São Paulo, sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

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Sem opção, Lars Grael busca dificuldade na star

De novo dedicado só ao esporte, velejador compete na classe que reúne a elite

Dono de duas medalhas olímpicas, atleta reconhece deficiência técnica, fruto da limitação física, para escorar embarcação em vento forte

Luciana Whitaker/Folha Imagem
Lars Grael treina na baia de Guanabara ao lado de Ronald Seifert para o Mundial de star do Rio

FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

A tarefa a que ele se propôs já seria enorme em condições "normais". Mas o desafio de enfrentar os melhores do mundo na vela motivou Lars Grael.
Com a perna direita decepada pela hélice de uma lancha em um acidente em 1998, ele ficou sem possibilidade de escolha nas classes olímpicas.
Dono de dois bronzes olímpicos (Seul-88 e Atlanta-96) na tornado, Lars, 45, sabia que só seguiria competitivo na star, que é um barco de dupla, no qual o proeiro assume a parte de equilíbrio e de força bruta.
"A star necessita de um velejador de muito conhecimento técnico, por isso você vê uma longevidade maior entre os timoneiros de star", explicou ele. "Eles podem não estar no auge da capacidade física, mas estão no do conhecimento técnico."
Por essas características, a star reúne a elite da vela, na qual acabam se concentrando os atletas mais experientes.
A concorrência é tão feroz, que, no Brasil, por exemplo, reúne os dois mais laureados velejadores do país -seu irmão Torben Grael e Robert Scheidt, ou nove medalhas olímpicas.
Mesmo assim, Lars conseguiu resultados bastante significativos em 2009. Foi medalha de bronze no Mundial da Suécia e terminou na 12ª colocação no ranking mundial após começar a temporada em 38º.
"A expectativa era ficar entre os 10 do Mundial e entre os 20 no ranking", afirmou Lars, que trocou de proeiro em junho.
"O Renato Moura era muito bom, mas nós não tínhamos o peso ideal", afirmou ele, explicando que a star é um barco cuja configuração exige uma distribuição de peso maior.
"Estava velejando abaixo do máximo permitido. Com o Ronald [Seifert] atingimos o peso máximo e tivemos um avanço."
Agora, para continuar avançando, Lars sabe que terá que enfrentar sua deficiência física, que limita seu desempenho em determinadas condições.
Regatas em vento forte, além de exigir muito mais movimentação e agilidade no barco, requerem muito mais escora (os dois velejadores projetam o corpo para fora e ficam suspensos pelas pernas como forma de contrabalançar a força da vela).
Lars reconhece que sua capacidade de escorar o barco é menor do que a de um atleta normal e já tem planos para atacar essa dificuldade em ventos fortes. O velejador mora e treina em Brasília, local de ventos fracos, mas em 2010 quer treinar e competir mais em locais com ventos mais fortes, como Rio e Búzios. "Quanto mais eu encarar essas condições, mais vou ter dificuldade e capacidade de procurar soluções inovadoras. Não posso fugir da dificuldade, tenho que buscá-la."
Sobre a possibilidade de voltar aos Jogos, em Londres-2012, Lars diz não que não é um objetivo. "Tenho que ser sensato e realista. A star no Brasil tem um nível técnico altíssimo. Dizer que classificar para Londres é meu objetivo é quase uma prepotência. Mas quero chegar em 2012 e mostrar que a classificação, para qualquer um de nós, não é simples."


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