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JUCA KFOURI
'Ladrão, ladrão!'
Wanderley Luxemburgo reclama, com razão, do erro de
arbitragem cometido contra o
Corinthians diante do Paraná
Clube, em Curitiba.
Já o goleiro paranaense diz
que se erro houve (e houve) foi
o primeiro a favor do seu time
neste campeonato.
O Vasco, por seu lado, chia,
com justiça, de dois prejuízos
graves em partidas contra o
São Paulo e contra o Inter.
Mas também São Paulo e Inter têm do que reclamar, assim
como o Vasco já foi bastante
favorecido pelas arbitragens
em particular e pela politicagem em geral.
É a velha ladainha de sempre: quem é prejudicado berra
e quem é favorecido cala.
E não será preciso repetir que
erros de arbitragem acontecem
no Brasil na mesma medida
em que acontecem pelo mundo
afora, embora, pelos precedentes, aqui sempre se desconfie de
esquemas e armações.
Se, por exemplo, o árbitro de
Paraná Clube e Corinthians estivesse mal intencionado, não
teria expulsado um jogador local num lance que poderia ser
interpretado como acidente de
trabalho.
Nossos árbitros são mesmo
ruins, como são os do mundo
inteiro, principalmente quando confrontados com as imagens da TV.
O técnico Leão vive alertando para os erros que têm prejudicado o Santos, como reclamava quando no Galo.
Na maioria das vezes ele tem
razão e mesmo quando não
tem, é como se tivesse, tantos
são os absurdos.
Meu pai gostava de contar
que quando era menino ia aos
estádios com um certo seu Antônio, português e corintiano
que, mesmo antes da entrada
do trio de arbitragem no gramado, ficava gritando com seu
sotaque carregado: "Ladrão,
ladrão!". "Mas o jogo nem começou, seu Antônio?", reagia
aturdido meu pai ainda criança.
"É pra sabeire, é pra sabeire",
explicava o português.
É isso. São todos, por definição, ladrões, razão pela qual
há que se jogar mais e reclamar menos.
Porque embora tenha sido
escandaloso o equívoco contra
o Corinthians, ainda havia
tempo mais que suficiente para
que um dos líderes do campeonato, 11 contra 10, vencesse um
dos lanternas.
Enfim, o campeonato, dentro
do campo, está com ótimo nível técnico, gols em profusão,
atrações para todo lado, como
há tempos não se via.
E está a mesma bagunça de
sempre fora dele, o que explica
que a presença do torcedor
ainda seja muito menor do que
os jogadores merecem.
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