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FUTEBOL
Novo estilo da seleção
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Nos próximos dias, Parreira
fará a primeira convocação
da seleção. Se todos puderem ser
chamados, inclusive os veteranos
Rivaldo e Cafu, a única modificação inicial no time titular deverá
ser a troca de um zagueiro por um
armador pela esquerda (Zé Roberto ou Ricardinho).
Em vez de três zagueiros e dois
jogadores de meio, o Brasil terá
dois zagueiros e três armadores. O
time ficará mais bem dividido e
melhor em todos os setores. A
grande deficiência da equipe penta era ter só dois jogadores no
meio (Gilberto Silva e Kleberson).
Nos jogos iniciais, Gilberto Silva
ficou sozinho, já que Juninho era
mais atacante do que armador.
Os alas Roberto Carlos e Cafu
não eram jogadores de meio-campo. Eram laterais com mais
liberdade para apoiar.
A única vantagem de se jogar
com três autênticos zagueiros é
quando se quer arriscar e virar o
jogo. Para isso, é preciso pressionar a saída de bola e colocar dois
zagueiros mais adiantados, marcando individualmente. Se essa
marcação for vencida, a equipe
terá um terceiro zagueiro na sobra para fazer a cobertura, o que
não acontece quando se joga com
dois zagueiros.
Parreira não gosta de marcar
pressionando. Prefere que os jogadores recuem, fechem os espaços defensivos e marquem por zona. É mais seguro e correto. Porém o técnico não muda e nem
arrisca, mesmo quando a equipe
está perdendo e o jogo terminando. Felipão treinou a seleção para
enfrentar várias situações.
Outra mudança importante será o futebol mais cadenciado,
com muita troca de passes no
meio-campo, esperando o momento certo para tentar uma jogada mais contundente. Esse é o
estilo brasileiro. As equipes dirigidas pelo Felipão são mais explosivas, ousadas e apressadas. As
duas filosofias refletem as características psicológicas dos técnicos
e são eficientes, desde que sejam
adotadas nos momentos certos.
Na convocação dos reservas, poderão ocorrer novidades. Pensando na Copa de 2006, o técnico pode chamar alguns jogadores da
seleção sub-23, como Robinho,
Diego, Alex, Luisão, Adriano (do
Parma) e, certamente, Kaká.
Os laterais Rogério e Kléber têm
boas chances de serem os reservas
do Cafu e Roberto Carlos, nos lugares do Belletti e do Júnior.
A situação da comissão técnica
atual é muito mais tranquila do
que a das anteriores. Na última
eliminatória, os técnicos tiveram
de formar um novo time, o que
ocasionou várias derrotas, excessivo número de jogadores convocados, experiências desastrosas e
demissões de dois treinadores.
Agora o time está quase pronto. A
dupla Parreira-Zagallo tem também mais prestígio e crédito.
Em 2006, coletivamente, o time
brasileiro deverá ser superior ao
de 2002. Individualmente, vai depender do momento dos craques.
São eles que fazem a diferença.
Não adianta fazer um ótimo trabalho e ter uma excelente estrutura tática se o time perder os melhores jogadores no Mundial.
Apesar de a Alemanha, anfitriã,
ter poucas chances de formar
uma seleção bem melhor do que a
mediana de 2002, o Brasil terá
mais dificuldades, porque as principais seleções européias e a própria Alemanha, jogando no seu
ambiente, terão mais chance de
vencer. A Europa está se transformando num grande país.
Mas o grande problema do Brasil será o favoritismo. Como é difícil lidar com essa situação!
Mau início
A seleção sub-23, dirigida pelo
Ricardo Gomes, mesmo enfrentando fraquíssimas seleções, ficou
em terceiro lugar no Torneio do
Qatar. Marcinho, cuja principal
característica é a velocidade,
atuou de armador pela esquerda,
torto. Paulinho, do Atlético-MG,
armador canhoto, uma das revelações do brasileiro e que joga
nessa posição, ficou no banco na
maioria das partidas.
Kaká, que joga no São Paulo
vindo de trás, atuou como um segundo atacante. Aí, é mais fácil
marcá-lo. Em vez de facilitar a
atuação do melhor jogador do time, o técnico fez o contrário. O jogador do São Paulo foi o melhor e
o que mais decepcionou, já que se
esperava muito mais dele diante
de marcadores jovens e ruins.
Faltaram alguns jogadores importantes, como Diego, Robinho,
Alex, Adriano (Parma) e Ewerthon (Borussia Dortmund). Isso
sem falar na possibilidade de se
levar, para a Olimpíada-2004,
três atletas acima de 23 anos.
Com mais tempo, melhores jogadores e o auxílio do Parreira,
Ricardo Gomes terá todas as
chances de formar uma ótima seleção para ganhar o ouro.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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