São Paulo, sábado, 25 de dezembro de 2004

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Ciranda de técnicos invade o Natal e antecipa BR-05

Em seis dias, 11 treinadores de clubes da primeira divisão perdem o cargo, número que pode aumentar para 15 até o dia 31, superando o já movimentado pós-Nacional de 2003

TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ontem, em plena véspera de Natal, o Flamengo anunciou Júlio César Leal como o seu novo técnico para 2005. Na mesma toada, os rebaixados Grêmio e Vitória também apresentaram os seus novos comandantes para tentar trilhar o caminho de retorno à primeira divisão do Campeonato Brasileiro.
Enquanto o ex-zagueiro Hugo De León assumiu o time de Porto Alegre, em Salvador Renê Simões batia o martelo para dirigir o rubro-negro baiano.
Seis dias depois da rodada final do Nacional, 11 equipes da elite já dispensaram seus treinadores.
O número pode subir para 15 até o dia 31, pois quatro equipes ainda buscam a definição de um comandante: Atlético-MG, Paraná, Juventude e o ascendente Fortaleza, que perdeu anteontem Zetti para o São Caetano.
Irão se juntar a Atlético-PR, Criciúma, Cruzeiro, Figueirense, Flamengo, Fluminense, Goiás, Grêmio, Paysandu, São Caetano e Vitória, que não esperaram por 2005 para mudar.
No ano passado, que já registrara uma ciranda fora do comum, foram dez trocas de treinadores do fim do campeonato até o último dia do ano.
Uma das explicações para o atual frenesi no banco de reservas é a consolidação do Brasileiro de pontos corridos, sistema que premia o planejamento e costuma castigar o improviso.
Em alguns clubes, como Grêmio e Flamengo, a reformulação não se restringiu somente à saída dos técnicos Cláudio Duarte e Andrade, respectivamente.
Dirigentes remunerados também foram alvos das restruturações. No time gaúcho, Mário Sérgio foi contratado como diretor de futebol. No Flamengo, o caminho foi inverso para o ex-ídolo Júnior, demitido do cargo. "Infelizmente, aqui [no Flamengo] tem pessoas que são eleitas e se acham donas do clube. Esse conservadorismo acaba sendo um retrocesso para o clube", disse o ex-lateral.
Entre os quatro rebaixados do Brasileiro, três trocaram de técnico: Grêmio, Criciúma (demitiu Lori Sandri) e Vitória (mandou embora Evaristo de Macedo). O Guarani manteve Jair Picerni, mas carrega um recorde negativo. Foi a que mais mudou ao longo do torneio: Joel Santana, Zetti, Lori Sandri, Agnaldo Liz e Picerni.
"Agora temos que aprender as lições deste momento difícil", disse Picerni, que já passou uma lista de reforços para a diretoria visando a Série B do Brasileiro.
Entre os times que terminaram o torneio no bloco intermediário, como Fluminense e Cruzeiro, o processo de substituição também veio rápido. A equipe das Laranjeiras resgatou Abel Braga para o lugar de Alexandre Gama, enquanto o time mineiro demitiu Ney Franco para apostar no técnico vice-campeão: Levir Culpi.
O Figueirense, que surgiu como sensação ao figurar por algumas rodadas no topo da tabela, também apostou na mudança, e deu o bilhete azul para Dorival Júnior. Agora, a meta é buscar um recomeço com Paulo Comelli.
Já o Paysandu vai investir mesmo em Agnaldo de Jesus para começar 2005 na briga pelo título Estadual deste ano no Pará.
Primeiro técnico a fazer as malas após o fim da competição, Celso Roth deixou o Goiás e agora é alvo de times do exterior. Ele considera que o ritmo intenso de troca de treinadores acaba sendo normal por ser fim de temporada.
"Antes da última rodada já havia falado com a diretoria que estava saindo. Acho que fiz um trabalho bom no Goiás e tenho certeza de que a equipe poderia ter ido bem mais longe", afirmou o treinador, que foi substituído por Péricles Chamusca.


Colaborou Fábio Tura, do Datafolha


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