São Paulo, segunda-feira, 26 de janeiro de 2004

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FUTEBOL

Torcida brasileira xinga treinador, que substitui Marcel por Adaílton

Gomes troca atacante por zagueiro e sai como burro

DO ENVIADO A VIÑA DEL MAR

As contestadas estratégias do técnico Ricardo Gomes marcaram a fracassada campanha do Brasil no Pré-Olímpico do Chile e chegaram ao auge na derrota de ontem para o Paraguai.
Em busca do empate que classificaria a equipe, ele fez a sua substituição mais inusitada no torneio, ao tirar o atacante Marcel para colocar o zagueiro Adaílton.
"A responsabilidade pelo que aconteceu é toda minha", afirmou o treinador, chamado de burro por brasileiros que estavam no estádio. Ele disse que se arrependeu por não ter escalado o zagueiro desde o início.
Durante a competição, Gomes fez seguidas mudanças na equipe titular e recebeu críticas até de colegas, como Emerson Leão, do Santos. Ele telefonou para Alex e sugeriu que o zagueiro pedisse ao técnico para trocar de posição com Edu Dracena, passando a atuar como no Santos.
A surpreendente troca de ontem aconteceu pouco depois do gol paraguaio, aos 33min da etapa inicial. Barreto cruzou pela direita, De Vaca subiu para cabecear e fez 1 a 0. Edu Dracena, que marcava o adversário, nem chegou a disputar a bola pelo alto -ainda seria expulso no fim do jogo.
Nos três minutos seguintes o Brasil esboçou uma reação, mas desperdiçou três chances. Uma delas com Robinho, que completou ontem 20 anos.
Em seguida, aconteceu a substituição de Marcel por Adaílton. Com a alteração, Elano saiu da lateral direita para atuar no meio-campo. Justamente no jogo decisivo, Gomes decidiu usar pela primeira vez no torneio a formação com três zagueiros. "A substituição melhorou a nossa marcação", declarou o treinador.
Além da tática improvisada, o técnico apostou em um jogador que não tinha sido aproveitado na competição. Adaílton fez a sua estréia na derradeira partida.
A seleção nunca teve tantos torcedores ao seu lado no estádio no Pré-Olímpico como ontem. Mas o desempenho pífio no primeiro tempo fez a torcida perder a paciência. O time foi vaiado antes de ir para o vestiário no intervalo.
A irritação também tomou conta da comissão técnica. "É inexplicável como o time começou mal", disse Gomes. Na maioria das partidas, o Brasil havia iniciado num bom ritmo. No jogo anterior, contra o Chile, marcara no início.
"Estou preocupado", resumiu o ex-jogador Branco, coordenador das seleções de base da CBF.
O desconforto começou com o o domínio inicial dos paraguaios e uma bola na trave.
Além da alteração inusitada, Gomes tentou outra substituição na volta do intervalo -o atacante Dagoberto no lugar do volante Paulo Almeida.
Aos 24min, Gomes deu a sua última cartada ao colocar o atacante Nilmar no lugar de Diego, que não conseguiu armar as jogadas.
Enquanto o santista deixava o gramado, seus companheiros reclamavam de um pênalti não marcado pelo juiz uruguaio Gustavo Méndez. Daniel Carvalho foi derrubado pelo goleiro.
Desesperado, Branco acompanhava o fracasso andando de um lado para o outro atrás do banco.
A seleção não jogou de luto, mas antes de a partida começar houve um minuto de silêncio em respeito a Leônidas, 90, artilheiro da Copa de 38, que morreu anteontem. (RODRIGO BUENO)



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