São Paulo, domingo, 26 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O LAR DA FAMÍLIA SCOLARI

Coreanos aprendem a fazer feijoada para agradar aos brasileiros

Vigilância e sabor bem Brasil

ANA LUCIA BUSCH
DIRETORA-EXECUTIVA DA FOLHA ONLINE
CAIO VILELA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando chegar ao hotel Hyundai, em Ulsan, hoje, a seleção brasileira vai encontrar um outro time, cuja única tarefa é fazer gols na cozinha e armar a retranca nos corredores. Há mais de um mês, cerca de 20 funcionários do hotel se preparam com cuidado para tentar entender um pouco de cultura brasileira, fazer arroz soltinho e manter a privacidade dos andares 11 e 12, onde os jogadores e a comissão técnica vão ficar hospedados.
Câmeras na saída dos elevadores e uma cozinha especial atendem às demandas relativamente simples enviadas pelo embaixador brasileiro em Seul, Sérgio Serra: comida brasileira, isolamento e segurança.
Contudo os coreanos também reformaram os salões de almoço e a piscina, para tornar mais confortáveis os dias que os brasileiros vão passar no hotel, o primeiro no qual vão compartilhar com cidadãos comuns durante um período de Copa, em muitos anos.
Para a segurança, além de duas câmeras com um circuito interno funcionando 24 horas nos dois andares, haverá agentes designados pela Fifa e policiais coreanos vigiando os corredores, segundo o gerente Young-tak Jin, que recebeu a Folha no business center do hotel, que agora será de uso exclusivo da seleção brasileira.
O hotel estará lotado durante o período em que a seleção ficará alojada no local, mas a maioria das reservas é para executivos ingleses, provavelmente convidados de empresas para assistir às partidas.
Para os brasileiros, estão reservados 56 quartos duplos, todos com cama king size, fax, telefone, acesso à internet para quem tiver um laptop e televisão com alguns poucos canais em inglês dividindo espaço com uma infinidade de programas em coreano, chinês e japonês. O quarto mais simples custa US$ 198 por dia, segundo a tabela do hotel, perfazendo uma conta que ultrapassa os US$ 10 mil diários.
Os mais caros, com 64 m2 -o dobro dos menores-, têm banheira de hidromassagem e chá incluído, um diferencial importante na visão dos coreanos. Além disso, há duas suítes com 96 m2, quarto, sala, banheiro com jacuzzi, lavabo e uma pequena cozinha.
Para facilitar a comunicação, foram contratados dois funcionários e três estudantes universitários coreanos que falam português. Eles devem se revezar em um balcão especial montado na recepção.
Mas os funcionários pretendem mesmo ganhar o jogo na cozinha. O chef Choi Kyong-il espera contar com a ajuda de dois cozinheiros, que devem acompanhar a seleção. Acostumado a servir kimchi, uma acelga temperada e picante presente em todas as refeições coreanas, ele já está experimentando uma lista de receitas que recebeu do embaixador brasileiro, às quais acrescentou outras que copiou de um documentário feito pela rede de TV americana NBC sobre o Brasil.
Dessa forma, ao cardápio composto por feijoada completa, couve mineira, churrasco, pastéis de carne e ambrosia, que constavam da lista do embaixador, foram acrescentados bife à parmegiana, frango cozido no azeite, nhoque com molho de tomate e filé mignon ao estilo francês, segundo o chef, descritos pela televisão como típicos do Brasil.
As receitas foram traduzidas para o coreano, acompanhadas de uma explicação. "Uma espécie de cozido de feijão, acrescido de parte do porco, como o pé e a língua, que deve ser servido em uma cumbuca que mantenha o cozimento" descreve bem a feijoada.
Depois de prontos, os pratos foram servidos a professores da universidade local convidados a opinar sobre o sabor. O churrasco e a couve mineira dividiram as preferências.


Texto Anterior: Seleção treinará em campo duro
Próximo Texto: No oriente, Japão se fantasia de ocidente
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.