JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O Vitória conseguiu o que muitos tentaram em vão: acabar com a longa série invicta do Cruzeiro.
Com a derrota dos líderes Cruzeiro e Internacional, diminuiu a distância que os separava dos outros clubes, o que deixa o Brasileiro bem mais emocionante.
A virada um tanto atabalhoada do Santos sobre o Inter na Vila Belmiro apagou em parte sua má atuação no primeiro tempo.
Afobado e faltoso, sem saber valorizar a posse de bola, o time de Leão teve grandes dificuldades contra um colorado bem postado na defesa e rápido nos contra-ataques. Foi, apesar da derrota, uma das melhores partidas do Inter no campeonato.
 
O São Paulo conquistou uma importante e merecida vitória sobre o Grêmio, mas continua dando a impressão de ser um time à deriva, sem direção e sem padrão de jogo. Ontem, no Olímpico, o resultado foi conquistado graças à boa atuação de um punhado de jogadores, em especial Gustavo Nery e Luis Fabiano, e também ao fraco desempenho do Grêmio.
Se quiser continuar somando pontos, o tricolor terá de arrumar logo um treinador que organize o altíssimo potencial técnico da equipe e costure o entrosamento perdido, evitando o atual desperdício de energia e talento.
O caso de Kaká é emblemático. Ainda em busca de ritmo de jogo e enfrentando a hostilidade da parte mais histérica da torcida, o jovem craque tem sua situação agravada ao ser escalado fora de posição, como atacante. Ou seja: o clube está queimando um de seus patrimônios mais preciosos.
Quanto ao Grêmio, a situação é muito mais grave e desconcertante. Embora mantenha praticamente a mesma formação e o mesmo treinador, o time não é nem sombra da equipe compacta de temporadas anteriores, que marcava por pressão e chegava velozmente ao gol adversário.
Ontem, o que se viu no Olímpico foi um time pesado e sem imaginação, que teve praticamente um único bom momento: o belo voleio de Anderson Lima que resultou no gol de honra gaúcho.
Apostando todas as fichas no confronto de quinta-feira, na Colômbia, pela Libertadores, o Grêmio distancia-se cada vez mais dos líderes do Brasileirão e corre o sério risco de passar o segundo semestre longe de qualquer título.
 
Superado o trauma da Libertadores, o Corinthians começa a experimentar o lado bom da situação. Concentrado no Brasileirão, o time conquistou com facilidade a vitória sobre o Juventude, conseguiu subir na tabela e tem tudo para brigar nas próximas rodadas pelas "terceiras" colocações, já que Internacional e Cruzeiro continuam distantes.
Pelo elenco de que dispõe, cuja base se mantém há várias temporadas, pelo bom treinador, pela tradição, pela força da torcida e até pelo mau momento de alguns de seus mais fortes rivais, o Corinthians é um dos grandes candidatos ao título deste ano.

Nova era do rádio
Com a segunda goleada seguida -desta vez sobre o Caxias-, o Palmeiras finalmente ganha embalo na Série B. O sangue novo trazido pelos jovens valores parece estar sendo decisivo. Digo "parece" porque, graças a nossos dirigentes esportivos e televisivos, não consegui ver ainda nenhuma partida inteira do alviverde no torneio. O negócio, então, é confiar no rádio.

O craque ausente
A ausência de Alex foi fatal para o Cruzeiro. Embora o forte do time seja o jogo coletivo, o craque ausente costuma ser o ponto de articulação entre o meio e o ataque. Sem ele, a bola fica menos redonda. Mas o goleiro Gomes também não precisava ajudar, sofrendo um dos frangos mais espetaculares do ano.

E-mail jgcouto@uol.com.br


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