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São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 2003

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FUTEBOL

Brasileiros à milanesa

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para quem não leu a coluna passada, foi lançada uma pesquisa para detectar qual seria a equipe estrangeira (valia clube ou seleção) que teria mais torcedores e simpatizantes no Brasil.
Como já detectavam pesquisas do Datafolha sobre torcidas de times brasileiros em 2002, o Milan é o clube do exterior com maior número de fãs neste país (16,9% dos participantes da pesquisa).
Dezenas de votos foram enviados ao e-mail da coluna, que registrou 31 equipes em sua pesquisa. Só o Milan teve mais de dez votos (não foram considerados os votos de pessoas que citaram ter simpatia por mais de um time).
O rubro-negro de Milão encantou especialmente a geração que viu Van Basten, Gullit e Rijkaard (digo isso pela idade e pelo relato dos leitores que elegeram o Milan). Mas sua torcida é bem eclética aqui. Alguns dos seus torcedores mais fiéis no Brasil, por exemplo, são garotas. Que o digam Bianca Pellicciotta, 22, e Daniela Rafael da Silva, 26, -7,7% dos torcedores de times gringos do país são de fato torcedoras.
Os clubes da Itália são os que mais despertam paixões aqui, fato que se explica não só pelo grande número de imigrantes italianos, mas também pelas transmissões do Italiano nos anos 80 e 90.
Pela pesquisa, 43% das pessoas que torcem por um time estrangeiro no Brasil adotaram uma equipe italiana (inclui aqui a seleção da Itália). Os times ingleses superaram por pouco os espanhóis na preferência dos brasileiros (17% dos votos, contra 15%).
O Real Madrid, que nas pesquisas do Datafolha também aparecia com ""destaque" (seu nome, na verdade, foi para a seção ""Outros", como todos os times estrangeiros), é a segunda equipe gringa mais querida entre os brasileiros, empatado, segundo a consulta feita por esta coluna, com a Juventus e a seleção da Holanda.
Cerca de 7,6% dos brasileiros que optaram por uma equipe do exterior torcem pelo Real, pela Juve e pela Laranja Mecânica, que superou Inglaterra, Argentina e Itália na luta para ser a seleção estrangeira mais simpática para os habitantes do país do futebol.
Aquilo que mais motivou essa pesquisa, porém, foi tentar descobrir quantas pessoas, proporcionalmente é claro, torcem de fato para um time estrangeiro (gostam mais de uma equipe do exterior do que uma nacional). O número, com todos os descontos que esta pesquisa pede (feita pela internet, durante uma semana e vendo muita gente ainda de férias), é esse: 23% das pessoas que torcem por um time estrangeiro de fato têm essa equipe como a de seu coração, um número, digamos, no mínimo razoável.
Ainda são comuns torcedores de várias equipes, aqueles que torcem para um clube em cada país, mas essa não parece ser a tendência hoje. Cada vez mais os torcedores se mostram mais fiéis aos times estrangeiros -um dos fãs do Milan que respondeu à pesquisa, por exemplo, é ligado ao clube meio como sócio-torcedor.
Pelas razões mais diversas (desde origem familiar até lua-de-mel, estágio e estudo no exterior), há um bom número de brasileiros vidrados em equipes que mal aparecem na mídia, como Oxford, Malmö, Cosenza, West Ham, Verona e Manchester City. Tais equipes foram votadas na pesquisa da coluna, que ainda aceitará votos (e-mail abaixo) até o fim do mês (depois mostro o resultado completo). E o seu time?

Brasileiros à americana
A seleção brasileira sub-23 fez campanha razoável no Torneio do Qatar e frustrou torcedores que entendem que a nova geração do futebol brasileiro vai atropelar sem problemas todos os rivais até a medalha de ouro em Atenas. A equipe terá novo desafio na Copa Ouro (torneio da Concacaf), quando representará o país. Mas o pior será mesmo o Pré-Olímpico. São só duas vagas em jogo. O Chile, atual bronze, é anfitrião. Argentina e Uruguai são duros.

Brasileiros à argentina
A seleção brasileira sub-20 fez ótima campanha na primeira fase do Sul-Americano da categoria, goleando frágeis adversários e passando pelos jogos mais duros com autoridade. Na hora do hexagonal final, porém, o excesso de individualismo e a falta de humildade (gerada em grande parte por causa dos elogios precipitados da mídia) atrapalhou o time e ajudou a rival Argentina. Mais uma lição de salto alto (do time e da imprensa) para o país.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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