da Reportagem Local

Os atletas da NBA estudam a promoção de um campeonato particular, como resposta à paralisação decretada há quatro meses pelos 29 times da liga norte-americana profissional de basquete.
O sindicato dos jogadores começou a tocar a idéia tão logo a justiça esportiva resolveu que as equipes não vão precisar pagar salários enquanto o locaute prosseguir.
Em conjunto com agentes dos atletas, já está contatando ginásios nas principais cidades dos EUA.
Algumas emissoras de TV, como a CBS, já manifestaram informalmente seu interesse no projeto.
A renda das partidas seria revertida a um fundo comum, e, aí sim, distribuída aos quase 400 jogadores que estão sem receber.
Astros como David Robinson, Charles Barkley e Tim Duncan já se colocaram à disposição caso o torneio saia do papel.
Na última quinta-feira, o trio participou, ao lado de outros 240 atletas, de uma reunião em Las Vegas, convocada a fim de debater a estratégia do sindicato diante do impasse laboral.
O encontro terminou com uma decisão unânime de reagir à ofensiva patronal -até o supercraque Michael Jordan, maior nome da história do basquete, referendou a resistência.

Divisão do bolo
Os donos resolveram, em 1º de agosto, fechar suas portas até que seja revisto o contrato coletivo de trabalho. Alegam que quase metade dos times registrou prejuízos na temporada 97/98. Dizem, ainda, que isso aconteceu em virtude da explosão da folha de pagamento -os jogadores estariam recebendo 57% do faturamento, quando fora acordado um teto de 52%.
Os atletas rejeitam esses cálculos sobre a divisão do bolo. Sugeriram uma auditoria independente nas contas da NBA -no que foram rechaçados. E repudiam as exigências das equipes, alegando que são exatamente os donos os responsáveis pelo estouro salarial -"se eles querem enxugar os gastos, então que se contenham, e não que venham tentar empurrar sua irresponsabilidade, e a conta, para nós", afirmou Patrick Ewing, presidente do sindicato.
Até agora, não há muitas perspectivas para uma solução.
O impasse obrigou a NBA a cancelar duas semanas do campeonato 98/99, que estava originalmente marcado para começar no dia 3.
Na próxima terça-feira, a liga deve anunciar o corte de mais duas semanas -totalizando um prejuízo de um sexto da temporada.
É a primeira vez nos seus 51 anos de vida que a NBA, um modelo de eficiência e organização nos esportes, é obrigada a alterar o seu calendário por razões administrativas.
Caso todo o campeonato 98/99 seja cancelado -o que deverá acontecer se o locaute avançar até a segunda quinzena de dezembro-, os prejuízos da NBA serão de pelo menos US$ 2 bilhões, assim repartidos: US$ 1,2 bilhão para os jogadores e US$ 900 milhões para os times.



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