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Com Chávez, maior demolidor do boxe é vetado nos EUA
Tatuado com a bandeira venezuelana e o rosto do presidente no peito, Edwin Valero se define como um "revolucionário"
Com dois títulos mundiais, lutador, que nocauteou todos seus 25 oponentes, vê motivação política para seu exílio de ringues americanos
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O maior nocauteador do boxe leva o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, no peito.
De forma literal e figurada.
Nenhum dos 25 adversários
de Edwin Valero, 27, dono do
cinturão leve do Conselho
Mundial de Boxe e ex-campeão
pela Associação Mundial de
Boxe, ficou em pé na frente do
venezuelano, um autointitulado ""revolucionário" que tatuou
a bandeira da Venezuela e o
rosto de Chávez no peito.
""Jamais na história da Venezuela haverá alguém com tantas boas intenções [como Chávez]", foi um dos comentários
de Valero à Folha, em entrevista obtida via assessores e intermediada por órgãos governamentais da Venezuela.
Porém o próprio boxeador
crê que sofre represálias por
sua admiração por Chávez.
Apesar de especialistas
apontarem Valero como um
dos melhores boxeadores da
atualidade, independentemente da faixa de peso, o venezuelano está ""exilado" do principal
centro do esporte, os EUA.
Primeiro, as comissões atléticas dos EUA lhe negaram licença por motivos médicos:
um acidente com motocicleta
teria causado dano cerebral.
Tornou-se, então, um peregrino do pugilismo, com passagem em ringues de Venezuela,
Japão, Panamá, México e França, cujos médicos não detectaram problemas de saúde que
pudessem tirá-lo dos ringues.
Há poucos meses, estreou
nos EUA em programação da
HBO, após acordo com a Top
Rank, uma das maiores firmas
promotoras de boxe dos EUA.
Com Robert Alcazar, técnico
de Oscar de la Hoya, em seu
córner, Valero demoliu o veterano Antonio Pitalua e potencializou o interesse a seu redor.
Mas o seu segundo combate
nos EUA, previsto para 14 de
novembro, foi abortado quando Valero teve rejeitado o visto
de trabalho norte-americano.
Trata-se da mesma programação na qual lutará o filipino
Manny ""Pacman" Pacquiao,
melhor lutador da atualidade, a
quem Valero quer enfrentar.
""É claro que houve [motivação política]. Isso está completamente claro. Sempre me caracterizei por seu um revolucionário. Há coisas mais importantes do que o dinheiro
[que poderia ganhar com combates nos EUA]", disse Valero.
Fonte ligada à Top Rank
apresenta versão diferente sobre o lutador, que se tornou pugilista depois que seu chefe em
uma loja de peças de bicicletas,
que treinava boxe, incentivá-lo.
À Folha confidenciou que a
razão para o governo americano não conceder o visto ao ""Inca" seria o fato de ele ter batido
o carro ao dirigir embriagado e,
em vez de procurar as autoridades, ter voltado à Venezuela.
Independentemente do motivo, o fato é que Valero amarga
exílio dos EUA. Um plano ""B"
seria se apresentar em uma série de programações no México
que a Top Rank espera fechar.
E, sim, Hugo Chávez é um fator decisivo em sua carreira.
""A tatuagem é de Chávez. Ele
fez há um ano, já esteve com ele
[Chávez] algumas vezes. Mas
não é bom falar sobre isso, por
causa dos patrocinadores aqui
[nos EUA], você sabe", confidenciou Reynaldo Solorzano,
assessor de imprensa de Valero
quando este está nos EUA.
Porém Solorzano deixou escapar que há uma blindagem,
pois nem ele tem acesso a Valero quando o boxeador está ""em
casa". Comunicação, neste caso, só mesmo por e-mail.
Enquanto isso, apesar de não
pisar nos EUA, suas performances são acompanhadas no
país por vídeos na internet e
publicações especializadas.
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