São Paulo, terça-feira, 25 de dezembro de 2001

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Artilheiro da competição pela 1ª vez, atacante entra para grupo seleto

Aos 35, Romário desafia recordes no Brasileiro...

Antônio Gaudério - 25.nov.01/Folha Imagem
Romário, que pela primeira vez em sua carreira foi artilheiro do Brasileiro, com 21 gols, neste ano


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ele tem cada vez menos condições físicas. Brigou com a própria torcida de seu time, que fez campanha fraca e nem passou da primeira fase da competição.
Mas, aos 35 anos, Romário, do Vasco, vai terminar um ano mais uma vez com grandes feitos na sua carreira profissional, em que já soma mais de 700 gols.
Pela primeira vez, o atacante terminou um Brasileiro no topo da artilharia, graças aos 21 gols que marcou na edição 2001.
No total, contando partidas oficiais e amistosos, ele marcou 50 vezes no ano, o que o coloca entre os três maiores goleadores do país na temporada que acabou anteontem com o título nacional do Atlético-PR sobre o São Caetano.
Assim, além de garantir para seus defensores mais argumentos na defesa da sua convocação para a disputa da próxima Copa, ele colocou mais destaque no seu nome em termos do principal campeonato do país.
Com os gols marcados em 2001, Romário passou a fazer parte da lista dos dez maiores artilheiros da história do Brasileiro.
No total, ele balançou a rede 94 vezes pela competição, o que o deixa em sétimo lugar no ranking de todos os tempos do torneio.
Se a chance de alcançar Roberto Dinamite, que marcou 190 gols pelo Nacional e é o maior goleador desse certame, é muito pequena, Romário pode se gabar de ter uma média maior do que outros grandes goleadores.
O vascaíno, que também disputou o Brasileiro pelo Flamengo, tem média de 0,61 gol por jogo que fez pela competição.
Dinamite, que alcançou seu recorde em quase 20 anos atuando no torneio, tem média de 0,51. Zico, grande desafeto de Romário e vice-líder entre os goleadores, tem a marca de 0,55.
O hoje vascaíno só não está mais perto de Dinamite por ter ficado boa parte da sua carreira fora do país. Entre 1988 e 1994, o artilheiro do Brasileiro-2001 não jogou a competição, já que defendeu o PSV (Holanda) e, depois, o Barcelona (Espanha) no período.
Se tivesse sua média histórica no mesmo número de jogos feitos por Roberto, Romário acumularia hoje 226 gols no Nacional.
O goleador teve seus melhores anos na competição justamente quando estava mais velho. No ano passado, quando conquistou o título, já havia marcado 20 vezes.
O atacante brilhou no Vasco mesmo tendo uma conturbada relação com o clube em 2001.
Depois de perder para o Flamengo a decisão do Estadual do Rio de Janeiro e da campanha ruim do time no Nacional, os torcedores, principalmente sócios de facções organizadas, vaiaram intensamente o jogador, que chegou a responder aos xingamentos com gestos obscenos.
O atacante creditou suas desavenças com os torcedores por se recusar a dar dinheiro a eles.
No final do ano, com seu contrato vencido, deixou de disputar o último jogo do Vasco no Brasileiro, contra o Santos, e foi viajar.
Um pouco antes, já havia se desgastado com companheiros e diretores da equipe por tentar evitar uma greve dos jogadores, que reivindicavam o pagamento de salários atrasados.
De volta ao Rio na semana passada, Romário exigiu que o clube, que passa por sérias dificuldades financeiras, pague o que lhe deve para renovar contrato por mais uma temporada.
"Eu sempre garanti que o Romário vai ficar no Vasco", afirma Eurico Miranda, presidente do clube de São Januário.
No próximo ano, caso permaneça no Vasco, o artilheiro do Brasileiro-2001 terá o Torneio Rio-SP como grande vitrine para tentar convencer Scolari a chamá-lo para o Mundial, competição que disputou duas vezes -em 1990 e 1994, quando foi o principal jogador na conquista do tetra.


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