São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

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Federação despeja dinheiro recorde para mudar juízes

Entidade paulista, que teve 2 de seus árbitros envolvidos em escândalo em 2005, investirá R$ 861 mil na área

EDUARDO ARRUDA
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Para tentar limpar seu departamento de árbitros, centro do escândalo de manipulação de resultados em 2005, a Federação Paulista de Futebol vai mais que dobrar seu investimento no setor neste ano, de R$ 400 mil para R$ 861 mil. O valor é exceção no Brasil, pois nem a CBF nem outras federações destinaram tantos recursos para este fim.
Os ex-juízes Edilson Pereira de Carvalho e Paulo José Danelon, que confessaram ter tentado fraudar jogos em troca de dinheiro em 2005, faziam parte do quadro da FPF. O esquema envolveu partidas do Brasileiro e do Paulista.
Na segunda-feira, foi aprovado o orçamento da FPF para 2006, que inclui os gastos no setor.
Entre outros projetos, o dinheiro será investido, principalmente, nas avaliações médica e psicológica dos juízes e na profissionalização da Comissão de Arbitragem.
Só esse item consome R$ 400 mil, em parceria acertada com o Instituto do Coração. Os árbitros começaram a passar por testes para traçar seus perfis. Aqueles nos quais foram identificados problemas podem ser excluídos ou submetidos à terapia.
"Queremos árbitros equilibrados, com poder de decisão e que não possam ser influenciados. Não pode ser frouxo e tem que ser honesto", afirma o presidente da Comissão de Arbitragem da FPF, Marcos Marinho.
Ele é o principal executivo da comissão, que passou a ser remunerada. Os salários somados dos quatro integrantes, além de um ouvidor e de um corregedor, podem chegar a R$ 200 mil anuais.
A pré-temporada dos juízes teve custo de cerca de R$ 70 mil. Outros R$ 30 mil foram gastos em avaliações físicas. A FPF também iniciou processo de profissionalização dos árbitros. No Estadual-06, 21 deles recebem verba extra, que varia de R$ 400 a R$ 1.200, dependendo da graduação do juiz -ouro, prata ou bronze- para o aprimoramento profissional.
"Os gastos com a arbitragem representam 3% da despesa da federação. Isso é muito relevante", afirma o vice-presidente de finanças da FPF, Rogério Caboclo.
Para o presidente Marco Polo Del Nero, as mudanças já melhoraram o nível de juízes no Paulista. "É isso que tenho ouvido dos dirigentes dos clubes", diz.
Apesar do otimismo de Del Nero, todos os clubes grandes já criticaram as arbitragens após quatro rodadas do Estadual.
Os corintianos se queixaram de gol não marcado na derrota para o Noroeste. Já o palmeirense Emerson Leão tem atirado contra a renovação do quadro de juízes.
Também atingida pelo escândalo de 2005, a Comissão de Arbitragem da CBF tem projeto para aumentar o investimento, mas depende da aprovação da diretoria.
"Não vou divulgar antes de aprovar. Mostraram interesse e está bem encaminhado", afirma o chefe dos juízes da CBF, Edson Rezende, que deve promover testes teóricos da Fundação Getúlio Vargas para árbitros.
Por enquanto, foram gastos R$ 100 mil em curso para os auxiliares. Rezende admite que dificilmente outra federação terá condições de repetir a paulista. "A maioria luta com dificuldades."


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