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XADREZ
Rafael Leitão atinge o grau máximo da modalidade aos 18 anos e, junto com rival, quebra jejum de dez anos
Brasil tem seu mais novo grande mestre
FERNANDO ITOKAZU
da Reportagem Local
O maranhense Rafael Duailibe
Leitão, 18, é o mais jovem enxadrista brasileiro a conseguir o título de grande mestre internacional.
Antes dele, o brasileiro que conseguiu o título com menos idade
foi Henrique Mecking, o Mequinho, com 19 anos, em 1972.
A homologação do título -o
mais importante da modalidade-
aconteceu no último congresso da
Fide (Federação Internacional de
Xadrez), no início deste mês.
Junto com Leitão, o gaúcho Giovanni Vescovi, 20, também recebeu a distinção.
Para chegar no estágio máximo
do xadrez, Leitão e Vescovi cumpriram três normas estabelecidas
pela Fide e ultrapassaram 2.500
pontos de rating, uma espécie de
ranking da entidade.
O Brasil, que havia formado seu
último grande mestre em 1988,
possui agora cinco enxadristas
com esse título: Henrique da Costa
Mecking, o Mequinho, Jaime Sunye Neto, Gilberto Milos Júnior, Leitão e Vescovi.
Darci Lima possui o título, mas
está condicionado a conseguir
2.500 de rating.
"O segredo desses dois garotos é
que eles são muito talentosos e se
prepararam muito para atingir esse estágio", afirmou o presidente
da Federação Paulista de Xadrez,
José Alberto Ferreira Santos.
"Não foi fácil chegar até aqui. O
objetivo agora é continuar evoluindo e participar do Mundial",
afirmou Leitão.
O enxadrista disse que aprendeu
a jogar aos 6 anos com seu pai.
Com 9 anos, conquistou seu primeiro título, o de campeão brasileiro mirim.
Na mesma categoria, Leitão foi
vice-campeão mundial em Porto
Rico, em 89. Em 11 partidas disputadas, o brasileiro conseguiu 10 vitórias e 1 empate.
Dois anos depois, já na categoria
pré-infantil, o enxadrista consquistou o título no Mundial de
Varsóvia, na Polônia.
Morando com o "inimigo'
Em 94, Leitão recebeu um convite para competir defendendo a cidade de Americana (133 km a noroeste de São Paulo).
"Foi uma boa. Na época morava
em São Luís e perdia muito tempo
viajando, já que o centro do xadrez
no Brasil está aqui no Sul e no Sudeste", disse Leitão.
No interior de São Paulo, ele passou a dividir um apartamento com
o amigo e rival Vescovi.
"Foi muito importante para nossa evolução. Um observava o progresso do outro e ninguém queria
ficar para trás", afirmou.
"Muitos talentos se perdem no
caminho por causa de falta de estrutura. O intercâmbio que tivemos durante o tempo que moramos junto foi ótimo", disse Vescovi, que, assim como Leitão, aprendeu a jogar com o pai e alcançou o
vice-campeonato mundial na categoria mirim.
Em 96, Leitão conquistou mais
um título mundial, desta vez na categoria infanto-juvenil, em torneio
disputado na Espanha.
Os enxadristas dizem que os estudos consomem entre três e quatro horas diárias, em média.
"Em nossos treinos, buscamos
novas idéias, novas interpretações", afirmou Leitão, que diz possuir em seu computador um banco
de dados com mais de um milhão
de partidas.
Os dois continuam em Americana, mas não dividem mais o mesmo apartamento.
Leitão defende agora São Caetano do Sul, e Vescovi continua competindo por Americana.
Ambos recebem ajuda de custo
das prefeituras, têm patrocínio e
vivem exclusivamente do xadrez.
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