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FUTEBOL
Torcida brasileira xinga treinador, que substitui Marcel por Adaílton
Gomes troca atacante por zagueiro e sai como burro
DO ENVIADO A VIÑA DEL MAR
As contestadas estratégias do
técnico Ricardo Gomes marcaram a fracassada campanha do
Brasil no Pré-Olímpico do Chile e
chegaram ao auge na derrota de
ontem para o Paraguai.
Em busca do empate que classificaria a equipe, ele fez a sua substituição mais inusitada no torneio, ao tirar o atacante Marcel
para colocar o zagueiro Adaílton.
"A responsabilidade pelo que
aconteceu é toda minha", afirmou
o treinador, chamado de burro
por brasileiros que estavam no estádio. Ele disse que se arrependeu
por não ter escalado o zagueiro
desde o início.
Durante a competição, Gomes
fez seguidas mudanças na equipe
titular e recebeu críticas até de colegas, como Emerson Leão, do
Santos. Ele telefonou para Alex e
sugeriu que o zagueiro pedisse ao
técnico para trocar de posição
com Edu Dracena, passando a
atuar como no Santos.
A surpreendente troca de ontem aconteceu pouco depois do
gol paraguaio, aos 33min da etapa
inicial. Barreto cruzou pela direita, De Vaca subiu para cabecear e
fez 1 a 0. Edu Dracena, que marcava o adversário, nem chegou a
disputar a bola pelo alto -ainda
seria expulso no fim do jogo.
Nos três minutos seguintes o
Brasil esboçou uma reação, mas
desperdiçou três chances. Uma
delas com Robinho, que completou ontem 20 anos.
Em seguida, aconteceu a substituição de Marcel por Adaílton.
Com a alteração, Elano saiu da lateral direita para atuar no meio-campo. Justamente no jogo decisivo, Gomes decidiu usar pela primeira vez no torneio a formação
com três zagueiros. "A substituição melhorou a nossa marcação",
declarou o treinador.
Além da tática improvisada, o
técnico apostou em um jogador
que não tinha sido aproveitado na
competição. Adaílton fez a sua estréia na derradeira partida.
A seleção nunca teve tantos torcedores ao seu lado no estádio no
Pré-Olímpico como ontem. Mas
o desempenho pífio no primeiro
tempo fez a torcida perder a paciência. O time foi vaiado antes de
ir para o vestiário no intervalo.
A irritação também tomou conta da comissão técnica. "É inexplicável como o time começou mal",
disse Gomes. Na maioria das partidas, o Brasil havia iniciado num
bom ritmo. No jogo anterior, contra o Chile, marcara no início.
"Estou preocupado", resumiu o
ex-jogador Branco, coordenador
das seleções de base da CBF.
O desconforto começou com o
o domínio inicial dos paraguaios
e uma bola na trave.
Além da alteração inusitada,
Gomes tentou outra substituição
na volta do intervalo -o atacante
Dagoberto no lugar do volante
Paulo Almeida.
Aos 24min, Gomes deu a sua última cartada ao colocar o atacante
Nilmar no lugar de Diego, que
não conseguiu armar as jogadas.
Enquanto o santista deixava o
gramado, seus companheiros reclamavam de um pênalti não
marcado pelo juiz uruguaio Gustavo Méndez. Daniel Carvalho foi
derrubado pelo goleiro.
Desesperado, Branco acompanhava o fracasso andando de um
lado para o outro atrás do banco.
A seleção não jogou de luto, mas
antes de a partida começar houve
um minuto de silêncio em respeito a Leônidas, 90, artilheiro da Copa de 38, que morreu anteontem.
(RODRIGO BUENO)
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