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São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2003

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VÔLEI

Fim de uma era

CIDA SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Não dá pra reclamar: uma estréia na Liga Mundial com duas vitórias sobre a Alemanha é um bom começo para uma seleção ainda com pouco tempo de treino e uma certa falta de ritmo de jogo. O time também ganhou uma mãozinha do adversário. Só no jogo de ontem, foram 31 pontos com erros dos alemães.
Mas o certo é que a seleção deu sinais de que pode ter mais uma grande temporada pela frente.
Por exemplo: ontem, mostrou um ataque poderoso no primeiro e quarto sets. Na partida, foram 45 pontos nesse fundamento. As bolas rápidas de Gustavo e Henrique é que ainda não estão funcionando muito bem.
O que chama a atenção é que o Brasil joga com três ponteiros baixos para o vôlei mundial: Giba (1,90 m), Anderson (1,90 m) e Nalbert (1,95 m). Mas com a habilidade e a velocidade do braço deles, o time tem no ataque o seu maior poder. Giba, por exemplo, mesmo em início de temporada, jogou muito ontem.
A maior novidade na equipe foi a decisão do técnico Bernardinho de colocar Ricardinho como levantador titular. Uma decisão corajosa e justa pelas atuações do jogador no último Mundial e na Superliga. Para quem perdeu as contas, vale lembrar: há 14 anos Maurício era quase intocável.
Está certo que a luta pela posição entre os dois levantadores vai durar toda a temporada. Ambos têm muitas semelhanças: são ousados, talentosos e não aceitam a reserva assim tão fácil, o que é muito bom para a seleção.
Mas só o fato de Maurício já não ser o titular absoluto é sinal do fim de uma era no vôlei.
Desde 1989, fora um breve período sob o comando de Radamés Lattari, a seleção brasileira sempre teve Maurício e mais cinco.
No início de carreira, o próprio Ricardinho jogava com a camisa seis, o número de Maurício. Mas como dizia o locutor esportivo Fiore Gigliote, "o tempo passa".
E no esporte, mais do que em qualquer outra atividade, o tempo não perdoa. Quem era discípulo acaba mesmo disputando a posição com o mestre. No fim dos anos 80, aconteceu o mesmo entre William, até então uma unanimidade em quadra, e Maurício. São os ciclos do esporte e da vida.
Uma das imagens mais tocantes aconteceu no sábado e nem foi dentro da quadra, mas fora. Roberta, a mulher de Maurício, chorando ao ver o marido na reserva no primeiro jogo contra a Alemanha. Novos tempos para um levantador de 35 anos, que certamente vai disputar sua quinta Olimpíada em Atenas, em 2004.
Vale registrar também aqui a decisão de Bernardinho de colocar Maurício em quadra no último set do jogo de sábado, quando o Brasil vencia por 20 a 14. Ele entrou em quadra aplaudido pela torcida. Uma homenagem justa a um dos melhores levantadores da história do vôlei mundial.
Para encerrar, um lembrete: no próximo fim de semana o desafio do Brasil será bem mais complicado. O time vai enfrentar os italianos na casa dos adversários. A Itália, comandada agora por um novo técnico, Gian Paolo Montali, estreou com duas vitórias de 3 sets a 0 sobre Portugal.

Europeu
Já estão definidos os grupos para o Europeu masculino, que acontecerá de 5 a 14 de setembro, na Alemanha. O torneio é classificatório para a Copa do Mundo, que vale três vagas para Atenas. No Grupo A estão Iugoslávia, Rússia, Polônia, Grécia, Holanda e Bulgária. No B, Itália, República Tcheca, Alemanha, Espanha, França e Eslováquia.

O retorno
Júlio Velasco, o técnico que construiu o império italiano no vôlei, está de volta ao comando de um clube. Ele vai dirigir o Piacenza, time da série principal do Campeonato Italiano. A equipe também deverá contar com dois cubanos: Osvaldo Hernandez e Leonel Marshall. Velasco, que no último Campeonato Mundial comandou a República Tcheca, foi bicampeão mundial como técnico da Itália.

E-mail cidasan@uol.com.br


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