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MEMÓRIA
Máfia do apito foi arquitetada por paulistas
DA REPORTAGEM LOCAL
Nenhum outro ano foi pior
para a arbitragem brasileira
que 2005. O escândalo que deflagrou profundas mudanças
nos departamentos de juízes da
FPF e da CBF teve dois árbitros
paulistas como figuras centrais:
Edilson Pereira de Carvalho e
Paulo José Danelon.
Conversas telefônicas gravadas pelo Ministério Público e
pela Polícia Federal revelaram
a existência de um esquema no
qual juízes manipularam partidas de futebol para favorecer
empresários que apostavam
em sites ilegais. Os árbitros recebiam R$ 10 mil por jogo adulterado. Os empresários, que
têm ligação com donos de casas de bingo, empregavam até
R$ 200 mil nas apostas.
Carvalho, flagrado negociando partidas nas conversas telefônicas, foi o primeiro a ser detido. Apitou 11 jogos no Brasileiro e 12 no Paulista. Após cinco dias na PF, acabou libertado.
Danelon, outro árbitro flagrado nas ligações, confessa ter
manipulado 3 jogos dos 10 que
apitou no Paulista do ano passado. Ele também atuou em jogos da Série B do Nacional.
Nagib Fayad, empresário de
Piracicaba que fazia as apostas
e pagava os juízes, também ficou detido por cinco dias. Outro foi Vanderlei Pololi, apontado como aliciador.
O Ministério Público deve
oferecer denúncia nos próximos dias. Sete pessoas devem
ser processadas.
As 11 partidas apitadas por
Carvalho no Brasileiro foram
anuladas e repetidas pelo STJD.
No Paulista e Série B do Nacional, os resultados dos jogos dele e de Danelon foram mantidos. Os árbitros, porém, foram
banidos do futebol.
Na esfera nacional, o escândalo culminou com a queda do
homem-forte da arbitragem
brasileira, Armando Marques.
Edson Resende o substituiu.
Em São Paulo, a comissão de
arbitragem foi trocada. Marcos
Marinho, tenente-coronel na
PM, assumiu o departamento.
O vice da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos foi citado por Carvalho em depoimento à PF como homem que pressionava os
juízes paulistas. Ele chegou a se
afastar, mas retornou à FPF.
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