São Paulo, domingo, 25 de outubro de 2009

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Com Chávez, maior demolidor do boxe é vetado nos EUA

Tatuado com a bandeira venezuelana e o rosto do presidente no peito, Edwin Valero se define como um "revolucionário"

Com dois títulos mundiais, lutador, que nocauteou todos seus 25 oponentes, vê motivação política para seu exílio de ringues americanos

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

O maior nocauteador do boxe leva o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, no peito.
De forma literal e figurada.
Nenhum dos 25 adversários de Edwin Valero, 27, dono do cinturão leve do Conselho Mundial de Boxe e ex-campeão pela Associação Mundial de Boxe, ficou em pé na frente do venezuelano, um autointitulado ""revolucionário" que tatuou a bandeira da Venezuela e o rosto de Chávez no peito.
""Jamais na história da Venezuela haverá alguém com tantas boas intenções [como Chávez]", foi um dos comentários de Valero à Folha, em entrevista obtida via assessores e intermediada por órgãos governamentais da Venezuela.
Porém o próprio boxeador crê que sofre represálias por sua admiração por Chávez.
Apesar de especialistas apontarem Valero como um dos melhores boxeadores da atualidade, independentemente da faixa de peso, o venezuelano está ""exilado" do principal centro do esporte, os EUA.
Primeiro, as comissões atléticas dos EUA lhe negaram licença por motivos médicos: um acidente com motocicleta teria causado dano cerebral.
Tornou-se, então, um peregrino do pugilismo, com passagem em ringues de Venezuela, Japão, Panamá, México e França, cujos médicos não detectaram problemas de saúde que pudessem tirá-lo dos ringues.
Há poucos meses, estreou nos EUA em programação da HBO, após acordo com a Top Rank, uma das maiores firmas promotoras de boxe dos EUA.
Com Robert Alcazar, técnico de Oscar de la Hoya, em seu córner, Valero demoliu o veterano Antonio Pitalua e potencializou o interesse a seu redor.
Mas o seu segundo combate nos EUA, previsto para 14 de novembro, foi abortado quando Valero teve rejeitado o visto de trabalho norte-americano.
Trata-se da mesma programação na qual lutará o filipino Manny ""Pacman" Pacquiao, melhor lutador da atualidade, a quem Valero quer enfrentar.
""É claro que houve [motivação política]. Isso está completamente claro. Sempre me caracterizei por seu um revolucionário. Há coisas mais importantes do que o dinheiro [que poderia ganhar com combates nos EUA]", disse Valero.
Fonte ligada à Top Rank apresenta versão diferente sobre o lutador, que se tornou pugilista depois que seu chefe em uma loja de peças de bicicletas, que treinava boxe, incentivá-lo.
À Folha confidenciou que a razão para o governo americano não conceder o visto ao ""Inca" seria o fato de ele ter batido o carro ao dirigir embriagado e, em vez de procurar as autoridades, ter voltado à Venezuela.
Independentemente do motivo, o fato é que Valero amarga exílio dos EUA. Um plano ""B" seria se apresentar em uma série de programações no México que a Top Rank espera fechar.
E, sim, Hugo Chávez é um fator decisivo em sua carreira.
""A tatuagem é de Chávez. Ele fez há um ano, já esteve com ele [Chávez] algumas vezes. Mas não é bom falar sobre isso, por causa dos patrocinadores aqui [nos EUA], você sabe", confidenciou Reynaldo Solorzano, assessor de imprensa de Valero quando este está nos EUA.
Porém Solorzano deixou escapar que há uma blindagem, pois nem ele tem acesso a Valero quando o boxeador está ""em casa". Comunicação, neste caso, só mesmo por e-mail.
Enquanto isso, apesar de não pisar nos EUA, suas performances são acompanhadas no país por vídeos na internet e publicações especializadas.


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