São Paulo, terça, 26 de janeiro de 1999

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OLIMPÍADA
Depois de admitir ter dado dinheiro a africanos, comitê local se explica e quer evitar investigação
Sydney tenta salvar imagem junto ao COI

da Reportagem Local

Preocupados com a possibilidade de o COI (Comitê Olímpico Internacional) investigar a candidatura de Sydney-2000 com o mesmo rigor da de Salt Lake City (EUA), os australianos se movimentam para melhorar a imagem junto ao comitê e até evitar o processo.
Seis membros do COI -dois sul-americanos e quatro africanos- foram expulsos anteontem, sob a acusação de terem aceito suborno para votar a favor da escolha da cidade norte-americana como sede dos Jogos de Inverno de 2002.
Em duas semanas, integrantes do COI vão a Sydney investigar a oferta de US$ 50 mil feita por John Coates, presidente do comitê olímpico local, a dois membros africanos. Sexta-feira, Coates admitiu que o contato, ocorrido na noite anterior à eleição, "poderia encorajá-los a votar a favor de Sydney". Um dos assediados, Charles Mukora, do Quênia, está na lista de expulsos divulgada anteontem.
A entidade ainda vai apurar os detalhes do programa de ajuda de US$ 2 milhões financiado por Sydney a países africanos.
Coates enviou na noite de sábado (ou seja, um dia antes do anúncio das expulsões), via fax, a Juan Antonio Samaranch, presidente do COI, 50 páginas de documentos, apresentando suas explicações.
"Se John Coates diz que está tudo bem, eu acredito. Mas quero checar", disse Jacques Rogge, o investigador designado para o caso.
O comitê, por enquanto, não deu mostras de que vá cancelar o processo -estendido a Nagano, sede dos Jogos de Inverno de 98. Mas não tomou uma atitude que estava deixando apavorados os organizadores: transferir os Jogos para outra cidade. Tanto Sydney quanto Salt Lake City estão confirmadas.
Kevan Gosper, membro australiano do COI (são 114 votantes, o único brasileiro é João Havelange), disse ontem que "não existem bases para investigar a candidatura de Sydney". Foi por sugestão dele que o presidente do Comitê Olímpico Australiano tomou a iniciativa de se explicar ao COI.
De acordo com a edição de ontem do jornal australiano "Sydney Morning Daily", Gosper ainda serviu de interlocutor para seus compatriotas junto a Samaranch.
Mark Knight, ministro dos Esportes da Austrália, afirmou que "as contas da candidatura não devem ser alvo de investigação".
A possibilidade de o processo ser cancelado é remota. Fragilizado pela sucessão de denúncias em diferentes candidaturas, o COI pretende dar mostras de que quer "limpar seus quadros", nas palavras do espanhol Samaranch.
Aí, os australianos têm, além do dinheiro, de se explicar sobre presentes e serviços "extravagantes" para os votantes, mesma tática que teria sido usada por Salt Lake City.
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Com agências internacionais



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