São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MEMÓRIA

Máfia do apito foi arquitetada por paulistas

DA REPORTAGEM LOCAL

Nenhum outro ano foi pior para a arbitragem brasileira que 2005. O escândalo que deflagrou profundas mudanças nos departamentos de juízes da FPF e da CBF teve dois árbitros paulistas como figuras centrais: Edilson Pereira de Carvalho e Paulo José Danelon.
Conversas telefônicas gravadas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal revelaram a existência de um esquema no qual juízes manipularam partidas de futebol para favorecer empresários que apostavam em sites ilegais. Os árbitros recebiam R$ 10 mil por jogo adulterado. Os empresários, que têm ligação com donos de casas de bingo, empregavam até R$ 200 mil nas apostas.
Carvalho, flagrado negociando partidas nas conversas telefônicas, foi o primeiro a ser detido. Apitou 11 jogos no Brasileiro e 12 no Paulista. Após cinco dias na PF, acabou libertado.
Danelon, outro árbitro flagrado nas ligações, confessa ter manipulado 3 jogos dos 10 que apitou no Paulista do ano passado. Ele também atuou em jogos da Série B do Nacional.
Nagib Fayad, empresário de Piracicaba que fazia as apostas e pagava os juízes, também ficou detido por cinco dias. Outro foi Vanderlei Pololi, apontado como aliciador.
O Ministério Público deve oferecer denúncia nos próximos dias. Sete pessoas devem ser processadas.
As 11 partidas apitadas por Carvalho no Brasileiro foram anuladas e repetidas pelo STJD. No Paulista e Série B do Nacional, os resultados dos jogos dele e de Danelon foram mantidos. Os árbitros, porém, foram banidos do futebol.
Na esfera nacional, o escândalo culminou com a queda do homem-forte da arbitragem brasileira, Armando Marques. Edson Resende o substituiu.
Em São Paulo, a comissão de arbitragem foi trocada. Marcos Marinho, tenente-coronel na PM, assumiu o departamento. O vice da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos foi citado por Carvalho em depoimento à PF como homem que pressionava os juízes paulistas. Ele chegou a se afastar, mas retornou à FPF.


Texto Anterior: Federação despeja dinheiro recorde para mudar juízes
Próximo Texto: Entidade aumenta subsídio a times pequenos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.