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OLIMPÍADA
Depois de admitir ter dado dinheiro a africanos, comitê local se explica e quer evitar investigação
Sydney tenta salvar imagem junto ao COI
da Reportagem Local
Preocupados com a possibilidade de o COI (Comitê Olímpico Internacional) investigar a candidatura de Sydney-2000 com o mesmo
rigor da de Salt Lake City (EUA),
os australianos se movimentam
para melhorar a imagem junto ao
comitê e até evitar o processo.
Seis membros do COI -dois sul-americanos e quatro africanos-
foram expulsos anteontem, sob a
acusação de terem aceito suborno
para votar a favor da escolha da cidade norte-americana como sede
dos Jogos de Inverno de 2002.
Em duas semanas, integrantes
do COI vão a Sydney investigar a
oferta de US$ 50 mil feita por John
Coates, presidente do comitê olímpico local, a dois membros africanos. Sexta-feira, Coates admitiu
que o contato, ocorrido na noite
anterior à eleição, "poderia encorajá-los a votar a favor de Sydney".
Um dos assediados, Charles Mukora, do Quênia, está na lista de expulsos divulgada anteontem.
A entidade ainda vai apurar os
detalhes do programa de ajuda de
US$ 2 milhões financiado por
Sydney a países africanos.
Coates enviou na noite de sábado
(ou seja, um dia antes do anúncio
das expulsões), via fax, a Juan Antonio Samaranch, presidente do
COI, 50 páginas de documentos,
apresentando suas explicações.
"Se John Coates diz que está tudo
bem, eu acredito. Mas quero checar", disse Jacques Rogge, o investigador designado para o caso.
O comitê, por enquanto, não deu
mostras de que vá cancelar o processo -estendido a Nagano, sede
dos Jogos de Inverno de 98. Mas
não tomou uma atitude que estava
deixando apavorados os organizadores: transferir os Jogos para outra cidade. Tanto Sydney quanto
Salt Lake City estão confirmadas.
Kevan Gosper, membro australiano do COI (são 114 votantes, o
único brasileiro é João Havelange),
disse ontem que "não existem bases para investigar a candidatura
de Sydney". Foi por sugestão dele
que o presidente do Comitê Olímpico Australiano tomou a iniciativa de se explicar ao COI.
De acordo com a edição de ontem do jornal australiano "Sydney
Morning Daily", Gosper ainda serviu de interlocutor para seus compatriotas junto a Samaranch.
Mark Knight, ministro dos Esportes da Austrália, afirmou que
"as contas da candidatura não devem ser alvo de investigação".
A possibilidade de o processo ser
cancelado é remota. Fragilizado
pela sucessão de denúncias em diferentes candidaturas, o COI pretende dar mostras de que quer
"limpar seus quadros", nas palavras do espanhol Samaranch.
Aí, os australianos têm, além do
dinheiro, de se explicar sobre presentes e serviços "extravagantes"
para os votantes, mesma tática que
teria sido usada por Salt Lake City.
²
Com agências internacionais
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