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São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 2003

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FUTEBOL

Novo estilo da seleção

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Nos próximos dias, Parreira fará a primeira convocação da seleção. Se todos puderem ser chamados, inclusive os veteranos Rivaldo e Cafu, a única modificação inicial no time titular deverá ser a troca de um zagueiro por um armador pela esquerda (Zé Roberto ou Ricardinho).
Em vez de três zagueiros e dois jogadores de meio, o Brasil terá dois zagueiros e três armadores. O time ficará mais bem dividido e melhor em todos os setores. A grande deficiência da equipe penta era ter só dois jogadores no meio (Gilberto Silva e Kleberson). Nos jogos iniciais, Gilberto Silva ficou sozinho, já que Juninho era mais atacante do que armador.
Os alas Roberto Carlos e Cafu não eram jogadores de meio-campo. Eram laterais com mais liberdade para apoiar.
A única vantagem de se jogar com três autênticos zagueiros é quando se quer arriscar e virar o jogo. Para isso, é preciso pressionar a saída de bola e colocar dois zagueiros mais adiantados, marcando individualmente. Se essa marcação for vencida, a equipe terá um terceiro zagueiro na sobra para fazer a cobertura, o que não acontece quando se joga com dois zagueiros.
Parreira não gosta de marcar pressionando. Prefere que os jogadores recuem, fechem os espaços defensivos e marquem por zona. É mais seguro e correto. Porém o técnico não muda e nem arrisca, mesmo quando a equipe está perdendo e o jogo terminando. Felipão treinou a seleção para enfrentar várias situações.
Outra mudança importante será o futebol mais cadenciado, com muita troca de passes no meio-campo, esperando o momento certo para tentar uma jogada mais contundente. Esse é o estilo brasileiro. As equipes dirigidas pelo Felipão são mais explosivas, ousadas e apressadas. As duas filosofias refletem as características psicológicas dos técnicos e são eficientes, desde que sejam adotadas nos momentos certos.
Na convocação dos reservas, poderão ocorrer novidades. Pensando na Copa de 2006, o técnico pode chamar alguns jogadores da seleção sub-23, como Robinho, Diego, Alex, Luisão, Adriano (do Parma) e, certamente, Kaká.
Os laterais Rogério e Kléber têm boas chances de serem os reservas do Cafu e Roberto Carlos, nos lugares do Belletti e do Júnior.
A situação da comissão técnica atual é muito mais tranquila do que a das anteriores. Na última eliminatória, os técnicos tiveram de formar um novo time, o que ocasionou várias derrotas, excessivo número de jogadores convocados, experiências desastrosas e demissões de dois treinadores. Agora o time está quase pronto. A dupla Parreira-Zagallo tem também mais prestígio e crédito.
Em 2006, coletivamente, o time brasileiro deverá ser superior ao de 2002. Individualmente, vai depender do momento dos craques. São eles que fazem a diferença. Não adianta fazer um ótimo trabalho e ter uma excelente estrutura tática se o time perder os melhores jogadores no Mundial.
Apesar de a Alemanha, anfitriã, ter poucas chances de formar uma seleção bem melhor do que a mediana de 2002, o Brasil terá mais dificuldades, porque as principais seleções européias e a própria Alemanha, jogando no seu ambiente, terão mais chance de vencer. A Europa está se transformando num grande país.
Mas o grande problema do Brasil será o favoritismo. Como é difícil lidar com essa situação!

Mau início
A seleção sub-23, dirigida pelo Ricardo Gomes, mesmo enfrentando fraquíssimas seleções, ficou em terceiro lugar no Torneio do Qatar. Marcinho, cuja principal característica é a velocidade, atuou de armador pela esquerda, torto. Paulinho, do Atlético-MG, armador canhoto, uma das revelações do brasileiro e que joga nessa posição, ficou no banco na maioria das partidas.
Kaká, que joga no São Paulo vindo de trás, atuou como um segundo atacante. Aí, é mais fácil marcá-lo. Em vez de facilitar a atuação do melhor jogador do time, o técnico fez o contrário. O jogador do São Paulo foi o melhor e o que mais decepcionou, já que se esperava muito mais dele diante de marcadores jovens e ruins.
Faltaram alguns jogadores importantes, como Diego, Robinho, Alex, Adriano (Parma) e Ewerthon (Borussia Dortmund). Isso sem falar na possibilidade de se levar, para a Olimpíada-2004, três atletas acima de 23 anos.
Com mais tempo, melhores jogadores e o auxílio do Parreira, Ricardo Gomes terá todas as chances de formar uma ótima seleção para ganhar o ouro.

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