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Federação despeja dinheiro recorde para mudar juízes
Entidade paulista, que teve 2 de seus árbitros envolvidos em escândalo em 2005, investirá R$ 861 mil na área
EDUARDO ARRUDA
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Para tentar limpar seu departamento de árbitros, centro do escândalo de manipulação de resultados em 2005, a Federação Paulista de Futebol vai mais que dobrar seu investimento no setor
neste ano, de R$ 400 mil para
R$ 861 mil. O valor é exceção no
Brasil, pois nem a CBF nem outras federações destinaram tantos
recursos para este fim.
Os ex-juízes Edilson Pereira de
Carvalho e Paulo José Danelon,
que confessaram ter tentado fraudar jogos em troca de dinheiro em
2005, faziam parte do quadro da
FPF. O esquema envolveu partidas do Brasileiro e do Paulista.
Na segunda-feira, foi aprovado
o orçamento da FPF para 2006,
que inclui os gastos no setor.
Entre outros projetos, o dinheiro será investido, principalmente,
nas avaliações médica e psicológica dos juízes e na profissionalização da Comissão de Arbitragem.
Só esse item consome R$ 400
mil, em parceria acertada com o
Instituto do Coração. Os árbitros
começaram a passar por testes
para traçar seus perfis. Aqueles
nos quais foram identificados
problemas podem ser excluídos
ou submetidos à terapia.
"Queremos árbitros equilibrados, com poder de decisão e que
não possam ser influenciados.
Não pode ser frouxo e tem que ser
honesto", afirma o presidente da
Comissão de Arbitragem da FPF,
Marcos Marinho.
Ele é o principal executivo da
comissão, que passou a ser remunerada. Os salários somados dos
quatro integrantes, além de um
ouvidor e de um corregedor, podem chegar a R$ 200 mil anuais.
A pré-temporada dos juízes teve
custo de cerca de R$ 70 mil. Outros R$ 30 mil foram gastos em
avaliações físicas. A FPF também
iniciou processo de profissionalização dos árbitros. No Estadual-06, 21 deles recebem verba extra,
que varia de R$ 400 a R$ 1.200, dependendo da graduação do juiz
-ouro, prata ou bronze- para o
aprimoramento profissional.
"Os gastos com a arbitragem representam 3% da despesa da federação. Isso é muito relevante",
afirma o vice-presidente de finanças da FPF, Rogério Caboclo.
Para o presidente Marco Polo
Del Nero, as mudanças já melhoraram o nível de juízes no Paulista. "É isso que tenho ouvido dos
dirigentes dos clubes", diz.
Apesar do otimismo de Del Nero, todos os clubes grandes já criticaram as arbitragens após quatro rodadas do Estadual.
Os corintianos se queixaram de
gol não marcado na derrota para
o Noroeste. Já o palmeirense
Emerson Leão tem atirado contra
a renovação do quadro de juízes.
Também atingida pelo escândalo de 2005, a Comissão de Arbitragem da CBF tem projeto para aumentar o investimento, mas depende da aprovação da diretoria.
"Não vou divulgar antes de
aprovar. Mostraram interesse e
está bem encaminhado", afirma o
chefe dos juízes da CBF, Edson
Rezende, que deve promover testes teóricos da Fundação Getúlio
Vargas para árbitros.
Por enquanto, foram gastos R$
100 mil em curso para os auxiliares. Rezende admite que dificilmente outra federação terá condições de repetir a paulista. "A
maioria luta com dificuldades."
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