São Paulo, domingo, 25 de outubro de 1998

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JUCA KFOURI

'Ladrão, ladrão!'

Wanderley Luxemburgo reclama, com razão, do erro de arbitragem cometido contra o Corinthians diante do Paraná Clube, em Curitiba.
Já o goleiro paranaense diz que se erro houve (e houve) foi o primeiro a favor do seu time neste campeonato.
O Vasco, por seu lado, chia, com justiça, de dois prejuízos graves em partidas contra o São Paulo e contra o Inter.
Mas também São Paulo e Inter têm do que reclamar, assim como o Vasco já foi bastante favorecido pelas arbitragens em particular e pela politicagem em geral.
É a velha ladainha de sempre: quem é prejudicado berra e quem é favorecido cala.
E não será preciso repetir que erros de arbitragem acontecem no Brasil na mesma medida em que acontecem pelo mundo afora, embora, pelos precedentes, aqui sempre se desconfie de esquemas e armações.
Se, por exemplo, o árbitro de Paraná Clube e Corinthians estivesse mal intencionado, não teria expulsado um jogador local num lance que poderia ser interpretado como acidente de trabalho.
Nossos árbitros são mesmo ruins, como são os do mundo inteiro, principalmente quando confrontados com as imagens da TV.
O técnico Leão vive alertando para os erros que têm prejudicado o Santos, como reclamava quando no Galo.
Na maioria das vezes ele tem razão e mesmo quando não tem, é como se tivesse, tantos são os absurdos.
Meu pai gostava de contar que quando era menino ia aos estádios com um certo seu Antônio, português e corintiano que, mesmo antes da entrada do trio de arbitragem no gramado, ficava gritando com seu sotaque carregado: "Ladrão, ladrão!". "Mas o jogo nem começou, seu Antônio?", reagia aturdido meu pai ainda criança.
"É pra sabeire, é pra sabeire", explicava o português.
É isso. São todos, por definição, ladrões, razão pela qual há que se jogar mais e reclamar menos.
Porque embora tenha sido escandaloso o equívoco contra o Corinthians, ainda havia tempo mais que suficiente para que um dos líderes do campeonato, 11 contra 10, vencesse um dos lanternas.
Enfim, o campeonato, dentro do campo, está com ótimo nível técnico, gols em profusão, atrações para todo lado, como há tempos não se via.
E está a mesma bagunça de sempre fora dele, o que explica que a presença do torcedor ainda seja muito menor do que os jogadores merecem.



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