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Por US$ 15, tênis peita gigantes nos EUA
Produto lançado por armador da NBA vende 3 milhões de pares em 2 meses
Fabricante garante alta qualidade do calçado, que, no entanto, é reprovado
para as quadras por
revista especializada
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o garoto americano que
não pode pagar até US$ 200
(pouco mais de R$ 350) por um
"Nike LeBron James" ou um
"Adidas Kobe Bryant", eles são
revolucionários. Para quem os
calça nas quadras, uma dúvida.
O bilionário mundo da moda
esportiva dos EUA vive esse dilema nos últimos meses, quando uma associação entre um jogador da NBA e um fabricante
de roupas e calçados passou a
produzir tênis "de alta performance" por US$ 14,98, ou um
décimo do valor cobrado pelos
concorrentes mais famosos.
Os sócios são o armador Stephon Marbury, do New York
Knicks, e a rede Steve &
Barry's. O primeiro produto, o
"Starbury One", vendeu três
milhões de pares em apenas
dois meses e deu início a uma
coleção de outros calçados e peças de roupa que sempre custam menos de U$ 20 cada.
O sucesso foi tão grande que
outros esportistas famosos resolveram entrar na onda, como
Ben Wallace, um dos melhores
jogadores de defesa da história
da NBA, o golfista Bubba Watson e, mais recentemente, a tenista Venus Williams.
A idéia e o design agradaram.
Marbury foi aos mais famosos
programas da TV americana,
como o de Oprah Winfrey. Os
tênis ainda ganharam espaço
em editoriais de moda.
Mas também abriram um debate sobre se é possível vender
um tênis por US$ 15 com a mesma qualidade do que outros
muito mais caros. "Se você quebrar um tênis meu e outro de
US$ 150, verá que eles são idênticos", disse Marbury, lembrando que seu produto tem a
mesma origem (China) e o
mesmo material (couro) do que
os feitos por Nike ou Adidas.
Mas o produto foi testado pela "Consumer Reports", uma
revista independente especializada em "informar o público e
proteger os consumidores".
E o resultado foi negativo
quando o tênis foi usado para
jogar basquete. Por 15 dias, a revista fez com que nove jogadores de uma liga amadora utilizassem o "Starbury One". Seis
deles disseram ao final do teste
que não comprariam um par
para jogar. Segundo eles, o tênis
oferecia menos conforto, estabilidade e absorção de impacto
do que os concorrentes de marcas tradicionais. "Eles são bons
na rua, mas na quadra não são
grande coisa", disse à revista
Kishon Newton, um dos jogadores que participaram do teste. No entanto, ele elogiou o
produto por sua qualidade e
preço para "o uso diário".
Marbury e Wallace também
levaram as "pechinchas" para
os jogos da NBA, e isso foi um
tiro no pé no marketing.
Os dois, entre os mais bem
pagos da liga, estão em forte declínio técnico. Nesta temporada, a segunda em que usa seu
modelo de tênis, Marbury tem
a pior média de pontos e assistências de sua carreira.
Na atual edição, Ben Wallace
estreou seu modelo de US$ 15.
Machucou-se (alguns jogadores disseram que poderia ter sido culpa do tênis) e registra
suas piores médias de rebotes e
tocos nos últimos sete anos.
Mas os fatos negativos nas
quadras pouco importam no
mercado. Os tênis baratos ganharam o prêmio de melhor
produto do ano numa espécie
de Oscar da indústria do calçado. Nos subúrbios pobres, pais
elogiam a iniciativa por poderem presentear os filhos com
tênis iguais aos dos ídolos.
Repetem, assim, o pensamento da atriz Sarah Jessica
Parker, famosa pela série "Sex
and the City" e que também
tem uma linha de produtos
(sempre custando menos de
US$ 20 cada peça) pela Steve &
Barry's. "As mulheres deveriam ser capazes de ter belas
roupas e não mentir na cama à
noite se sentindo culpada de
quanto elas gastaram nelas."
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