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AÇÃO
Por um braço
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Recentemente fui ao cinema assistir a "Mestre dos
Mares", com Russel Crowe no papel do capitão de uma embarcação de guerra inglesa do início do
século 19.
Entre os tripulantes, um garotinho, aspirante a oficial, tem o
braço direito amputado como
conseqüência de ferimentos de
uma batalha. Mesmo fisicamente
debilitado, o garoto ganha força,
fica mais corajoso e determinado.
Histórias holywoodianas feitas
para render bilheterias, lágrimas
e inspirar, naturalmente.
A semelhança física me fez lembrar a recente história da surfista
havaiana Bethany Hamilton, 14,
que perdeu o braço esquerdo enquanto surfava na ilha de Kauai.
Um tubarão arrancou-o pouco
abaixo do ombro.
A bela Hamilton era considerada uma grande promessa do surfe
feminino americano. Apesar da
pouca idade já tinha um grande
patrocinador e participava de
competições.
A menina passou algumas semanas no hospital e saiu dizendo
que continuaria a surfar, coisa
que fez menos de dois meses depois da fatalidade.
Virou um prato cheio para a faminta mídia americana.
Percorreu o circuito de talk
shows na TV e ocupou boas páginas de jornais e revistas. E soube
aproveitar dignamente sua repentina exposição.
Há três semanas, ela voltou a
ser notícia. Anunciou que daria
um tempo no surfe para se dedicar ao snowboard. Quem a conhece garante que em nenhum
momento Hamilton se permitiu
sentir pena dela mesma.
Nas ruas de Oahu, onde mora, é
vista levando uma vida absolutamente normal e sorrindo constantemente.
Em outra cena do filme, o médico da embarcação precisa de socorro e acaba, com a ajuda de um
espelho, fazendo uma auto-operação para extrair uma bala cravada em seu abdome.
A frieza e o instinto de sobrevivência retratados na cena me remeteram a outra história real.
Em abril de 2003, o americano
Aron Ralston, então com 27 anos,
já havia inspirado multidões.
Ralston, alpinista experiente, se
viu em uma situação extrema
quando, ao sair para uma escalada solo nas montanhas de Salt
Lake City, Utah, teve o braço preso por uma rocha de 300 kg.
Sem ter como tira-lo dali, tomou a única decisão que salvaria
a sua vida: puxou uma faca do
bolso e cortou o braço direito fora.
Enquanto esvaía-se em sangue,
teve força para realizar um rapel
e chegar num ponto menos remoto da montanha. O alpinista foi
encontrado, horas depois, praticamente morto.
Passou dois meses no hospital e
saiu dizendo que voltaria a escalar. Em janeiro, Ralston, com
uma prótese, não apenas escalou,
como rapelou, navegou, pedalou
e correu para completar, em Minnesota, sua primeira corrida de
aventura.
Enquanto assistia àquele
"blockbuster", pensei em Ralston
e Bethany. Suas histórias, assim
como um bom filme, inspiram e
comovem, mas são muito melhores porque são próximas e feitas
de carne e osso.
Alpinismo
Ed Viestrus tenta, em abril, conquistar o Annapurna e se tornar o primeiro americano a escalar as 14 montanhas acima de 8.000 m. Ele se
apaixonou pelo esporte lendo "Annapurna", de Maurice Herzog.
X-Games Ásia
Pela primeira vez aberta a não-asiáticos a seletiva foi na Malásia. Sandro Dias, campeão mundial de skate vertical, venceu na modalidade.
Super Surf
O Circuito Brasileiro Profissional tem início na próxima quarta em
Florianópolis. A data coincide com a abertura do Mundial (WCT),
na Gold Coast (Austrália), e fará com que alguns atletas importantes,
como o tricampeão Peterson Rosa, não disputem a prova nacional.
E-mail sarli@trip.com.br
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