São Paulo, segunda-feira, 26 de abril de 2004

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AUTOMOBILISMO

Alemão repete pódio do GP de 1994 e consegue em San Marino a quarta vitória em quatro corridas no ano

Schumacher tem seu melhor início na F-1

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A IMOLA

Dez anos depois, outra atmosfera, quebra de marcas significativas, o mesmo piloto vencedor.
Michael Schumacher ganhou o GP de San Marino, ontem, um dia de homenagens a Ayrton Senna, morto no mesmo circuito de Imola, em 1994. Foi a quarta vitória do ferrarista em quatro etapas do Mundial o que faz de 2004 o melhor início de temporada de sua carreira -ele soma, ainda, três poles e três melhores voltas.
Em 1994 e 2002, o alemão também venceu as quatro primeiras corridas. Da primeira vez, porém, obteve apenas uma pole e três melhores voltas. Dois anos atrás, só duas poles e mais nada.
O segundo foi Jenson Button, da BAR. Nem o inglês nem a equipe haviam chegado tão longe na F-1. Juan Pablo Montoya, da Williams, completou o pódio.
Um pódio festivo, muito diferente daquele de 94, contrito, silencioso, triste, com o mesmo Schumacher no degrau mais alto.
"Todos as vezes que venho aqui me lembro do Roland [Ratzenberger, morto um dia antes de Senna] e do Ayrton", declarou o hexacampeão. "Mas a corrida de hoje [ontem] foi a realização de um sonho. É maravilhoso se despedir de Imola com uma vitória."
Em 2005, a corrida deve deixar a F-1 para a entrada da Turquia.
Foi a sexta vitória do piloto da Ferrari em Imola, igualando o recorde de triunfos de um piloto em um mesmo circuito -dele mesmo (Bélgica, Canadá e França) e de Senna (em Mônaco).
Apesar da mesmice no resultado, a prova foi movimentada.
A começar pela largada. Na pole, Button disparou e segurou a ponta. Segundo no grid, Schumacher enfrentou ataque pesado de Montoya na primeira volta.
Na curva Tosa, um trecho lento, feito em segunda marcha, o colombiano tentou a ultrapassagem por fora. O ferrarista resistiu, eles se tocaram e Montoya foi para a grama. De volta à pista, foi a vez de ele se vingar da família e mandar o outro Schumacher, o companheiro Ralf, para fora.
Com o caminho limpo, o alemão partiu então para o ataque a Button. Volta a volta, começou a descontar a vantagem do inglês, que chegou a 2s771 ao fim da primeira volta. Na quinta, já havia caído a 0s9. Na sétima, para 0s7.
A tática do alemão, um clássico de seus tempos de Benetton, era se aproximar o máximo possível e depois voar na pista entre o pit stop do rival e o seu. Deu certo.
Button entrou nos boxes na nona volta. Na décima, Schumacher cravou a melhor volta do GP, em ritmo de treino -o tempo foi melhor que o de Rubens Barrichello na sessão classificatória e lhe daria o quarto lugar no grid.
Ele repetiu a dose na 11ª e entrou nos boxes. Retornou para a pista 5s020 à frente de Button.
"Foi uma tarde difícil, trabalhosa. O Jenson estava muito rápido no começo. Depois, não sei o que ocorreu, mas ele perdeu ritmo e eu continuei forte", disse.
No segundo pelotão, Ralf teve problemas com Fernando Alonso e com Rubens Barrichello.
Depois de fazer no sábado seu pior treino oficial em oito meses, o brasileiro obteve ontem seu pior resultado no ano: foi sexto.
O fraco desempenho rendeu uma crítica de Ross Brawn, o estrategista da Ferrari. "A corrida de Barrichello foi decepcionante. Ele não conseguiu aquilo que tinha que alcançar", declarou.
No Mundial, o brasileiro está 16 pontos atrás do companheiro. Restam, agora, cinco GPs para descontar essa diferença, chegar à metade do campeonato na frente e ganhar prioridade da Ferrari.
A missão é complicada. É mais fácil Barrichello ser superado por Button na tabela: o inglês, sensação do campeonato, já está apenas um pontos atrás. Com fome.


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