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FUTEBOL
Brasileiros à milanesa
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Para quem não leu a coluna
passada, foi lançada uma
pesquisa para detectar qual seria
a equipe estrangeira (valia clube
ou seleção) que teria mais torcedores e simpatizantes no Brasil.
Como já detectavam pesquisas
do Datafolha sobre torcidas de times brasileiros em 2002, o Milan
é o clube do exterior com maior
número de fãs neste país (16,9%
dos participantes da pesquisa).
Dezenas de votos foram enviados ao e-mail da coluna, que registrou 31 equipes em sua pesquisa. Só o Milan teve mais de dez
votos (não foram considerados os
votos de pessoas que citaram ter
simpatia por mais de um time).
O rubro-negro de Milão encantou especialmente a geração que
viu Van Basten, Gullit e Rijkaard
(digo isso pela idade e pelo relato
dos leitores que elegeram o Milan). Mas sua torcida é bem eclética aqui. Alguns dos seus torcedores mais fiéis no Brasil, por
exemplo, são garotas. Que o digam Bianca Pellicciotta, 22, e Daniela Rafael da Silva, 26, -7,7%
dos torcedores de times gringos do
país são de fato torcedoras.
Os clubes da Itália são os que
mais despertam paixões aqui, fato que se explica não só pelo grande número de imigrantes italianos, mas também pelas transmissões do Italiano nos anos 80 e 90.
Pela pesquisa, 43% das pessoas
que torcem por um time estrangeiro no Brasil adotaram uma
equipe italiana (inclui aqui a seleção da Itália). Os times ingleses
superaram por pouco os espanhóis na preferência dos brasileiros (17% dos votos, contra 15%).
O Real Madrid, que nas pesquisas do Datafolha também aparecia com ""destaque" (seu nome, na
verdade, foi para a seção ""Outros", como todos os times estrangeiros), é a segunda equipe gringa
mais querida entre os brasileiros,
empatado, segundo a consulta
feita por esta coluna, com a Juventus e a seleção da Holanda.
Cerca de 7,6% dos brasileiros
que optaram por uma equipe do
exterior torcem pelo Real, pela Juve e pela Laranja Mecânica, que
superou Inglaterra, Argentina e
Itália na luta para ser a seleção
estrangeira mais simpática para
os habitantes do país do futebol.
Aquilo que mais motivou essa
pesquisa, porém, foi tentar descobrir quantas pessoas, proporcionalmente é claro, torcem de fato
para um time estrangeiro (gostam mais de uma equipe do exterior do que uma nacional). O número, com todos os descontos que
esta pesquisa pede (feita pela internet, durante uma semana e
vendo muita gente ainda de férias), é esse: 23% das pessoas que
torcem por um time estrangeiro
de fato têm essa equipe como a de
seu coração, um número, digamos, no mínimo razoável.
Ainda são comuns torcedores
de várias equipes, aqueles que
torcem para um clube em cada
país, mas essa não parece ser a
tendência hoje. Cada vez mais os
torcedores se mostram mais fiéis
aos times estrangeiros -um dos
fãs do Milan que respondeu à pesquisa, por exemplo, é ligado ao
clube meio como sócio-torcedor.
Pelas razões mais diversas (desde origem familiar até lua-de-mel, estágio e estudo no exterior),
há um bom número de brasileiros
vidrados em equipes que mal
aparecem na mídia, como Oxford, Malmö, Cosenza, West
Ham, Verona e Manchester City.
Tais equipes foram votadas na
pesquisa da coluna, que ainda
aceitará votos (e-mail abaixo) até
o fim do mês (depois mostro o resultado completo). E o seu time?
Brasileiros à americana
A seleção brasileira sub-23 fez campanha razoável no Torneio do
Qatar e frustrou torcedores que entendem que a nova geração do
futebol brasileiro vai atropelar sem problemas todos os rivais até a
medalha de ouro em Atenas. A equipe terá novo desafio na Copa
Ouro (torneio da Concacaf), quando representará o país. Mas o
pior será mesmo o Pré-Olímpico. São só duas vagas em jogo. O
Chile, atual bronze, é anfitrião. Argentina e Uruguai são duros.
Brasileiros à argentina
A seleção brasileira sub-20 fez ótima campanha na primeira fase
do Sul-Americano da categoria, goleando frágeis adversários e
passando pelos jogos mais duros com autoridade. Na hora do hexagonal final, porém, o excesso de individualismo e a falta de humildade (gerada em grande parte por causa dos elogios precipitados da mídia) atrapalhou o time e ajudou a rival Argentina. Mais
uma lição de salto alto (do time e da imprensa) para o país.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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