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Com reza e fôlego, América vence a Copa SP
KLEBER TOMAZ
TALES TORRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
No "caldeirão" do Pacaembu, o
diabo precisou rezar para vencer.
Na final iniciada às 15h, com
temperatura de 37C, o América
de São José do Rio Preto derrotou
o Comercial de Ribeirão Preto por
3 a 1 nos pênaltis, após empate
sem gols no tempo normal. E levou, invicto e pela primeira vez, o
título da Copa São Paulo de juniores, diante de cerca de 5.000 torcedores, segundo a Polícia Militar.
Assim que o árbitro Marcelo
Rogério determinou o fim dos 90
minutos, os atletas do América,
cujo mascote é um diabo, uniram-se e, de joelhos, rezaram.
Das numeradas, o padre Areovaldo Vieira de Souza, membro
da assessoria religiosa da equipe,
fazia o mesmo. E deu certo.
Para ficar com o título, o América superou a principal arma do time de Ribeirão Preto. A equipe alvinegra conquistara a vaga na decisão após três decisões seguidas
com penalidades. Se Anderson,
goleiro do Comercial, foi o herói
ao parar cinco cobranças para seu
time nas fases anteriores, o brilho
na final trocou de luvas: a estrela
do título americano foi André Zuba, 19. Ele defendeu duas penalidades, cobradas por Jonatas e
Thiago, e ainda converteu a sua,
com força, no ângulo direito.
Afastado do time do Palmeiras
no ano passado por indisciplina, o
goleiro usou a tecnologia para se
sair bem na decisão. "Gravamos
os pênaltis do Comercial. Pude estudar todos", falou ele, que também cobra faltas e é ídolo de Rogério Ceni. Crítica, só contra o calor: "É muito ruim jogar assim".
A alta temperatura, aliada à seqüência de jogos de ambas as
equipes, atrapalhou a partida.
Mesmo sem prorrogação, a "falta
de pernas" era evidente.
De emoções também. Foi a primeira vez desde 1978 que a decisão da Copa São Paulo não teve
gols. Há 28 anos, Internacional e
Corinthians empataram por 0 a 0
no tempo normal e na prorrogação, também em dia de muito calor. O Inter ficou com a taça após
placar de 5 a 4 nos pênaltis.
O dilema vivido pela Copa São
Paulo é similar ao da São Silvestre
feminina, que começa às 15h15 no
horário de verão. Assim como a
corrida, o torneio de juniores tem
a promessa de dias mais amenos.
A Federação Paulista de Futebol
reconheceu a dificuldade de se jogar um bom futebol nessa temperatura e planeja mudanças.
"Em 2007, queremos todos os
jogos da Copa às 17h", afirmou
Marco Polo Del Nero, presidente
da FPF. "Foram as TVs que determinaram o horário da final."
A decisão de ontem foi a primeira, desde 2002, a ser disputada à
tarde. Mais: a final foi a quinta nos
últimos dez anos a conhecer seu
campeão em disputa de pênaltis.
Antes, Santo André (2003), Roma
(2001), Internacional (1998) e
Lousano Paulista (1997) ficaram
com a taça depois das cobranças.
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