São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

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Com reza e fôlego, América vence a Copa SP

KLEBER TOMAZ
TALES TORRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

No "caldeirão" do Pacaembu, o diabo precisou rezar para vencer.
Na final iniciada às 15h, com temperatura de 37C, o América de São José do Rio Preto derrotou o Comercial de Ribeirão Preto por 3 a 1 nos pênaltis, após empate sem gols no tempo normal. E levou, invicto e pela primeira vez, o título da Copa São Paulo de juniores, diante de cerca de 5.000 torcedores, segundo a Polícia Militar.
Assim que o árbitro Marcelo Rogério determinou o fim dos 90 minutos, os atletas do América, cujo mascote é um diabo, uniram-se e, de joelhos, rezaram.
Das numeradas, o padre Areovaldo Vieira de Souza, membro da assessoria religiosa da equipe, fazia o mesmo. E deu certo.
Para ficar com o título, o América superou a principal arma do time de Ribeirão Preto. A equipe alvinegra conquistara a vaga na decisão após três decisões seguidas com penalidades. Se Anderson, goleiro do Comercial, foi o herói ao parar cinco cobranças para seu time nas fases anteriores, o brilho na final trocou de luvas: a estrela do título americano foi André Zuba, 19. Ele defendeu duas penalidades, cobradas por Jonatas e Thiago, e ainda converteu a sua, com força, no ângulo direito.
Afastado do time do Palmeiras no ano passado por indisciplina, o goleiro usou a tecnologia para se sair bem na decisão. "Gravamos os pênaltis do Comercial. Pude estudar todos", falou ele, que também cobra faltas e é ídolo de Rogério Ceni. Crítica, só contra o calor: "É muito ruim jogar assim".
A alta temperatura, aliada à seqüência de jogos de ambas as equipes, atrapalhou a partida. Mesmo sem prorrogação, a "falta de pernas" era evidente.
De emoções também. Foi a primeira vez desde 1978 que a decisão da Copa São Paulo não teve gols. Há 28 anos, Internacional e Corinthians empataram por 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação, também em dia de muito calor. O Inter ficou com a taça após placar de 5 a 4 nos pênaltis.
O dilema vivido pela Copa São Paulo é similar ao da São Silvestre feminina, que começa às 15h15 no horário de verão. Assim como a corrida, o torneio de juniores tem a promessa de dias mais amenos.
A Federação Paulista de Futebol reconheceu a dificuldade de se jogar um bom futebol nessa temperatura e planeja mudanças.
"Em 2007, queremos todos os jogos da Copa às 17h", afirmou Marco Polo Del Nero, presidente da FPF. "Foram as TVs que determinaram o horário da final."
A decisão de ontem foi a primeira, desde 2002, a ser disputada à tarde. Mais: a final foi a quinta nos últimos dez anos a conhecer seu campeão em disputa de pênaltis. Antes, Santo André (2003), Roma (2001), Internacional (1998) e Lousano Paulista (1997) ficaram com a taça depois das cobranças.


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