|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VÔLEI
Fim de uma era
CIDA SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Não dá pra reclamar: uma
estréia na Liga Mundial
com duas vitórias sobre a Alemanha é um bom começo para uma
seleção ainda com pouco tempo
de treino e uma certa falta de ritmo de jogo. O time também ganhou uma mãozinha do adversário. Só no jogo de ontem, foram 31
pontos com erros dos alemães.
Mas o certo é que a seleção deu
sinais de que pode ter mais uma
grande temporada pela frente.
Por exemplo: ontem, mostrou
um ataque poderoso no primeiro
e quarto sets. Na partida, foram
45 pontos nesse fundamento. As
bolas rápidas de Gustavo e Henrique é que ainda não estão funcionando muito bem.
O que chama a atenção é que o
Brasil joga com três ponteiros baixos para o vôlei mundial: Giba
(1,90 m), Anderson (1,90 m) e Nalbert (1,95 m). Mas com a habilidade e a velocidade do braço deles, o time tem no ataque o seu
maior poder. Giba, por exemplo,
mesmo em início de temporada,
jogou muito ontem.
A maior novidade na equipe foi
a decisão do técnico Bernardinho
de colocar Ricardinho como levantador titular. Uma decisão corajosa e justa pelas atuações do
jogador no último Mundial e na
Superliga. Para quem perdeu as
contas, vale lembrar: há 14 anos
Maurício era quase intocável.
Está certo que a luta pela posição entre os dois levantadores vai
durar toda a temporada. Ambos
têm muitas semelhanças: são ousados, talentosos e não aceitam a
reserva assim tão fácil, o que é
muito bom para a seleção.
Mas só o fato de Maurício já
não ser o titular absoluto é sinal
do fim de uma era no vôlei.
Desde 1989, fora um breve período sob o comando de Radamés
Lattari, a seleção brasileira sempre teve Maurício e mais cinco.
No início de carreira, o próprio
Ricardinho jogava com a camisa
seis, o número de Maurício. Mas
como dizia o locutor esportivo
Fiore Gigliote, "o tempo passa".
E no esporte, mais do que em
qualquer outra atividade, o tempo não perdoa. Quem era discípulo acaba mesmo disputando a posição com o mestre. No fim dos
anos 80, aconteceu o mesmo entre
William, até então uma unanimidade em quadra, e Maurício.
São os ciclos do esporte e da vida.
Uma das imagens mais tocantes aconteceu no sábado e nem foi
dentro da quadra, mas fora. Roberta, a mulher de Maurício, chorando ao ver o marido na reserva
no primeiro jogo contra a Alemanha. Novos tempos para um levantador de 35 anos, que certamente vai disputar sua quinta
Olimpíada em Atenas, em 2004.
Vale registrar também aqui a
decisão de Bernardinho de colocar Maurício em quadra no último set do jogo de sábado, quando
o Brasil vencia por 20 a 14. Ele entrou em quadra aplaudido pela
torcida. Uma homenagem justa a
um dos melhores levantadores da
história do vôlei mundial.
Para encerrar, um lembrete: no
próximo fim de semana o desafio
do Brasil será bem mais complicado. O time vai enfrentar os italianos na casa dos adversários. A
Itália, comandada agora por um
novo técnico, Gian Paolo Montali, estreou com duas vitórias de 3
sets a 0 sobre Portugal.
Europeu
Já estão definidos os grupos para o Europeu masculino, que acontecerá de 5 a 14 de setembro, na Alemanha. O torneio é classificatório
para a Copa do Mundo, que vale três vagas para Atenas. No Grupo A
estão Iugoslávia, Rússia, Polônia, Grécia, Holanda e Bulgária. No B,
Itália, República Tcheca, Alemanha, Espanha, França e Eslováquia.
O retorno
Júlio Velasco, o técnico que construiu o império italiano no vôlei, está de volta ao comando de um clube. Ele vai dirigir o Piacenza, time
da série principal do Campeonato Italiano. A equipe também deverá
contar com dois cubanos: Osvaldo Hernandez e Leonel Marshall.
Velasco, que no último Campeonato Mundial comandou a República Tcheca, foi bicampeão mundial como técnico da Itália.
E-mail cidasan@uol.com.br
Texto Anterior: Saiba mais: Disputada desde 1911, prova teve 63 ganhadores Próximo Texto: Panorâmica - Futebol: Rangers leva título escocês no saldo de gols Índice
|