthians voltou a ser respeitado por suas conquistas, fez Ronaldo jogar sete partidas seguidas, o que não acontecia em sua carreira desde a Copa de 2002, montou a célula da equipe para o centenário. "Se vamos ser campeões eu não sei, mas vamos ter um time para brigar por tudo", promete o presidente Andres Sanchez.
A declaração pode ficar no papel, como a de se manter na luta no Brasileirão. Mas não é a única promessa. Andres promete o CT do Parque Ecológico pronto no início de 2010 e o Parque São Jorge aberto para alguns jogos. E também o maior patrocínio do futebol mundial... Uhn! Por enquanto, tem certeza de que cobrará o ingresso mais caro do país.
De tudo o que diz o presidente, o mais palpável é o time forte para tentar ganhar a Libertadores no ano do centenário. Obra que, se confirmada, valerá o crédito a Mano Menezes. Nessa, vale a lembrança de que o técnico e o presidente insistiam em dizer, há um ano, que o "time de Série B" daria glórias em 2009. Deu mesmo. Estar em 11º lugar é muito menos do que o Corinthians precisa. Mas convenhamos: o feliz aniversário que interessa é em 1º de setembro do ano que vem.

pvc@uol.com.br


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