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FUTEBOL
Esquema da moda
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
A moda é falar das duas linhas de quatro, como símbolo de uma ótima marcação. Com
freqüência, Parreira diz que o
ataque da seleção não fez gols
porque o outro time tinha oito jogadores atrás da linha da bola
(duas linhas de quatro).
O Boca, jogando dessa forma,
ganhou duas vezes do Santos pela
Libertadores do ano passado e
neste ano anulou o ataque do São
Caetano, no empate em 0 a 0. Ontem, os dois times fariam a segunda partida, na Argentina.
Este tipo de marcação não é novidade e nem sempre é eficiente.
Para funcionar bem, defensivamente, as duas linhas de quatro
precisam ficar recuadas e sem espaço entre elas. Os meias de ligação não recebem a bola entre os
zagueiros e volantes, os dois laterais são marcados pelos armadores que atuam pelos lados e não
há espaços para os lançamentos
longos atrás dos zagueiros. Uma
das maneiras de vencer esta marcação é pressionar e tomar a bola
no campo do adversário, quando
a defesa estiver desorganizada.
Outra, são os chutes de fora da
área. Mas a melhor forma de furar esta retranca são os dribles.
Por outro lado, o time que tem
oito jogadores recuados deixa os
dois atacantes isolados para o
contra-ataque. Esses precisam ser
rápidos e habilidosos. No empate
no ABC ente Boca e São Caetano
nada aconteceu, já que o Boca ficava muito atrás e o São Caetano
tinha sempre um zagueiro na cobertura. Foi um jogo horrível.
Nem sempre as duas linhas de
quatro são eficientes. Se elas
avançam juntas, sobram espaços
nas costas dos zagueiros, que ficam em linha. Os espanhóis atuavam assim. Romário e Ronaldo,
principalmente quando esse jogava no Barcelona, fizeram muitos
gols recebendo lançamentos longos atrás dos defensores.
Se os quatro armadores marcam mais na frente e os quatro
defensores ficam muito atrás, fica
um grande espaço entre as duas
linhas para os meias de ligação
receberem a bola, como aconteceu com a França contra o Brasil.
No Brasil, só os times pequenos
jogam com duas linhas de quatro,
contra os grandes. Quase todos os
times e a seleção atuam com três
no meio e um meia na ligação
com os dois atacantes. Esse é um
bom esquema, mas os times precisam se libertar da presença desses
meias. Há poucos talentosos e
existem outras maneiras de se organizar uma equipe.
Estilo guerreiro
Será uma grande zebra se o São
Paulo não se classificar para a semifinal da Libertadores. O time
tem três gols de vantagem e é bem
melhor do que o Deportivo Táchira, da Venezuela. Além disso, um
dos pontos fortes do São Paulo
tem sido a marcação. Os dois zagueiros estão bem e só o Luis Fabiano não volta para marcar.
O São Paulo possui também um
bom contra-ataque, com os velozes e eficientes laterais (Gustavo
Nery e Cicinho) e o artilheiro Luis
Fabiano. O time é muito aguerrido, mas não encanta. Falta talento no meio-campo.
A grande dúvida sobre a qualidade do São Paulo é o fato de a
equipe não ter feito uma única
grande exibição e nem vencido
um forte adversário, neste ano.
No Paulista, após vencer fracos
times e ficar nove jogos invicta, a
equipe foi eliminada pelo São
Caetano. No Brasileirão e na Libertadores, o São Paulo ainda
não ganhou de nenhum dos principais candidatos ao título.
Os torcedores do São Paulo confiam muito mais no estilo guerreiro da equipe atual do que no futebol vistoso e de habilidade dos times anteriores, que perderam vários jogos decisivos. O ideal é ter
as duas qualidades.
Fácil treino
No primeiro tempo do treino
contra a Catalunha, um rival desentrosado e muito fraco, o Brasil
fez dois gols com Ronaldo entrando livre, em velocidade. Assim ele
faz a maioria de seus gols.
Edmílson deu dois ótimos passes longos, como no segundo gol
do Ronaldo. Tomara que ele continue assim por um longo tempo,
contra boas equipes e seja o volante que falta ao Brasil. Serei o
primeiro a reconhecer, mas ainda
é muito cedo. Sou livre para elogiar, criticar e mudar de opinião.
No segundo tempo, o Brasil mudou quase todo o time e o treino
continuou fácil. Júlio Baptista fez
dois gols (um golaço). Mas não dá
para analisar jogadores somente
por esse amistoso e nem dizer que
o Ronaldo já está em forma.
Estou otimista para o jogo contra a Argentina, não por causa
desta goleada por 5 a 2, e sim pelo
empate em 0 a 0 contra a França.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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